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Fernando Soares  Rodrigues

Jornalista especializado em economia e finanças
 
O oito de julho de 2014 não será esquecido pela Seleção Brasileira que perdeu para a Alemanha por 7 a 1 e pelo mercado financeiro que passou a conviver oficialmente também naquela data com a inflação acima do teto da meta anual fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Antes do “apagão” dos jogadores brasileiros no Mineirão, na tarde daquele dia fatídico para os torcedores, o IBGE divulgou a inflação oficial de junho medida pelo IPCA, que situou-se em 0,40 e elevou para 6,52% o acumulado dos 12 meses anteriores. O sentimento dos investidores e torcedores é o mesmo. Todos querem que a Seleção pare de jogar tão mal como na última Copa do Mundo da Fifa e o País não perca a batalha contra a inflação. No primeiro semestre de 2014, o IPCA acumulou alta de 3,75%, acima do rendimento de 3,39% das cadernetas de poupança para o mesmo período. A mais popular forma de investimento dos brasileiros não conseguiu sequer recompor a perda causada pela inflação. O índice das ações mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo/BM&F, o Ibovespa acumulou alta de 3,2% no primeiro semestre, também abaixo da inflação do período. Superaram a inflação no mesmo período, o ouro negociado como ativo financeiro na BM&F/Bovespa (3,87%), os Certificados de Depósito Bancários (4,84%brutos), fundos DI (5,05% brutos) e fundos de renda fixa (5,7% brutos). No mês da comemoração dos 20 anos do Plano Real que se propôs a acabar com a hiperinflação, a volta em índice elevado da alta generalizada dos preços traz grande preocupação para os investidores, os administradores de recursos, os empresários e especialmente para o governo.
Marca pessoal
Sob a ingerência pessoal da presidente da República-economista, o Ministério da Fazenda e o Banco Central (BC) adotaram durante meses um comportamento considerado muito brando em relação ao combate à inflação. O BC chegou a reduzir a taxa Selic (juros básicos da economia) quando a inflação apresentava sinais de alta e, depois, foi obrigado a elevar a Selic. As autoridades federais adotaram em seguida medidas desastrosas como a intervenção nos reajustes das tarifas de energia, pretensamente para favorecer o setor industrial, postergaram os aumentos da gasolina o que derrubou o caixa da Petrobras e concederam subsídios de impostos a setores com o automobilístico e sem obterem os efeitos desejados. O pior então é que tarifas e preços foram represados artificialmente para conter a inflação. Agora, neste meio de ano, o governo mantém o controle do câmbio através dos leilões diários da moeda americana no mercado futuro, para conter a valorização do real e alta dos produtos importados que representam cerca de 25% do consumo interno. A inflação alta reduz os salários e o consumo principalmente da nova classe média emergente. Os reflexos são imediatos. O desemprego cresce e coloca em xeque a visão predominante da presidente-economista de que não se deve exercer um forte combate para conter a inflação justamente para manter os postos de trabalho em crescimento. Passada a “Copa das Copas”, que obteve sucesso graças em grande parte ao tradicional comportamento amistoso dos brasileiros com os estrangeiros, temas com inflação elevada, queda do consumo da nova classe média, previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) inferior a 1% neste ano, desemprego crescente e desestímulo a diversos tipos de investimentos financeiros vão compor os debates tradicionalmente acalorados das eleições de outubro.
Difícil mudança
