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no acumulado do ano (-R$ 14,4 bilhões), em função   tentabilidade da dívida pública no médio e longo prazo.
            do ainda fraco ritmo de atividade e ausência de recei-  Vale  destacar  que  plano  de  recuperação  fiscal
            ta extraordinária (janeiro de 2016 contou com R$ 11,6   dos Estados, aprovado recentemente, é bastante po-
            bilhões de bônus de outorga de concessão de usinas   sitivo e deverá ser adotado o mesmo modelo para os
            hidrelétricas). Já as despesas também apresentaram   estados em dificuldades graves (RJ, RS e MG). A apro-
            forte redução interanual de 4,3% (R$ 17,4 bilhões), con-  vação do aumento da contribuição previdenciária dos
            centradas em despesas discricionárias. Não obstante,   servidores do RJ de 11% para 14% é também uma me-
            as despesas obrigatórias, principalmente previdência,   dida  de  suma  importância.  As  demais  contrapartidas
            seguem aumentando consideravelmente. Enquanto as   são essenciais para o equacionamento sustentável da
            receitas não crescerem acima do crescimento da des-  grave situação fiscal dos estados. Os estados do Rio
            pesa, a dinâmica do resultado primário não irá melhorar.   Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais são os
            Assim, o Resultado Primário do Governo Central nos   mais evidentes em dificuldades de honrar pagamentos,
            últimos 12 meses registrou déficit de R$ 151,7 bilhões,   mas certamente não são casos isolados. A situação fis-
            maior  que  a  meta  de  déficit  de  R$  139  bilhões  para   cal dos Estados é tão ou mais grave que a evidenciada
            2017, justificando a necessidade do contingenciamento   pelo Governo Federal e causada principalmente pelas
            de despesas e retirada de desonerações ineficientes.  despesas de pessoal e previdência local. Qualquer
                                                            ajuste digno deste nome precisa focar nesses pontos.
















                  A maior pressão para o crescimento das despe-
            sas nos últimos 12 meses adveio dos benefícios previ-  A despesa com juros nominais atingiu R$ 28,3
            denciários, que registraram crescimento real de 7,4%   bilhões em abril, ante despesa de R$ 23,3 bilhões no
            (R$ 36,5 bilhões), mesmo com um aumento real zero do   mesmo período de 2016. Tal resultado foi influenciado
            salário mínimo neste e no último ano, sendo que essa   pelo resultado negativo nas operações de swap (R$ 431
            rubrica representa 42,1% do orçamento federal. O défi-  milhões em abr/17 - e acumulando ganhos de R$ 31,5
            cit da previdência (RGPS) vem crescendo rapidamente   bilhões nos últimos 12 meses).
            e atingiu recordes R$ 166,7 bilhões nos últimos 12 me-  Nos últimos 12 meses, os juros nominais tota-
            ses, ante R$ 95,7 bilhões em 2015 e R$ 69,1 bilhões em   lizaram R$ 437,1 bilhões (6,89% do PIB), ante o pico
            2014 (termos reais), o que torna a reforma da previdên-  de 9,1% do PIB no começo de 2016, demonstrando que
            cia uma matéria urgente (até porque os efeitos de uma   o pior já ficou para trás, mas que ainda haverá um longo
            eventual reforma demorarão, ainda, a se fazer sentir -   caminho até o retorno à “normalidade”. Nos próximos
            devido ao período de transição). As diversas alterações   trimestres, a redução da Selic e os índices de inflação em
            na proposta original de reforma da previdência foram   menor patamar devem impactar positivamente as des-
            um pouco além do esperado, mas a aprovação do atual   pesas com juros, enquanto a posição de swaps cambiais
            projeto ainda será um importante avanço. A atual crise   do BCB deverá aumentar a despesa com juros caso o
            política deverá, no mínimo, atrasar o cronograma da re-  câmbio siga tendência de depreciação.
            forma da previdência, que é indispensável para a sus-  Com  o  resultado  primário  do  mês  somado  ao



                                                                                       Junho e Julho de 2017  19
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