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Por: Fernando Soares Rodrigues

 

O desempenho dos ativos no mercado financeiro depende muito das expectativas. Neste final de ano, o câmbio continua na liderança entre os fatores que mais causam apreensão entre os investidores logo após a inflação, taxa básica de juros (Selic), crescimento modesto do Produto Interno Bruto (PIB) da ordem de 2,4% ou menos e ambiente interno desfavorável para os negócios empresariais.

Quem seguiu o “comportamento de manada” e apostou na disparada da cotação do dólar acabou perdendo dinheiro em setembro passado. Depois de o dólar chegar a ser cotado a R$ 2,40 e com previsões de testar o patamar de R$ 2,70, segundo projeções de especialistas, a moeda americana recuou para R$ 2,20 e voltou a oscilar mais pausadamente. Foi recordado para o mercado financeiro e o mundo dos negócios o cálculo que dólar poderia até chegar aos R$ 3,60 se sua cotação desde 1994, quando foi lançado o Plano Real, fosse reajustada pela inflação dos EUA no período.

A decisão do governo brasileiro de ofertar no mercado futuro de câmbio cerca de US$ 100 bilhões até dezembro esfriou a especulação com a moeda americana e estancou a valorização em ritmo forte do real frente ao dólar. O Federal Reserve (FED), o banco central americano colaborou de forma decisiva, em seguida, para conter a valorização excessiva do dólar frente as principais moedas e inclusive o real. A autoridade monetária dos EUA adiou o corte da irrigação mensal de US$ 85 bilhões que realiza na maior economia do mundo ao colocar o equivalente em títulos públicos.

Os analistas consideram que a decisão até então iminente dos EUA de parar essa compra vultosa mensal de títulos para estimular a sua economia foi adiada para o próximo ano. O Brasil ganhou assim um tempo para ajustar sua economia ao novo cenário do comportamento do dólar. Como não há muito tempo e nem decisão política para se realizar esse ajuste, o real pode continuar oscilando bastante em relação ao dólar.

O Banco Central (BC) terá assim que continuar monitorando com cautela o câmbio flutuante ou “administrado” para encontrar a cotação de equilíbrio para o dólar, a que não desestimule a atividade industrial e nem aperte muito o caixa das empresas endividadas na moeda americana.

 

Cálculo difícil

As reservas cambiais elevadas do País, da ordem de US$ 375 bilhões asseguram relativa estabilidade neste mercado. A previsão do déficit em conta corrente (todo o movimento financeiro com o exterior do País) neste ano é da ordem de US$ 80 bilhões, enquanto pode haver déficit na balança comercial. A previsão de superávit comercial (exportações menos importações) era de ordem de apenas US$ 2 bilhões para este ano, ao final de setembro, segundo o boletim Focus.

Mesmo diante do aperto nas contas externas não é possível assim apostar na valorização continua do real que chegou a atingir cerca de 20% no segundo semestre, e recuou para o patamar de 10% ao final de setembro passado. E nem de se assustar se a qualquer momento a moeda americana sofrer pressões expressivas de alta.

No boletim Focus do final de setembro, os analistas das principais instituições financeiras pesquisadas pelo BC previam a cotação do dólar em R$ 2,30 ao final de dezembro próximo e de R$ 2,40 ao final de 2014. Essas projeções são na realidade expectativas que podem oscilar muito. Não existem parâmetros matemáticos seguros para esse cálculo no País ou mundo, apesar de muitos economistas tentarem fazê-lo constantemente. Uma das poucas verdades admitidas por quem acompanha esse mercado há décadas, é que a cotação mais adequada para o câmbio é a vigente.

Aplicar dinheiro em fundo cambial é uma opção de risco. Pode ser rentável ou não principalmente diante da previsão anual de 5,82% para a inflação e de taxa Selic da ordem de 9,75% ao ano ao final de 2013, compatível com juro real (Selic menos inflação projetada para os doze meses seguintes) próximo de 3% ao ano.

Para os brasileiros que vão em larga escala para o exterior e compram em demasia os produtos estrangeiros bem mais baratos, principalmente nos EUA, é aconselhável a busca de uma espécie de hedge (proteção). Comprar os dólares em cartões pré-pagos e cheques de viagem para arcar com as despesas no exterior, e deixar em segundo plano a utilização do tradicional cartão de crédito internacional. Assim não haverá surpresas se entre a data da compra e o fechamento da fatura do cartão de crédito, o dólar se valorizar muito.

