Page 22 - Mercado Comum 267
P. 22

A ECONOMIA COM TODAS AS LETRAS E NÚMEROS








            SEM CRESCIMENTO VIGOROSO AS INCERTEZAS SERÃO    do desenvolvimento que a Nação requer abraçar.
            INÚMERAS E O FUTURO, INCERTO                         O desenvolvimento é o único caminho, a nova
                   Não basta nem é suficiente apenas a estabilização   bandeira, a saída para a perspectiva perdida, desanima-
            de preços e existem inúmeros exemplos nesse sentido,   da e desesperançada. E, nesse sentido, uma constituinte
            como o de Portugal, durante o período do governo de An-  revisionista exclusiva alicerçaria a direção para as novas
            tônio Oliveira Salazar, de julho de 1932 a setembro de 1968.  bases da prosperidade nacional.
                  Volto a insistir em três pontos que considero essen-  O modelo, até aqui e presentemente insistido, está
            ciais:                                          esgotado. Quando o denominador é baixo, todo numera-
                  1 - A instabilidade e a crise brasileira têm levado a   dor costuma ser alto. Quando as receitas são baixas, todas
            política econômica a uma postura eminentemente imedia-  despesas costumam ser elevadas. Arthur Laffer – (Curva de
            tista, onde a busca da estabilização ofusca todos os pro-  Laffer (comprovou que quanto mais elevada a carga tribu-
            blemas de médio e longo prazos. A obsessão pelas ques-  tária, menor será a receita tributária e, há muito, já ultrapas-
            tões conjunturais retira da economia qualquer referencial,   samos os limites do bom-senso em relação à “des-carga”
            qualquer norte. A maior parte da energia social esgota-se   tributária praticada no país. É a cobra devorando a própria
            na persecução do equilíbrio das contas públicas e da redu-  cauda, é o remédio sendo usado como veneno e que, ao
            ção dos índices da inflação.                    invés de curar, simplesmente mata o paciente.
                  2 - Só o crescimento torna plástica a economia,   O foco precisa ser redirecionado para o âmbito
            criando condições para que as ações conscientes e delibe-  das receitas e isto significa, enfim,  retomar o crescimento
            radas do Governo e da Sociedade possam atuar no rumo   econômico, com a ampliação real do PIB-Produto Interno
            da atenuação dos problemas sociais e da desconcentra-  Bruto do País.
            ção da renda de um lado, e da modernização do aparelho   O crescimento econômico vigoroso, contínuo,
            produtivo, de outro. A estagnação da economia enrijece-a,   consistente e sustentável deve urgentemente ser coloca-
            afastando a possibilidade de modificações em sua estrutu-  do como a meta primeira e prioritária do Brasil.
            ra e em seu conteúdo.                                Transformar o Brasil em Nação Desenvolvida - esta
                  3 - Desenvolver ações de cunho compensatório e   deve ser a nossa bandeira e visão de futuro, uma decisão
            assistencialista atenua, momentaneamente as carências   imediata e inadiável por mais tempo. Se não as iniciarmos
            mais imediatas, mas não resolve de maneira definitiva os   já nos restará, tão-somente, o consolo do atraso e com o
            problemas sociais. Há que se conceber uma política de   qual também chegará, inevitavelmente, a desordem insti-
            estado de redistribuição efetiva de renda permanente, aco-  tucional atrelada a ameaças à nossa democracia.
            plada ao crescimento consistente, contínuo, vigoroso e   Não podemos aceitar que o Brasil seja condenado
            sustentável da economia.                        ao atraso e subdesenvolvimento.
                  Sem crescimento econômico as esperanças se
            perdem e o futuro, torna-se absolutamente incerto.
                  Conforme já mencionado, já há mais de três déca-
            das contínuas as nossas políticas econômicas se restrin-
            gem quase basicamente à busca permanente e obsessiva
            pela estabilização de preços e cujos ingredientes essen-
            ciais têm resultado numa brutal carga tributária, exorbitante
            taxa real de juro básico e baixos níveis de investimentos. De
            outro lado, as despesas públicas se exponenciam, gerando
            déficits e mais déficits, o que resulta no aumento da dívida
            pública. Nesse sentido, não seria adequada a propugnação
            apenas de uma reforma, é preciso empreender uma verda-
            deira revolução tributária, além de outras, para o encontro



             22                Abril a Maio de 2017
   17   18   19   20   21   22   23   24   25   26   27