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DEBATE ECONÔMICO








            desempenho da conta de juros, o resultado nominal re-  gindo para taxas de mercado, reduzirá a política pa-
            gistrou déficit de R$ 15,4 bilhões em abril ante um défi-  rafiscal e será fundamental para a redução da enorme
            cit de R$ 13,2 bilhões em abr/16. Nos últimos 12 me-  conta de subsídios.
            ses, o déficit nominal registrou expressivos R$ 582   A dinâmica  da trajetória  da dívida  bruta é a
            bilhões (9,18% do PIB). Um forte crescimento frente à   principal  variável  de  sustentabilidade  fiscal  de  longo
            média do déficit nominal de 2,8% do PIB entre 2004 a   prazo, e o novo regime fiscal ainda em fase de aprova-
            2013, com impactos bastante negativos na elevação da   ção e implantação irá estabilizar essa relação no mé-
            dívida bruta. A tendência para este ano (e os próximos)   dio prazo, caso obtenha sucesso. Nas últimas leituras,
            está muito longe dos patamares prudentes, sendo in-  esse indicador ultrapassou pela primeira vez na série
            suficiente para garantir uma trajetória de estabilidade e   histórica o patamar psicológico de 70% do PIB e ruma
            solvência da dívida pública.                    rapidamente para 80% do PIB. A dívida bruta segue
                  A  dívida  líquida  do  setor  público  atingiu R$   em patamares desconfortáveis e elevados quando
            3,025 trilhões (47,7% do PIB), com elevação de 8,77   comparado internacionalmente com países emergen-
            pp. do PIB em relação a abr/16. No ano, a relação   tes ou com rating similar e uma das mais importantes
            DLSP/PIB aumentou em 1,5 p.p. do PIB.           variáveis a determinar o grau de investimento, perdido
                                                            em 2015.
















                  Resultado final de toda essa indisciplina fiscal
            dos últimos anos,  a Dívida Bruta do Governo Geral
            (Governo Federal, INSS, governos estaduais e muni-
            cipais) não esconde a deterioração e segue aumen-
            tando, tendo alcançado recordes R$ 4,548 trilhões
            (71,7% do PIB) em abril. Encontra-se no maior pata-
            mar da série histórica e com aumento de 5,0 p.p. do
            PIB em relação ao mesmo período do ano passado.
            Em relação a dez/11 (patamar mínimo recente), hou-
            ve expressivo aumento de 20,40 p.p. do PIB. No final
            do ano, foi realizada uma operação de antecipação de
            pagamento de empréstimos do BNDES ao Tesouro no
                                                            PERSPECTIVAS
            montante de R$ 100 bilhões (18,7% do passivo de R$
            532 bilhões do BNDES ao Tesouro), que foram utiliza-  De acordo com o economista Luis Paulo Ro-
            dos exclusivamente para o abatimento de dívida, re-  senberg, “a agenda fiscal iniciou-se com a aprovação
            duzindo-a em aproximadamente 1,6 p.p. do PIB, além   da PEC do teto de gastos, e agora encontra-se na
            da redução permanente do subsídio implícito nessas   proposta de reforma da previdência. Ainda que tenha
            operações. Essa operação é bastante positiva e que,   perdido um pouco o brilho com as modificações até
            em conjunto com as novas regras para a TJLP conver-  aqui, sua aprovação ainda será um importante avan-



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