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Café em crise, lei ambiental e alforria para o queijo foram alguns dos destaques lembrados pelo presidente da entidade, Roberto Simões

 

Em um ano em que o café, principal produto do agronegócio mineiro, teve uma de suas maiores crises de preços, pecuaristas de todo o estado tiveram muito que comemorar. Para os setores de carne e leite, 2013 trouxe de volta bons resultados, substituindo o desânimo deixado pelo ano anterior. Perspectivas renovadas, os produtores já estão investindo em mais qualidade e produtividade para encarar os novos mercados buscados pelo Brasil. Esta é também a aposta da FAEMG e da CNA, que este ano organizaram missões empresariais à China e investiram na implementação de programas que garantam maior competitividade para os produtos agrícolas mineiros e brasileiros.

Para o presidente do Sistema FAEMG, Roberto Simões, este foi um ano marcado por grandes lutas e conquistas históricas: “No primeiro semestre, o agronegócio mineiro voltou atenções à mobilização dos produtores em campanha pela revisão do preço mínimo do café. Com grande união e empenho, os produtores se fizeram ouvir e alcançaram vitórias. Já a segunda metade do ano foi marcada por três grandes avanços: a assinatura, em agosto, da Instrução Normativa para a comercialização do queijo minas artesanal; a realização, em setembro, da Semana Internacional do Café em BH; e a aprovação da Lei Florestal Mineira, em outubro”.

Em sua avaliação, a legislação florestal representa importante ganho para o produtor rural em segurança jurídica, especialmente por estar alinhada ao Código Ambiental Federal: “Foi um grande avanço para nosso estado. Nossa meta agora será orientar bem os produtores para o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e, depois, para o Programa de Regularização Ambiental (PRA). O desenvolvimento de uma política de sustentabilidade é de interesse direto do agronegócio e, por isso, a aprovação da legislação estadual foi um dos destaques do ano para todos nós, produtores”, disse Roberto Simões.

 

| Senar Minas 20 anos

O ano foi também de comemoração pelas duas décadas de trabalho do Senar Minas. E mais um recorde quebrado: foram 166.523 pessoas atendidas em 9.795 eventos, entre treinamentos de Formação Profissional Rural, cursos de Promoção Social e Programas Especiais. Para 2014, a expectativa é de realizar 10.500 eventos, atendendo 189 mil pessoas.

 

Resumo de 2013 e Projeção para 2014 por Segmento Café

A redução da bienalidade, alavancada pela melhoria do tratamento (pacote tecnológico) em 2012 fez com que, mesmo em ano de safra baixa, Minas Gerais registrasse produção apenas 2,9% menor que a do ano anterior.

Para o produtor, o ano foi marcado por uma queda expressiva do preço, de 30,8%. A média da cotação da saca de 60kg passou de R$ 428 em 2012 para R$ 296 este ano. O diretor da FAEMG e presidente da Comissão de Café da entidade e da CNA, Breno Mesquita, aponta que, assim, um volume de produção bastante semelhante ao do ano passado, acabou resultando em um faturamento 32,8% menor. “E isso é algo bastante preocupante para nós, mineiros, uma vez que o café é o principal produto do nosso agronegócio. Ele é cultivado em 607 dos 853 municípios do Estado, sendo a principal atividade econômica em 340”.

Para a coordenadora da Assessoria Técnica da FAEMG, Aline Veloso, a desvalorização reflete um cenário de descompasso no mercado mundial, profundamente marcado pela especulação quanto aos estoques internacionais. “Apesar da safra menor, com quebra de produção em diversos países pela ferrugem (América Central e México), havia sinalização de estoques altos, derrubando o preço da commodity”, explica.

O ano foi marcado por intensa pressão dos produtores para implementação de políticas de sustentação e geração de renda para o setor. Campanhas e manifestações pelo preço mínimo e, em seguida, por um programa de opções públicas de venda, foram atendidas tardiamente e não provocaram a reação de mercado esperada para recuperação do setor, que fecha o ano em forte crise.

 

2014

Para 2014, é provável que o preço do café continue baixo, refletindo a expectativa de ano de safra alta. Entretanto, já é esperado que a produção tenha retração, já que o endividamento e desmotivação dos produtores devem resultar em tratos culturais bastante menores.