No futebol, mudar o técnico da Seleção é o recurso inicial para se buscar a autoestima dos brasileiros em relação a seu esporte preferido. Na gestão do País, o quadro é mais complexo. Apesar das críticas que sofre por parte do mercado e empresários quanto à gestão da economia, a presidente Dilma Roussef mantinha até julho passado, a maior preferência dos eleitores e se dispunha a continuar seu trabalho, se eleita, por mais quatro anos. Uma possível mudança nos rumos da economia com a volta da maior ênfase ao tripé de medidas – controle da inflação, dólar flutuante e superávit primário – que alcançou sucesso nos governos Fernando Henrique Cardoso e Lula, só se daria em duas hipóteses. A vitória da oposição materializada no candidato Aécio Neves, ou a deterioração excessiva dos indicadores econômicos que poderia levar a presidente Dilma a rever seus conceitos. Essa segunda hipótese não é fácil de ser visualizada. A queda do consumo puxada também pelo aumento das restrições de crédito nos bancos, crescimento do desemprego e contenção rotineira dos gastos públicos após a Copa e eleições e baixo crescimento do PIB podem derrubar o ímpeto inflacionário para a faixa de 6% anualizada e postergar o ajuste da economia num eventual novo governo da presidente Dilma. O CMN dá sinais nessa direção em manter em 4,5% ao ano, com variações de dois pontos percentuais, as metas da inflação para 2015 e 2016. O boletim Focus do Banco Central divulgado ao final da primeira quinzena de julho prevê que a economia continuará em “fogo lento” também no próximo ano. A pesquisa que reflete o pensamento das principais instituições financeiras previa IPCA de 6,48% ao final deste ano, e de 6,10% ao final de 2015; taxa Selic de 11% ao ano ao final de 2014, e de 12% ao final de 2015; dólar na faixa de R$ 2,39 ao término de dezembro próximo e de R$ 2,50 ao término de 2015. O PIB de 2014 ficaria em modesto 1,05%, e o crescimento econômico em 2015 seria apenas um pouco maior, na faixa de 1,50%. O superávit de US$ 2,01 bilhões previsto para a balança comercial (exportações menos importações) neste ano, subiria para R$ 9,40 bilhões em 2015.
Perigo americano
No cenário externo, um “meteorito” está prestes a cair sobre a economia mundial. O banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (FED) admite a alta progressiva dos juros americanos a partir de outubro próximo ou o mais tardar no primeiro trimestre de 2015, o que atrairia volumes mais expressivo de investimentos para a maior economia do mundo em detrimento das aplicações no Brasil e outros países em desenvolvimento. Esse fator externo colaboraria assim para manter o baixo crescimento econômico no País.
Sem mágica
No mercado financeiro não há mágica. Para proteger o dinheiro da inflação existem dois caminhos: os fundos de investimentos, os títulos públicos e os papéis pré e pós-fixados. Quem aposta na queda da inflação deve aplicar nos pré-fixados e os que acreditam que o IPCA subirá mais podem aplicar nos pós-fixados. Em ambos os casos é preciso considerar o prazo que a pessoa dispõe para aplicar o dinheiro, as taxas cobradas pelos bancos e a incidência do Imposto de Renda. Diante da baixa rentabilidade de alguns ativos financeiros nos últimos meses, alguns analistas aconselham os títulos públicos e letras de crédito imobiliário (LCI) e letras de crédito do agronegócio (LCA). Essas duas últimas opções oferecem o atrativo da isenção do IR. Mas ao se aplicar em títulos públicos pré ou pós-fixados e nas LCIs e LCAs deve ser considerado o prazo final do resgate. Quem resgatar antes do prazo fica sujeito a perdas de rentabilidade. A liquidez das LCIs e LCAs é baixa para quem tenta vender essas letras antes do prazo de vencimento. Os investidores no mercado acionário ficarão sujeitos nos próximos meses à turbulência das eleições. Podem ganhar ou perder dinheiro no curto e médio prazo, dependendo da interpretação correta ou não das tendências. O melhor é sempre ficar atento ao desempenho de cada companhia e do setor onde ele atua no País e no exterior, acompanhar o mercado diariamente, ler o noticiário econômico e papers emitidos pelas corretoras e bancos e buscar aconselhamento junto a analistas de confiança. Apesar do desempenho fraco da Bovespa durante a maior parte do primeiro semestre, ações de algumas empresas de capital aberto registraram altas expressivas: Kroton ON, 58,8%; Marfrig ON, 49%; Estácio Part ON, 44,5%; Cielo ON, 41,2%; Cemig PN, 31,4%.

 

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