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melhor resultado para meses de março (termos reais) dificultar uma recuperação do PIB, prejudicando as re-
desde 2014. Sazonalmente, abril é um mês de forte re- ceitas; e uma maior fragilidade política tende a resultar
sultado primário e a média mensal para este mês nos em uma maior pressão de gastos.
últimos treze anos é de um superávit ao redor de R$
20 bilhões (termos reais). O resultado de abril do ano
passado foi um superávit de R$ 10,2 bilhões (termos
reais). Essa variação decorre da redução de R$ 2,2 bi-
lhões (-2,2%) na despesa total em relação a abril do
ano passado, conjuntamente pelo leve aumento de R$
154 milhões (+0,1%) da receita líquida no mesmo perío-
do. Em suma, a execução fiscal do acumulado de 2017
segue evidenciando uma situação grave, acumulando
déficit primário de R$ 5,6 bilhões, porém com despesas
sob controle e em linha com o teto de gastos.
A despesa com benefícios previdenciários, que
representa 42,1% das despesas totais dos últimos 12
meses, cresceu 5,5% (R$ 8,8 bilhões) em termos reais
no ano, mesmo com um aumento real zero do salário
mínimo neste ano e no último, configurando-se a maior
fonte de pressão do lado do gasto. O déficit da pre-
vidência (RGPS) no acumulado dos últimos 12 meses
soma expressivos e recordes R$ 166,7 bilhões, escan-
carando a necessidade de uma urgente reforma da pre-
vidência.
A raiz do problema fiscal é estrutural e para isso
é fundamental o avanço da agenda de reformas que se
iniciou com a aprovação da PEC do teto dos gastos e
agora torna-se crucial a reforma da previdência. A atual
crise política deverá, no mínimo, atrasar o cronograma
da reforma da previdência, que é indispensável para a
sustentabilidade da dívida pública no médio e longo
prazo. Uma solução rápida e organizada da crise políti-
ca, que mantenha a atual política econômica e avance
com a agenda de reformas é fundamental para o país.
Nos últimos 12 meses, o resultado primário acu-
mula um resultado negativo de R$ 151,7 bilhões (-2,39%
do PIB), ainda abaixo da meta de -R$ 139 bilhões para
o Governo Central em 2017. O governo anunciou em
março um expressivo contingenciamento de despesas
de R$ 42,1 bilhões, a reversão parcial da desoneração
da folha de pagamentos (com expectativa de receita de
R$ 4,8 bilhões em 2017), e conta com diversas recei-
tas extraordinárias. As medidas reforçam a perspectiva
de cumprimento da meta fiscal estabelecida. Porém, a
crise política é um risco ao cumprimento da meta por
Junho e Julho de 2017 17