O ouro negociado como ativo financeiro na BM&F/Bovespa sofre influência do dólar e do comportamento da onça-troy (31,1 gramas) do metal em Nova York, onde registrava desvalorização anual de 20% ao fechar cotada a US$ 1.338,00 ao final de setembro. A desvalorização do dólar frente ao real diminuiu para 11% a queda anualizada do preço do grama do ouro no Brasil.

Os analistas desse mercado pararam de apostar na valorização do ouro. Esse ativo pouco negociado no País continua como uma boa reserva de valor, com liquidez imediata, mas sem muita perspectiva de valorização.

 

Renda fixa

Diante da expectativa de inflação anualizada próxima de 6% este ano e no próximo e da correção da taxa Selic até o patamar de 9,75% ao ano até dezembro, o investidor em ativos de renda fixa ajusta suas posições No ranking de procura pelos fundos de investimentos financeiros, a liderança encontra- se com os de renda fixa e DI (com títulos que acompanham a alta dos juros) vindo em seguida os multimercados. A reação da Bolsa paulista em setembro deve aumentar a procura pelos fundos de ações.

Nas aplicações em fundos de investimentos financeiros, Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), títulos públicos do Tesouro Direto, Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) ou nos fundos de previdência aberta PGBL ou VGBL, o desafio é o mesmo. É preciso fazer os cálculos da rentabilidade líquida – descontar o Imposto de Renda, taxas de administração e de carregamento – para conseguir vencer a inflação do período da aplicação e superar a rentabilidade da tradicional caderneta de poupança que oferece cerca de 0,55% ao mês ou 6,17% líquidos ao ano.

O investidor só consegue com baixo risco superar a rentabilidade das cadernetas de poupança se aplicar quantias maiores nos CDBs que são remuneradas por mais de 80% da taxa cheia dos Certificados de Depósitos Interfinanceiros (CDIs) próxima do percentual da taxa Selic.

Nos títulos públicos, é preciso ficar atento aos prazos do vencimento. Se a pessoa precisar resgatá-lo antes do vencimento pode tomar prejuízo. Em determinados períodos como ocorreu este ano, a marcação a mercado dos valores dos títulos, provocada por resgates maciços, derrubou os valores deles.

 

Risco das ações

A previsão de crescimento modesto do PIB neste ano e no próximo e muita desconfiança em relação ao governo entre os grandes empresários, principalmente estrangeiros, não favorecem o mercado acionário brasileiro que opera na contramão das bolsas americanas que registraram alta na maior do ano. Nos últimos meses, a Bolsa paulista veio a reagir em setembro passado.

A perda de valor quase que total das ações das empresas X do empresário Eike Batista contribuíram muito para derrubar a Bolsa paulista. Estudo da firma de consultoria Economática mostrou que se fosse retirado o peso das principais empresas X, o índice Bovespa recuaria cerca de 2,5% no acumulado do ano, ao contrário dos 10% verificados na data da comparação no segundo semestre.

O fraco desempenho das ações da Vale e Petrobras que têm peso superior a 20% na formação do índice Bovespa ajudaram a derrubar o mercado no acumulado do ano. As quedas acentuadas das principais ações das companhias do setor elétrico também depreciaram o mercado. Esse recuo ocorreu após a redução pelo governo das tarifas de energia elétrica e o embate com a renovação das concessões de usinas travado com diversas companhias do setor entre as quais a estatal mineira Cemig.

Ações de companhias de segunda linha e algumas bastantes conhecidas acumulavam até o último dia 20 de setembro, altas expressivas no ano: GPC Part ON, 200%; Kepler Weber ON, 97,9%; M. Diasbranco ON, 37,3; Brasken PNA, 37,3%; Bematech ON, 36,1%; e Kroton ON, 35,5%.

O risco no mercado de ações brasileiro continuará elevado nos próximos meses, de acordo com as previsões de grande parte dos analistas. Grandes investidores em ações estão preferindo aplicar diretamente ou através de fundos na Bolsa de Nova York. Os que quiseram se arriscar nas BM&F/Bovespa têm pela frente o desafio de obter rendimentos líquidos superiores aos da taxa Selic. Com muito estudo do mercado e aconselhamento com analistas de confiança é possível ganhar dinheiro com ações mediante trocas de posições na hora certa.

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