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José Maria Couto Moreira

Um turismo de resultados, que rende divisas irrenunciáveis ao país, exige infraestrutura rodoferroviária, aeroportuária e de serviço.

 

Quem viaja ao exterior, principalmente à Europa, retorna com um sentimento de grande frustração. Não propriamente pela viagem, que é uma sucessão de encantamentos pelas surpresas que nos causa, de valorização concreta da história de cada país representada em monumentos majestosos que não apenas recontam o passado, mas ensinam o visitante a respeitá-lo como ordem de vida. E todos eles, sejam em que localidades se encontrem, são alcançados confortavelmente por uma infraestrutura aeroportuária, rodoferroviária e de serviços que primam pelos resultados. O saldo de uma expedição ao Velho Continente é tão valioso que o viajante regressa com o propósito firme de lá voltar seduzido pelas maravilhas que lhe foram proporcionadas, pelas emoções que experimentaram, pelas descobertas que se incorporaram a seu espírito.

Uma enorme sensação de perda, porém, o assalta, e dela não se separa em vista da ineficiência de nossa falsa estratégia de atrair visitantes para a instalação de uma poderosa “indústria sem fumaça”, como reconhece o jargão. Nossa política nacional de turismo não se exerce como mandam outros figurinos, conhecidos particularmente na Europa e EUA. O Brasil encontra-se naquele círculo vicioso de não preparar-se porque a conta de turismo no país não é significativa, e como é baixa, não nos esforçamos para a instalação de uma infra-estrutura necessária. Vale dizer que estamos realizando um turismo às avessas. O Brasil tem história curta, é verdade, pois quinhentos anos diante de civilizações milenares não contam a nosso favor. Porém, é protagonista de episódios que carecem ser valorizados para nos aproximarmos do excesso de ufania que proclamam europeus, asiáticos e africanos, que deslumbram os que desembarcam naquelas terras, algumas com impressões de mistérios que fustigam nossa curiosidade.

Então, a episódica colonização dos franceses no norte, a presença dos holandeses no nordeste, a memorável Inconfidência Mineira de par com a tortuosa, rica e austera Ouro Preto que lhe serviu de cenário, a também barroca São João Del’Rey com a história cívica que com ela se comunica, assim como a vizinha Tiradentes, o circuito do ouro em Minas, tal qual melhor ilustrava o escritor Miguel Torga quando se referia a Sabará, Mariana, Ouro Preto como “aquelas irmãs desusadas”, as águas minerais encontradas nas estâncias que tiveram seu apogeu na época do jogo, agora procuradas pelas suas propriedades minerais, e, visitando a Bahia esta lá, também para o conhecimento de todos, sua capital, suas festas e sua crônica folclórica assim como a triste lembrança de Canudos, entre outras recordações de excepcional valor cívico e histórico espalhadas por todo o Brasil, não são capazes de comover um estrangeiro diante de um guia que saiba narrar como eles o sabem? As riquezas outras deste país que aplaudem os que as conhecem, como a bela e intrigante Amazônia, toda ela, o Pantanal Matogrossense, todo o nosso litoral ornado pelo Atlântico, que nos concedeu praias e recantos que nos maravilha, as belezas do Rio, com as pedras que o caracterizam em fundo azul, a verticalíssima e febril pauliceia.

Outros privilégios da natureza, como as cataratas do Iguaçu, com seus véus de formosura espumante, a história admirável do Rio Grande do Sul e o sítio arqueológico de São Miguel das Missões e um sem número de outros locais e acontecimentos a eles ligados só contribuem para que nosso país se levante desta letargia revoltante e estabeleça um plano nacional de turismo que inclua investimentos indispensáveis para que possamos ostentar condição ímpar de destino turístico. Não se justifica propaganda midiática no exterior se não possuímos condições que satisfaçam a procura.

De par com um planejamento para receber estrangeiros, é importante a fundação de uma escola de guias, talvez em grau superior, especializada em formar profissionais que acompanhem o visitante, em cujo currículo estaria presente o estudo da história do Brasil, a história dos respectivos estados, elementos de geografia junto ao ensino de línguas, especialmente o inglês, o espanhol, o francês e o italiano.

Turismo interno é interesse somente de cada estado, que, porém, não pode eximir-se de um esforço para também aparelhar-se para receber o mundo.

O propósito da alavancagem do turismo internacional é que resulta, primeiramente, na internacionalização do país para expô-lo à rota do turismo obrigatório e na tão propalada geração de empregos, seguida do inevitável e sempre cobiçado ingresso constante de divisas. Se o governo estivesse aliado às estatísticas que ele mesmo produz, perceberia o impacto das receitas desta rubrica caso se entregue a um planejamento adequado.

Em resumo: a exploração da atividade turística internacional, se fosse levada a sério nesse país, poderia representar algo como nossa principal fonte de recursos. É a salvação da lavoura.

 

 

 

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