Compostura & Moderação

Conceitos como compostura, moderação e equilíbrio considerados antigos precisam voltar à cena governamental no Brasil, quando os principais agentes públicos os relegam ao esquecimento.

Na medida que faltam as boas práticas da educação básica no setor público, as turbulências pueris agitam o País e o mercado de capitais. Questões básicas que deveriam ser focalizadas e as realizações governamentais ficam em segundo plano diante das ondas de turbulências que demoram dias a passar.

O Ibovespa, o índice das 80 ações mais negociadas na B3, a bolsa paulista, após testar o patamar de 100 mil pontos no primeiro trimestre, recuou e passou a operar com bastante oscilação. E o dólar sobe e cai todos os dias. Esse foi o reflexo mais visível do embate entre declarações inconsequentes de autoridades do executivo e legislativo nos primeiros cem dias do novo governo que apresenta mais pontos positivos do que negativos.

O mercado financeiro reagirá nas próximas semanas de olho no comportamento dos poderes executivo e o legislativo, e desde que o Supremo Tribunal Federal, também sob alvo de questionamentos, não atrapalhe.

Ficaram em segundo plano o sucesso dos primeiros leilões de privatização do governo, o corte de 21 mil cargos comissionados, projeto da reforma da previdência objetivando conter o déficit público, o projeto de maior rigor com os grandes crimes e até a extinção do horário de verão que já não contribuía com a finalidade de evitar apagões em horário de pico de consumo, fim da imposição ao culto do marxismo cultural nas universidades e eventos públicos, etc.

A maioria dos ministros do atual governo são de altíssimo nível. Mas o destaque na grande mídia ficaram restritos aos ministros caricatos que vão sendo substituídos.

 E o mais relevante: muitos começam a se esquecer que o governo Bolsonaro livrou o país do socialismo bolivariano inconsequente defendido por radicais de esquerda antes das eleições. Foi afastado o risco de o Brasil tornar-se um dos poucos países comunistas do mundo ao lado de Cuba e Coréia do Norte.

Trapalhadas

As trapalhadas verbais no setor público têm se sobressaído às preocupações com o desempenho da economia que não está nada alvissareiro.

Não se pode considerar que o cenário econômico encontra-se mais tão favorável, diante da perspectiva de aprovação de algum tipo de reforma da previdência, quando o Produto Interno Bruto (PIB) cresce em 2019 ao ritmo mais próximo do percentual de 1,1% do ano passado e o total de desemprego formal volta romper a barreira dos 13 milhões de pessoas. A esse total soma-se o dos “desalentados”, os que não procuram emprego e que alcançam quase 5 milhões, além dos outros 36 a 40 milhões na economia informal. São pessoas que não têm recursos para contribuir com o INSS, independente de uma reforma ou não no setor.

O fraco crescimento econômico, registrado nos primeiros meses do ano,  ameaça perdurar até 2020, quando se prevê agora, crescimento de 2,70%  para o período segundo a pesquisa semanal do boletim Focus do Banco Central (BC) do início de abril.

Mas já é tradição no País, a previsão de crescimento do PIB começar o ano na faixa de quase 3% e chegar ao dezembro seguinte próxima de 1%.

A inflação (IPCA) de março deste ano ao alcançar 0,75% e elevar para 4,58% o acumulado nos últimos meses, traz preocupação. O Comitê de Política Monetário (Copom) do BC pode ficar mais rigoroso quanto à manutenção da taxa Selic (juros básicos da economia) em 6,5% ao ano, conforme previsão das principais instituições financeiras consultadas pelo pesquisa do boletim Focus.

No cenário externo, a situação também não está mais tão favorável porque se prevê crescimento mais modesto este ano da economia mundial. A previsão de o juro básico americano continuar na faixa de 2,25% e 2,50% ao ano é um fator a menos de preocupação. Já que juro em alta nos EUA carreia mais recursos para a maior economia do mundo.

Onde e prazos

O mercado vive de expectativas. Qualquer sinal de inflação torna mais atraente os ativos financeiros corrigidos por este grande vilão da economia. Os títulos públicos do Tesouro Direto corrigidos pelo IPCA passam ser mais procurados do que os corrigidos pela Selic.

Ativos de renda fixa como os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) ficam mais atraentes quando oferecem rendimento superior os 70% da taxa Selic que corrigem as cadernetas de poupança.

Os CDBs são aconselhados para as quantias mais elevadas – de R$ 50 mil a R$ 100 mil em diante – quando a pessoa tem prazo superior a pelo menos um ano para a aplicação. O imposto de renda decrescente come parte expressiva do rendimento nos prazos inferiores a um ano. O ideal é aplicar nos CDBs por mais de dois anos, para pagar menos Imposto de Renda.

Os fundos de investimentos financeiros tradicionais corrigidos pelos Certificados de Depósitos Interfinanceiros (CDIs) com taxas próximas da Selic competem em atratividade com as cadernetas de poupança. É preciso ficar atento nessas aplicações financeiras às taxas de administração cobradas pelos bancos e corretoras. O sistema de “come cotas” ou a cobrança semestral do IR sobre a aplicação precisa ser considerada.

Com a reforma da previdência pública em votação no Congresso ficaram mais procuradas nos bancos as aplicações nos fundos de previdência privada – PGBL, os que permitem desconto de 12% do total nas declarações do IR, e os VGBL. São aplicações para a aposentadoria ou por mais de dez anos, e exigem muita disciplina por parte da pessoa que deve aplicar até 20% de sua renda mensal para o fundo se quiser se aposentar com tranquilidade, avaliam os especialistas do setor.

Quem aplica na previdência privada deve continuar pagando o INSS pela alíquota máxima possível. A previdência pública mesmo que passe a pagar aposentadoria só a partir de 62 anos às mulheres e 65 anos aos homens oferece outras vantagens como o auxílio doença e pensão ao cônjuge.

Dólar e ações

As aplicações em dólar através das compras limitadas nas casas de câmbio ou através dos investimentos em fundos cambiais são aconselhadas em períodos de turbulência da economia, principalmente nas contas externas. O dólar deve fechar este ano na faixa de R$ 3,70 e em torno de R$ 3,75 em 2020, segundo a previsão do boletim Focus. Esses valores podem sofrer alterações diárias e são apenas estimativas sujeitas a correções.

Mas as contas externas do País continuam boas. O Brasil tem reservas em dólar de quase US$ 400 bilhões, o superávit na balança comercial é previsto para US$ 50 bilhões em 2019 e para US$ 46 bilhões em 2020.

Os Investimentos Externos Diretos (IED) devem somar US$ 81 bilhões este ano e US$ 83 bilhões no próximo ano. Esses recursos cobrem facilmente o déficit nas contas externas (todo o movimento com o exterior) da ordem de US$ 26 bilhões este ano e US$ 36 bilhões no próximo ano. São também previsões do boletim Focus.

Se a reforma da previdência pública for aprovada este ano, ainda que com limitações, a bolsa brasileira tem condições de voltar a registrar o desempenho expressivo do início do ano. O bom desempenho das principais companhias não-financeiras e dos bancos em 2018 e a previsão da repetição de lucros igualmente expressivos este ano podem estimular a compra de ações e o alcance de bons resultados.

 É preciso acompanhar o mercado diariamente e consultar os analistas de confiança para investir nos fundos de ações ou diretamente na bolsa através da internet. As corretoras geralmente aceitam só aplicações diretas mais elevadas em ações.

 

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