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Por: Kiko Ferreira

Som e imagem

Alguns eventos culturais ajudam a melhorar a fé no consumidor de cultura. Um deles foi o Festival Musimagem, que aconteceu entre os dias 7 e 9 de agosto no CCBB, na Praça da Liberdade. Criado e produzido pelo músico Marcos Souza, com curadoria dele e Tim Rescala, o festival reuniu, durante três dias, alguns dos principais compositores de trilhas sonoras do país para uma série de oficinas, debates e palestras. E com um convidado especial, o compositor espanhol Luis Ivars. Mas o mais a animador foi ver o teatro lotado, durante os três dias, com público atento e interessado em ouvir música instrumental brasileira feita para cinema, videogame, televisão e comerciais.

Alto nível

Na sexta, dia 7, subiram ao palco os próprios compositores: Tim Rescala, Marcos Souza, João Paulo Mendonça, Mário da Silva, Rafael Langoni, Felipe Radicetti, Victor Pozas e Alberto Rozemblit. No sábado e domingo, a afiada Orquestra Ouro Preto interpretou temas de filmes como Central do Brasil e 3 Irmãos de Sangue, entre os brasileiros, e Psicose, Cinema Paradiso e O Carteiro e o Poeta. No final do domingo, Marcos Souza confessou que pretende manter Belo Horizonte como sede do projeto e antecipou a segunda edição para agosto de 2016.

Trilhas de novelas

Aproveitando o assunto, algumas curiosidades sobre o tema. Saídos do ambiente do rádio e adaptadas para a televisão, a telenovela, produtor televisivo brasileiro por excelência, começou com duas horas diárias de produção em 1963 e chegou 22 horas/dia em 1977. Em 1963, a produção total era de três novelas por ano. Em 1969 já eram 24 por ano. A duração, que variava entre trinta a 596 capítulos, começou a ganhar padrão a partir dos anos 1970, quando entrou em cena o chamado padrão Globo de qualidade, com a TV Globo se inspirando nos padrões de redes americanas, como a ABC e NBC.

Discoteca básica

No início, as trilhas de novelas eram tiradas de discos clássicos e instrumentais. Aos poucos foram surgindo temas exclusivos para as novelas. A primeira trilha comercializada foi em 1965. Só em 1968 surgiu o primeiro LP, de Antônio Maria, com canções portuguesas interpretadas pelo grupo do flautista Altamiro Carrilho e poemas lidos pelo protagonista, Sérgio Cardoso. Também era comum os atores cantando os temas, como em Nino, O Italianinho, que tinha, por exemplo, o hoje diretor Dênis Carvalho cantando a versão brasileira de The Impossible Dream, Sonho Impossível. A primeira novela a mesclar temas populares de sucesso com músicas ligadas aos personagens foi Beto Rockfeller.


Em 1969, André Midani e Nelson Motta conseguiram que o cast da gravadora Philips (depois Phonogram, Polygram e Universal) compusessem temas exclusivos para novelas, começando com Véu de Noiva. E pouca gente sabe que Gente Humilde (Chico Buarque/ Vinícius de Moraes) e Irene (Caetano Veloso) foram feitas para trilhas de novelas.
 

Alberto Rozemblit

Ainda sobre o assunto trilhas sonoras, foi ótima a palestra do músico Alberto Rozemblit, um dos principais compositores de trilhas das novelas e minisséries globais. Ele contou casos, falou de métodos e intenções e mostrou alguns belos temas, principalmente os feitos para a minissérie JK.


Defendendo a TV como arte popular, ele confessa que pensa, quando compõe, na costureira que, enquanto trabalha, só ouve, e não vê, a novela. E que boa parte da dramaturgia se baseia em tristeza, romance, alegria e tensão. E são estes os pilares das trilhas, que chegam a ter quase 60 temas diferentes em cada novela. Bem-humorado, não deixou de repetir duas máximas do ramo.


A de que o cinema é a arte do diretor, o teatro é a arte do ator e a televisão do patrocinador. E que muitos acreditam que a TV comercial é uma série de comerciais com intervalos em que são veiculados os produtos (novelas, filmes, jornalismo etc.). Enfim, um final de semana de boas ideias e boas músicas. Muitas delas feita em um ou dois dias, numa profissão em que o tempo de criação e execução é fundamental.
 

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