Arthur Lopes Filho | Engenheiro, Empresário, Ex-presidente da ACMinas
Aprendi a verdade incontestável de que a cada direito corresponde o nosso dever para com ele. Nosso direito de dizer o que pensamos corresponde ao dever de defender que todos tenham o mesmo direito. Por sim-ples paradigma, o nosso direito de votar, correspondente ao dever de comparecer às urnas para escolher aqueles que devam dirigir o país. É balela querer que o voto seja facultativo, é fugir ao dever que corresponde ao direito. É omissão pura e impatriótica.
É permitir que um ou dois Partidos Políticos, principalmente aqueles que têm em seus quadros fieis partidários, sempre tenham o domínio da direção do Brasil. É continuar permitindo que um ou dois Partidos que seus dirigentes têm, seja de que origem for, poder econômico para induzir pobres eleitores a neles votarem, possam ter o domínio da direção do país. Hoje há o risco de a maioria, se for facultativo o voto, preferir ir se bronzear na praia, preferir permanecer em casa, ou venha a ter outra preferência em vez de cumprir o dever que corresponde ao direito de votar.
A maioria que vai preferir se omitir por não ter tido ainda dentro de cada um, a percepção da importância do seu voto para o presente e o futuro do nosso Brasil. Somente pela obrigação virá o fundamental aprendizado de que pelo direito do voto e o dever de votar, vai-se minimizar a necessidade de “Ações Lava-Jatos” para punir a corrupção. Quanto tempo vai demorar? Não sei, mas se não houver o aprendizado nunca vai chegar: Devemos sempre estar ensandecidos de esperança de que haverá honestidade nos políticos eleitos pelo povo.
O povo (eu, você que está tendo conhecimento deste texto, aquele outro que talvez nem pense no assunto) somente vai aprender pelo fundamental aprendizado de que o direito do voto traz o dever de votar com consciência pelo bem-estar de todos os brasileiros.
Em erro histórico, irreparável para a consolidação do aprimoramento do aprendizado político do povo, o Regime Militar extinguiu os partidos políticos que vinham se aprimorando desde o advento da Constituinte de 1946. E eles foram lançados pelo “ralo do esgoto”, não para que o povo brasileiro viesse a ter melhor consciência da importância do voto. O desejo subalterno foi para evitar que JK, o maior de todos os presidentes da nossa República, e outros destacados e honrados políticos, recuperassem o comando da nação, a partir da liberdade que seria restaurada.
E quando restaurada a democracia, foram criados novos Partidos Políticos. O PT nasceu com o idealismo de se aumentar a participação de mais brasileiros nas rendas e riquezas brasileiras. Lastimo que seu ideário foi deteriorado por dirigentes do Partido que confundiram a participação do povo com a sua participação pessoal através de suborno e propinas. Tornaram-se saqueadores das riquezas nacionais. Mas creio que ainda há um número expressivo entre seus partidários, que são idealistas capazes de fazer ressurgir o ideário do nascedouro do PT e eles devem ser respeitados. Ninguém pode negar o formidável valor das músicas de Chico Buarque somente por ter ele se mantido petista. Respeito o direito do Chico de pensar e o direito de dizer o que pensa.
Quando da extinção dos partidos foi criado o MDB como oposição ao Regime Militar, por políticos notáveis como Ulisses Guimarães. Hoje transmudado em pobre PMBD, não honra o princípio de sua criação. Mas creio que em seus quadros ainda existam notáveis que podem recuperar o ideário de sua criação de defender a democracia e assegurar o bem-estar do nosso povo. Por tudo continuo a favor de o voto ser obrigatório. Sempre cumpro meu dever de vota.
Também é meu o dever de me impedir de ser levado pela tentação ao lembrar de um velho professor que, na prova oral, disse ao aluno que ele ainda tinha mais 9 minutos para continuar falando. Era o direito dele pelo regulamento. Mas ele, professor, que respeitava o direito do aluno, informava que já havia lhe dado ZERO.
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