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em  patamar  historicamente elevado  e  tem  se  mos-  em termos reais, na comparação do saldo total de
            trado resiliente, o que demonstra apetite externo por   crédito em dez/16 com dez/15. A contração deve-se
            investimentos no Brasil, apesar das crises econômica   tanto ao desempenho do crédito com recursos livres
            e política.                                     (-11,5%) quanto direcionados (-8,8%).
                  A entrada de Investimento direto no país (IDP)   Em  porcentagem  do  PIB,  o  crédito  atingiu
            em 2016 é a maior desde 2014 e mais do que sufi-  49,3%, o menor valor desde nov/12. A maior derro-
            ciente para financiar o déficit em transações corren-  cada ocorreu no crédito a Pessoas Jurídicas que atin-
            tes. O IDP segue em patamar historicamente elevado   giu 24,6%, menor valor desde out/11. Em relação às
            e  demonstra  apetite  externo  por  investimentos  no   Pessoas Físicas, atingiu 24,7%, menor valor desde
            Brasil, apesar da crise.                        nov/14. A queda do crédito direcionado a Pessoas
                  As reservas internacionais totalizaram US$   Jurídicas, com redução do balanço do BNDES, foi es-
            372,2 bilhões no conceito liquidez em dezembro, au-  pecialmente importante para a contração do crédito a
            mento de US$ 3,482 bilhões em relação ao ano an-  PJ (retração de 2,1 pp em um ano).
            terior. Em 2016, retornaram liquidamente ao Banco    De acordo com o Banco Central do Brasil, em
            Central US$ 5,1 bilhões em operações de linhas com   2016 a taxa de juros média anual incidente nas ope-
            recompra, a receita de juros que remunera a cartei-  rações  de  crédito  e  financiamentos  praticada  pelas
            ra de reservas atingiu US$ 3,0 bilhões, as variações   instituições financeiras no país foi de 32,8% ao ano
            por preço contribuíram para elevação do estoque em   – representando um spread bancário de 23,8 pon-
            US$ 429 milhões, enquanto aquelas por paridade aju-  tos percentuais. A inadimplência média nacional das
            daram a reduzir as reservas em US$ 1,3 bilhão.  operações de crédito foi de 3,7% (3,5% nas Pessoas
                  A posição da dívida externa bruta estimada ao   Jurídicas e 4,0% nas Pessoas Físicas.
            final de 2016 totalizou US$ 319,75 bilhões, redução   Apesar dos dados consolidados do ano que
            expressiva de US$ 15 bilhões em relação ao mon-  passou, a sinalização para 2017 é mais alentadora.
            tante de 2015. A dívida externa estimada de longo   Já se começa a perceber quedas menores das con-
            prazo atingiu US$ 265,4 bilhões, redução de US$ 6,9   cessões e taxas de juros menores – com poucos re-
            bilhões, enquanto o endividamento de curto prazo   flexos,  apesar  das  quedas  da  taxa  Selic  terem  co-
            somou US$ 54,4 bilhões, aumento de US$ 3,3 bilhões   meçado a aparecer de maneira mais intensa. Com a
            no mesmo período.                               continuidade do ciclo de queda da taxa de juros bási-
                  Nota-se que a dívida externa é inferior ao es-  ca, espera-se que o mercado de crédito deverá mos-
            toque de reservas, tornando o país credor externo   trar resultados positivos ao longo de 2017, mesmo
            em US$ 52,4 bilhões em dezembro, contra US$ 33,99   que ainda modestos. A recuperação do crédito de-
            bilhões em 2015 (não considerando os saldos dos   verá auxiliar na recuperação da atividade econômica,
            créditos brasileiros no exterior e haveres de bancos   como indicam o gráfico aqui a seguir apresentado.
            comerciais. Além disso, a dívida de curto prazo é re-
            lativamente pequena, importante fator em momentos
            de crise e volatilidade. Tais características são positi-
            vas, indicando que a dívida externa é administrável e
            evitam um stress ainda maior em momentos de forte
            aversão ao risco.


            CRÉDITO BANCÁRIO RETRAIU 10,1% EM 2016
                  Pode-se afirmar que o crédito bancário conce-
            dido no Brasil está estatizado, pois 56,06% do total
            origina-se de instituições financeiras.
                  O crédito bancário no Brasil encolheu 10,1%



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