A modelagem em 3D, muito utilizada em escritórios de arquitetura e engenharia em países de primeiro mundo, está cada vez mais difundida no Brasil por substituir metodologias ultrapassadas, evitando atrasos, prejuízos e outros contratempos

 

A equipe do governo quer antecipar o uso da tecnologia Building Information Modelling (BIM) para baratear obras da Minha Casa, Minha Vida em até 20%. O BIM, em português, Modelagem da Informação da Construção, é uma metodologia já utilizada em diversas partes do mundo e vem sendo implementada nos setores público e privado no Brasil. A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) está à frente do programa que estuda tornar obrigatório o uso da ferramenta na construção de casas populares a partir de 2022. Até agora, o uso do BIM era previsto apenas para 2028.

 

De acordo com Bruno Marciano, presidente da Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais de Minas Gerais, a Abrasip-MG, muitos no mercado ainda não sabem o que é o BIM e não têm visão para enxergar o quanto ele é revolucionário e os benefícios que esse processo pode trazer para o setor da construção. “Ele tem um potencial extraordinário de alinhar uma série de dados produzidos por profissionais de diferentes áreas que usam diversas ferramentas de informática. A possibilidade de modelagens em 3D continua sendo a característica mais famosa do BIM, mas sua utilização vai muito além de um efeito estético. As informações usadas no projeto ficam para sempre, criando um fluxo de responsabilidades, que pode ajudar até em setores como o de seguros ou para pendências jurídicas”, afirma.

 

Desafios

Para Marciano, se comparados a outros países, os projetos em BIM no Brasil ainda ocorrem de maneira embrionária. “Um dos principais desafios é capacitar os projetistas para o trabalho, e em alguns casos vencer resistências culturais, principalmente daqueles que estão há mais tempo na profissão e que foram obrigados em algum momento da carreira a passar da prancheta para o computador.  Além disso, as empresas ainda precisam investir em softwares que gerenciem as diferentes etapas da obra e em equipamentos que devem ser mais potentes do que os usados atualmente, o que significa custos que muitos escritórios não estão dispostos a pagar”, pontua.

 

Retomada

Não é novidade que o setor da construção, desde 2013, vem atravessando uma recessão econômica. No entanto, em 2018, voltou a caminhar rumo ao crescimento. No último ano, o mercado da construção civil sentiu a retomada dos negócios. A alta no número de lançamentos imobiliários foi de 22% no comparativo entre janeiro de 2017 e janeiro de 2018, segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias. “O segmento está com uma expectativa muito alta em cima da retomada, mas isso depende de uma série de variáveis, principalmente em torno da confiança que os empresários têm em relação ao ambiente econômico. Como muitos outros setores, a construção civil vive um momento de esperança, motivada pela renovação política e, consequentemente, do reaquecimento da economia. Somos otimistas, porém os desafios continuam, aqui e agora”, enfatiza Marciano.

 

Segundo Marciano, especialmente com a retomada do setor de Sistemas Prediais, o uso do BIM será um caminho sem volta no país. “Hoje, a utilização de metodologias ultrapassadas evidencia orçamentos imprecisos às empresas, qualidade questionável, atrasos e outros contratempos que geram custos extras e podem colocar em risco a saúde financeira da indústria. Com o uso do BIM, os envolvidos na obra poderão ter acesso à todas as fases do projeto. Não podemos esquecer que os cálculos precisos da quantidade de material necessária para cada etapa são mais precisos e a integração das informações permitem antecipar falhas e problemas no processo, antes mesmo da execução. Sendo assim, as empresas diminuem a necessidade de aditivos contratuais e que tão comumente encarecem e atrasam as obras, finaliza.

 

 

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