 

Vale lembrar

Acontecimento importante em 2013 foi a realização, em Belo Horizonte, da Semana Internacional do Café, em setembro. O evento, realizado pelo Governo de Minas com o apoio da FAEMG e Sebrae, foi ancorado pelo 8º Espaço Café Brasil, a maior feira do setor na América Latina, e o encontro comemorativo pelo cinquentenário da OIC (Organização Internacional do Café). “Atingimos com êxito nosso objetivo de colocar Minas, o Brasil e nossos cafés sob o olhar do mundo inteiro. Aqui reunimos multinacionais, grande compradores internacionais e os nossos produtores, mostrando a excelência de nossos cafés e a forma como produzimos”, avalia o presidente da FAEMG, Roberto Simões.

 

Leite

Para a cadeia produtiva do leite, 2013 foi um ano atípico. E por excelentes motivos. Com pouca oferta em todo o mundo, o fim do período de entressafra não trouxe o usual reestabelecimento dos estoques e consequente redução dos preços a níveis históricos. Os produtos devem se manter valorizados ainda nos primeiros meses do próximo ano.

Para o produtor, a boa cotação dos lácteos e a redução do preço do milho (principal insumo da ração animal) contribuíram para o incremento na margem de lucro. De janeiro a novembro, o preço ao produtor em Minas subiu 28,45%, e o rendimento bruto do setor no acumulado do ano foi 15,8% maior que a média de 2012

O analista de agronegócios da FAEMG, Wallisson Lara destaca ainda que o leite também está muito valorizado no mercado externo, já que a oferta está baixa em todo o mundo. “Esse quadro, somado ao consumo interno aquecido, contribuiu para a redução das importações e abre, inclusive, uma janela de oportunidade para que o produtor brasileiro invista em qualidade e produtividade. Isso poderá fazer com que o país saia da condição de importador e volte a ser um exportador de leite”.

 

2014

Para o próximo ano, é esperada a recuperação dos principais players do mercado, como Argentina e Nova Zelândia. A expectativa é de que o cenário de intensa valorização não se repita, mas também não haja redução expressiva dos preços. Para o diretor da FAEMG e presidente da Comissão de Pecuária de Leite da entidade, Rodrigo Alvim, é possível crer que, caso haja manutenção do câmbio favorável e preços altos no mercado internacional – e, especialmente caso sejam implementados programas de melhoria da qualidade e produtividade no país – o Brasil volte a exportar leite ainda em 2014

 

Vale lembrar

Destaque do ano de 2013 foi o lançamento, em agosto, do Programa Leite Legal em Minas. Fruto de parceria entre CNA, Senar e Sebrae, o programa tem foco na produção de leite de qualidade, garantindo mais competitividade para a produção nacional.

Em junho, a FAEMG realizou o 2º Encontro Mineiro do Balde Cheio, comemorativo pelos seis anos do programa em Minas Gerais e pela marca de dois mil produtores atendidos no estado. O programa tem alcançado excelentes resultados no estado, promovendo o desenvolvimento da pecuária leiteira, com redução dos custos e aumento de produção.

Há ainda outros programas do Sistema CNA em implantação, como o Pronatec Leite, Assistência Técnica Continuada, além de linhas de crédito com vistas a aumentar a competitividade do leite brasileiro.

 

Grãos

No ano em que a Helicoverpa tornou-se preocupação para agricultores de todo o Brasil, o cenário para os grãos – especialmente milho e soja – foi ainda muito positivo.

O câmbio favorável para exportação fez de 2013 um ano muito bom para o setor. Com preços melhores no mercado internacional, a soja conquistou mais espaço, substituindo parte da área antes plantada com milho. A coordenadora da Assessoria Técnica da FAEMG, Aline Veloso, lembra que a relação entre produção e consumo de milho no estado é sempre deficitária, mesmo com safras consideráveis. “O milho é principal insumo para a cadeia da pecuária, que é muito forte no estado. Somado ao câmbio favorável à exportação, o resultado é uma demanda reprimida em Minas”.

A seca no estado resultou na perda de uma área cultivada de milho de aproximadamente 64 mil hectares no Norte e Jequitinhonha/Mucuri. Ainda assim, a produção do grão na segunda safra (620,2 mil toneladas) aumentou sua participação no total produzido no estado, que fechou o ano apenas 2,5% menor que no ano anterior. A produção mineira de milho em 2013 foi de 7,4 milhões de toneladas. A produção de soja este ano foi 9,8% maior que em 2012, totalizando em 3,4 milhões de toneladas.

 

2014

Segundo o presidente da Comissão de Grãos da FAEMG, Claudionor Nunes de Morais, apesar dos problemas com a helicoverpa e a mosca branca, o cultivo de soja em 2014 deve novamente ser estimulado pelo preço mais atrativo que o do milho, que está ameaçado pela safra recorde no Centro-Oeste do Brasil. A conversão deve chegar a cerca de 10% das áreas plantadas em Minas. Algodão e trigo também devem ganhar um pouco mais de espaço.

A previsão de clima favorável traz uma expectativa de safra geral de grãos ainda maior para o próximo ano. A projeção é que o estado produza no próximo ano cerca de 6,7 milhões de toneladas de milho e 3,7 milhões de toneladas de soja.

Outro fator que deve contribuir para o aumento da produção foi a liberação de mais recursos para o setor no Plano Agrícola e Pecuário 2013/14. Com a ampliação do crédito, é esperado que se colha, neste próximo ano, os resultados de maior investimento em nível tecnológico, em fertilizantes, calcário, agrotóxicos e em maquinário agrícola.

De acordo com Aline Veloso, o aumento das safras de grãos em todo o mundo refletem o otimismo pelas projeções de consumo recorde nos Estados Unidos, com foco, especialmente, na produção de biocombustíveis.

 

Vale lembrar

O ataque da Helicoverpa se intensificou a partir do final do ciclo passado no estado em áreas isoladas. Este ano, é um problema generalizado, observado logo na fase inicial de desenvolvimento das plantas de soja e milho. A alta umidade no campo e o calor favorecem a multiplicação da lagarta, e as chuvas regulares comprometem a eficiência da aplicação de agrotóxicos contra o inseto. O cenário fez Minas Gerais decretar situação emergência fitossanitária.

Claudionor Nunes destacou a importância da assistência técnica, uma vez que o manejo adequado reduz a necessidade de defensivos agrícolas. “A ferrugem, por exemplo, já não causa tanta apreensão aos produtores, que aprenderam a lidar com o problema. A Helicoverpa, por outro lado, é considerada inimigo ainda desconhecido e preocupante”.

 

Carnes

Este foi um ano de recuperação para os produtores.

O ano anterior (2012) havia sido bastante difícil, com altos custos de produção (especialmente com os preços altos de milho e soja para a alimentação dos animais), resultando no forte abate de matrizes. A decorrente oferta enxuta de animais se refletiu na valorização das carnes em 2013. No caso dos suínos, a oferta também ficou comprometida pelo forte calor do verão e o inverno rigoroso, o que prejudicou a cria dos animais.

Com insumos mais baratos em 2013, um mercado interno aquecido pela melhoria do poder aquisitivo e um câmbio favorável à exportação, o ano foi de recomposição de renda para o produtor. Para o boi gordo, por exemplo, o incremento no Valor Bruto da Produção (VBP) foi de 26,2%. Para suínos, o faturamento bruto de 2013 foi 25,6% maior e, para as aves, o acréscimo foi de 16,5% na comparação com o ano anterior. A trajetória de valorização das carnes deve permanecer nesta virada de ano, com o período festivo e a melhoria do poder aquisitivo das famílias, com o recebimento do 13º salário.

 

2014

A expectativa é de manutenção de um mercado interno bastante aquecido, impulsionado especialmente pelos eventos festivos e esportivos e por uma forte campanha de marketing para elevação do consumo. Também são esperados novos acordos internacionais. O bom momento de 2013 deve estimular uma produção um pouco maior.

 

Vale lembrar

2013 foi também marcado pela reabertura de mercados, queda de barreiras e restrições e novos acordos internacionais. Exemplo foi a missão empresarial da CNA à China, buscando abertura para alguns dos principais produtos agrícolas brasileiros e, especialmente, suspensão do embargo à carne bovina. O presidente da FAEMG, Roberto Simões integrou a comitiva que apresentou, ao país mais populoso do mundo, as oportunidades de negócios e investimentos no agronegócio brasileiro, das cadeias produtivas à infraestrutura.

 

Cana-de-açúcar

Após mais um ano de superprodução – em torno de 71 milhões de toneladas -, o momento é de crise, com baixos preços aos produtores (de janeiro a novembro, a desvalorização foi de 11,3%). Para o etanol, é grande a dificuldade de concorrer com a gasolina nos postos, em função da política do Governo Federal de manutenção dos preços da gasolina no país e o descumprimento da proposta de incentivo ao setor sucroalcooleiro. Para a analista de agronegócio da FAEMG, Cláudia Mara, a manobra prejudica muito o mercado brasileiro: “Para controlar apenas um dos índices de inflação, o Governo Federal segurou um aumento de apenas 4% para a gasolina, o que não reflete o mercado internacional. Por outro lado, o aumento do diesel, principal combustível de maquinário agrícola, foi muito superior”, destaca.

Já o açúcar registrou trajetória de desvalorização durante boa parte do ano. Em outubro, um incêndio na Coopersucar, com perda de grande volume da produção, fez o mercado reagir a princípio. Entretanto, a expectativa de nova produção alta continua segurando os baixos preços.

 

Vale lembrar

Setor produtivo e indústrias sucroalcooleiras mineiras uniram forças e demandas com o lançamento, no início de dezembro, da Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético de Minas Gerais, na Assembleia Legislativa (ALMG). O objetivo do grupo é discutir desafios e buscar ações e políticas para impulsionar o setor, como o incentivo ao consumo do etanol e redução do ICMS, elevando sua competitividade sobre a gasolina, que vem recebendo forte subsídio do Governo Federal.

 

Perspectivas Gerais para 2014

O presidente da FAEMG, Roberto Simões, acredita que, no próximo ano, o agronegócio deve manter a trajetória positiva dos últimos anos: “O desempenho de cada produto está vinculado a uma série de fatores, da crise mundial e as políticas econômicas aos fenômenos climáticos. De forma geral, esperamos outro ano igualmente bom, mas de muito mais estabilidade para a agricultura e a pecuária”.

Ele lembra ainda que o agronegócio tem sido, por muitas décadas, um dos mais fortes setores da economia, grande empregador de mão de obra, grande contribuinte do PIB nacional e majoritariamente superavitário: “O campo segurou a economia brasileira mais uma vez, e Minas vem se destacando”.

Para o superintendente do INAES/FAEMG, Pierre Vilela, é esperada a continuidade da trajetória de recuperação dos indicadores internacionais. Principalmente dos Estados Unidos, o que puxa os países emergentes, sobretudo a China, que é um grande parceiro comercial, principal compradora dos nossos produtos agrícolas. É esperado, assim, que a recuperação econômica mundial impulsione o crescimento da China, que compraria ainda mais do Brasil.

“Os indicadores brasileiros devem continuar modestos, pois não há espaço para crescer enquanto tivermos uma situação instável do ponto de vista político e econômico. Teremos aí mais um ano eleitoral, em que os gastos públicos devem crescer, trazendo desequilíbrio mais uma vez”, acredita. Para Pierre, a crise econômica brasileira é o que preocupa: “Já viemos de um 2012 bastante degradado, e ano que vem deve ser piorado. Tivemos um ano de inflação alta, juros muito altos e não há boa notícia. Isso porque certamente o mercado interno vai se estagnar. E precisamos do mercado interno pra vender produtos”.

Na opinião do especialista, o endividamento das famílias, que se mantém elevado, pode impactar nos produtos com maior valor agregado: “Aqueles alimentos que geralmente são beneficiados pelo aumento da renda, logicamente, acabam sendo os mais prejudicados na recessão. Ao invés de consumir laticínios e proteínas mais caras, o brasileiro acaba consumindo proteínas mais baratas em substituição”.

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