Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Donec nec mauris interdum, suscipit turpis eget, porta velit. Praesent dignissim sollicitudin mauris a accumsan. Integer laoreet metus

Fernando Soares Rodrigues – Jornalista especializado em economia e finanças

Ao analisar as perspectivas do mercado financeiro para o segundo semestre de 2017 em diante, o investidor brasileiro se depara com maiores dificuldades devido ao risco político. Não se pode ter certeza da continuidade da política econômica adotada desde 2016 pela equipe comandada pelo ministro Henrique Meirelles, da Fazenda.

São previstos juros básicos, a taxa Selic, ainda relativamente altos, superiores a 8% ao ano para este ano e o próximo e inflação abaixo do centro da meta de 4,5% ou inferior a 4% anualizados. A renda fixa continua então imbatível como a melhor opção de investimento.

Teme-se a repetição, nos próximos meses, do quadro que a consultoria Econômica apurou na Bolsa brasileira nos últimos dois anos e meio anteriores ao primeiro semestre de 2017. Nesse período somente oito ações, de 154 analisadas, apresentaram rentabilidade superior à do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), cuja taxa é próxima à da Selic. No período, o CDI acumulou rentabilidade bruta de 36,28% acima do ganho de 24,02% do Ibovespa, o índice das ações mais negociadas na bolsa brasileira, a atual B3. São elas as ações da Magnesita, RaiaDrogasil, BM&FBovespa, Lo-jas Renner, MRV, Sabesp, Hypermarcas e Ultrapar.

Perigo das concessões

No cenário mais próximo, as dúvidas pairam sobre as concessões que o governo é obrigado a fazer para que o titular a presidência da República consiga se manter no cargo. O gasto público continua em alta, e a arrecadação, em baixa. A relação da dívida pública versus Produto Interno Bruto (PIB) da ordem de 73% ao final do primeiro semestre de 2017 caminha célere para o patamar de 80%. E o céu é o limite nessa relação se, na eleição presidencial de 2018, candidatos populistas de esquerda ou de direita avançarem nas promessas e benesses para granjearem eleitores e empresários ávidos de todo tipo de isenções, benefícios e créditos subsidiados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Não se trata de pessimismo em demasia, mas, para piorar esse quadro pouco alvissareiro para o combate ao déficit público, também é preciso recordar e, com bastante tristeza, o viés político de grande parte da população, que se aproxima de um socialismo irresponsável. Querem o máximo de benefícios sem levar em conta a receita do governo.

Parte expressiva da população é contra a reforma trabalhista, que não tira a proteção do emprego, simplesmente porque ele (emprego) está deixando de existir – os desempregados somavam 13,8 milhões ao final do primeiro semestre, e os trabalhadores autônomos e sem carteira assinada passavam dos 36 milhões no mesmo período.

FALHAS NO DEBATE

A reforma da previdência proposta pelo governo e que apresenta muitas falhas em seu propósito é refugada em princípio também por grande parte da população. E não são apresentadas propostas alternativas consistentes para a busca do equilíbrio das contas da previdência nos próximos anos. Grandes “especialistas” chegam a cometer aberrações em seus comentários ao desconhecerem as características e preconceitos existentes no mercado de trabalho brasileiro. Um deles, aqui de Minas, chegou a dizer que aos 70 anos uma pessoa está atualmente forte e capaz de trabalhar. Esquece-se de dizer onde essa pessoa vai trabalhar num mercado que começa a refugar aqueles que têm mais de 50 anos.

Quem fica desempregado geralmente para de pagar o INSS ou o faz pelo valor mínimo. O principal, no entanto, é que os técnicos do governo e especialistas se preocupam com o corte do que eles consideram benefícios em demasia para os aposentados, e se esquecem da parte mais importante, ou seja, como aumentar a receita da previdência nos próximos anos. Só a geração de empregos permite o equilíbrio dessa conta, como admitem economistas mais lúcidos.

BOAS PROJEÇÕES

A escolha como opção mais segura de investimentos dos ativos de renda fixa, incluindo os fundos de investimentos financeiros, títulos do Tesouro Direto, Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), cadernetas de poupança etc se baseia nas projeções dos principais analistas do mercado apuradas pelo boletim Focus do Banco Central (BC) e liberadas em 3 de julho passado. São elas: a inflação oficial medida pelo IPCA deve fechar 2017 em 3,46% e alcançar 4,25% ao final de 2018; o dólar comercial atingirá R$ 3,35 em dezembro próximo e fechará 2018 em R$3,40.

A taxa Selic oscilaria entre 8,5% ao ano e 8,25% ao ano, nos mesmos períodos, o que asseguraria rentabilidade bruta muito atraente à renda fixa. É preciso considerar o prazo de cada aplicação e a incidência do Imposto de Renda.

Com rentabilidade líquida, a caderneta de poupança continua atraente para os pequenos aplicadores no curto prazo, mesmo não sendo aconselhada por nove entre dez analistas de investimentos e jornalistas especializados em economia. Muitos deles são apaixonados pelo Tesouro Direto e nem sempre explicam que a rentabilidade dos títulos públicos oscila muito quando são feitos resgastes de emergência no curto prazo. Em épocas de crise, quando ocorrem mais resgates, os valores dos títulos são corrigidos a valores de mercado, e os investidores podem ter perdas em suas expectativas de rentabilidade.

Com juros altos e inflação em baixa, caso se mantenha o cenário anteriormente descrito, a melhor opção é aplicar na renda fixa com as atuais taxas prefixadas mais altas. A dívida pública em alta não dá tranquilidade ao combate à inflação, mesmo a equipe econômica tendo reduzido para 4,25% e 4% ao ano, o centro da meta para 2019 e 2020 respectivamente. Quem teme a volta da inflação deve direcionar uma parcela das aplicações para os ativos pós-fixados (rentabilidade calculada a partir de inflação mais juros fixos).

AÇÕES DEFENSIVAS

Logo após o início da crise política do governo Temer, os analistas de corretoras de valores e bancos fizeram revisões em suas projeções otimistas sobre o comportamento do Ibovespa neste ano. Continuaram acreditando na alta da bolsa, mas revisaram para baixo os percentuais de alta do principal índice da bolsa brasileira. Antes da crise, muitos achavam que o índice poderia superar fácil os 80 mil pontos ao final do ano. No início de julho passaram a acreditar que o Ibovespa tem potencial para ir pouco além dos 70 mil pontos.

Os analistas passaram a pesquisar ações que eles consideram que oferecem proteção diante da crise política. São ações de bancos, elétricas e de empresas ligadas ao consumo que caíram muito e que têm potencial de alta, segundo eles. O investidor que quiser se arriscar na bolsa precisa tomar o máximo cuidado, porque essas projeções não passam geralmente de expectativas otimistas de quem precisa sobreviver no mercado.

Continua válido o antigo conselho. Deve-se aplicar em ações somente uma parcela do capital que a pessoa tem para investir e sempre tendo em vista que o momento do resgate não é certo. Ações dão bons lucros e prejuízos no curto, médio e longo prazo. Quem não tem tempo para esperar a alta de uma ação que perdeu valor, é melhor não entrar no mercado.

Anúncio

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *