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OLAVO MACHADO JUNIOR – PRESIDENTE DA FIEMG

Contrariando as boas expectativas do início do ano, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2012 deve fechar em alta de 0,9%, um patamar considerado baixo pelos agentes econômicos. Contudo, segundo estimativas da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a economia mineira deve apresentar um crescimento melhor, em torno de 2,6%. Mesmo assim, os empresários consideram o desempenho muito aquém das possibilidades do setor produtivo do Estado. Para o presidente da Fiemg, Olavo Machado Junior, o prolongamento da crise na Europa e a queda de demanda na Ásia ajudaram a segurar a economia brasileira e mineira. Assim, as iniciativas do governo voltadas para redução dos juros e desoneração da folha de pagamento de alguns setores produtivos tiveram o seu efeito minimizado no curto prazo. Entretanto, Olavo Machado acredita essas medidas terão impacto efetivamente a parir de 2013, possibilitando a retomada da produção de bens e serviços no País a um ritmo mais acelerado, principalmente a partir do segundo semestre.

Como foi o ano de 2012 para as indústrias mineiras? Quais setores saíram fortalecidos e quais enfrentaram entraves no crescimento?

A produção industrial em Minas Gerais, até outubro de 2012, vem apresentando resultado modesto, mas bem superior à média brasileira. No estado, a indústria de transformação cresceu 1,03% até outubro contra uma queda de 3,01% do Brasil, no mesmo período. A Fiemg projeta que a produção industrial brasileira cairá 2,3% em 2012 e em Minas esse indicador deve crescer próximo de 1,0%. Portanto, podemos dizer que o resultado para a indústria, tanto brasileira quanto mineira, em 2012 foi muito tímido, apesar do consumo de uma série de bens industriais ter apresentado crescimento bem maior. Os setores que se destacaram em Minas Gerais e que explicam o melhor desempenho industrial no Estado foram as indústrias de alimentos, que deve fechar o ano com pequeno crescimento, frente a uma queda superior a 2% no Brasil, de refino de petróleo e álcool com alta de 5,8% até outubro, de produtos químicos, registrando elevação de 19,9%, de produtos de metal, com 5,8% até outubro, e veículos automotores, que no período citado já acumulou crescimento de 3,5% em Minas contra uma queda de 13,8% no Brasil.

Ao longo de 2012 as perspectivas de crescimento do PIB brasileiro foram constantemente revisadas para baixo. Isso já era esperado pelos empresários no começo do ano?

Não. No início de 2012, tanto a Fiemg quanto o mercado de uma forma geral, inclusive o Fundo Monetário Internacional (FMI), projetavam um melhor desempenho para a economia brasileira. Estimava-se 3,6% de crescimento para o País e 2,6% para Minas. Gradualmente, ao longo do ano, a dificuldade de recuperação da economia mundial, especialmente a zona do euro, aliado à lentidão na recuperação da economia americana e à queda no desempenho da China tornaram mais claros os efeitos que o cenário externo geraria sobre a economia brasileira. Isso fez com que os agentes econômicos promovessem sucessivas revisões para baixo nas expectativas do mercado em relação ao PIB e à produção física. Reforçou esse quadro ainda a gradual percepção do mercado de que as medidas de incentivo ao consumo não estavam mais gerando os altos efeitos esperados e acontecidos em anos anteriores e, principalmente, que a indústria não apresentava reação.

O governo implementou algumas medidas para estimular a economia. Qual é a sua avaliação? As mudanças já surtiram efeito?

Para a indústria, os números falam por si. Em 2012, as medidas anunciadas não reverteram um quadro de declínio da atividade no setor. Devemos lembrar, contudo, que a maior parte das medidas anunciadas em 2012 para a indústria serão implementadas, de fato, somente em 2013, ou tem seus efeitos sobre a economia e a indústria somente no médio e longo prazo. A redução da Selic, por exemplo, no primeiro momento tem a função de estimular o crédito ao consumo e reduzir o custo de capital de giro das firmas. Num segundo momento, quando o mercado percebe que as taxas de juros permanecerão em patamares reduzidos, aí essa medida passa a provocar o estímulo a investimentos produtivos na economia, onde investidores que até então concentravam seus investimentos em portfólio (títulos do governo) começam a realocar seus recursos para ativos reais, ou seja, projetos nas áreas imobiliária, infraestrutura etc. Quanto à proposta de redução do custo da energia, ela é importante para o setor industrial, mas vigorará a partir de 2013, e a desoneração da folha de pagamentos para uma série de setores industriais, também acontecerá, preponderantemente, em 2013. Outra medida de extrema importância, mas que só gerará efeitos para a economia e a indústria no médio e longo prazo diz respeito ao pacote de concessões no setor de infraestrutura. Nessa questão, primeiro vamos assistir a um processo de discussões e avanços regulatórios, abertura de licitações etc., para, só depois as concessões saírem, de fato, do papel e se transformar em negócios efetivos para a indústria. De imediato, destacaria a decisão do governo em aplicar uma política de gestão sobre o câmbio, impedindo uma forte valorização do Real, medidas de proteção tarifária em setores fortemente afetados por uma concorrência predatória e desleal, e a redução das taxas de juros do BNDES por meio de linhas de financiamentos do Finame. Apesar dessas medidas, como salientado inicialmente, as mesmas não geraram o efeito esperado sobre o setor industrial em 2012. Acreditamos que as medidas citadas contribuirão para um PIB industrial melhor em 2013.

Qual é a expectativa para o fechamento do PIB de 2012?

Conforme estudos desenvolvidos pela área econômica da Fiemg, estamos projetando o PIB brasileiro crescendo 0.9% em 2012 e o PIB de Minas Gerais crescendo 2,6%.

Quais são os entraves que tiram a competitividade das empresas brasileiras e mineiras?

Podemos dividir em dois tipos de entraves da indústria brasileira e mineira: os internos e externos. Os internos dizem respeito à dificuldade de investir em renovação de planta, máquinas e equipamentos, contratar e treinar mão de obra qualificada, arcar com os altos custos de produção, sejam eles trabalhistas, burocráticos, tributários etc. Os entraves externos geralmente são ligados a fatores que fogem ao controle do empresário, como baixa qualidade da infraestrutura, insegurança jurídica, burocracia ambiental, entre outros.Podemos dividir em dois tipos de entraves da indústria brasileira e mineira: os internos e externos. Os internos dizem respeito à dificuldade de investir em renovação de planta, máquinas e equipamentos, contratar e treinar mão de obra qualificada, arcar com os altos custos de produção, sejam eles trabalhistas, burocráticos, tributários etc. Os entraves externos geralmente são ligados a fatores que fogem ao controle do empresário, como baixa qualidade da infraestrutura, insegurança jurídica, burocracia ambiental, entre outros.

Quais medidas governamentais ainda são necessárias para fortalecer a indústria nacional e também a mineira?

Fazendo uma análise mais macro, entendemos que o fortalecimento da indústria no Brasil ainda depende de muitas medidas que vão além das medidas pontuais propostas pelo governo. Vale ressaltar, hoje o setor industrial é o segmento fragilizado, o governo está ciente e preocupado com esse quadro, o que é positivo, mas os avanços institucionais para estimular a consolidação de um parque produtivo de competitividade mundial ainda são muito lentos e de difícil solução. A indústria é o setor mais dependente de uma boa infraestrutura de transportes no País, onde os custos relacionados à recepção de matérias primas e distribuição dos produtos no mercado são relevantes, pois ela não opera localmente. Na média geral, é um setor energo-intensivo, num País com uma das energias mais caras do mundo por conta, principalmente, dos impostos que recaem sobre este insumo. Tem forte dependência de capital de giro, pois tem um ciclo produtivo longo e sofre de uma legislação tributária que impõe o papel de funcionar como substituto tributário numa série de setores. O País possui ainda taxas de juros finais ainda extremamente elevadas, uma vez que a Selic caiu bastante, mas os juros finais pagos pelas empresas permanecem em patamares fora da realidade mundial. Também é o setor que arca com os maiores custos na gestão ambiental do seu processo produtivo, independente do porte da empresa. Quanto à mão de obra, é a mais cara por conta das especializações exigidas e onde a base sindical está mais bem estruturada, conquistando com isso, ano a ano, relevantes ganhos salariais acima da produtividade. Todos esses fatos atuando juntos num mercado aberto à concorrência cada dia mais acirrada exigem que a indústria opere com margens cada vez mais reduzidas. O efeito disso é a redução na capacidade de investimentos da indústria, portanto, uma menor capacidade de modernização do seu parque produtivo e de investimento em inovação.

Como o Sr. projeta 2013 para a economia mineira e brasileira?

Acreditamos num cenário melhor para a indústria mineira e brasileira em 2013. Estamos projetando que o Brasil e Minas Gerais cresçam próximo de 3,2% em 2013, justificado por uma gradual melhora da economia mundial, principalmente do mercado asiático e norte-americano, e pela maturação de uma série de medidas adotadas pelo governo em 2012, já apontadas anteriormente, como redução no custo da energia, nos encargos sobre a folha de pagamentos e pela retomada dos investimentos, inclusive do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A economia mineira é fortemente atrelada a setores dependentes do mercado internacional, como mineração e agricultura. A crise na Europa e a desaceleração da Ásia devem afetar os números de exportação de Minas Gerais em 2013?

Sim, as exportações de Minas foram afetadas em 2012 por conta da crise na Europa e o menor crescimento chinês. Para 2013, acreditamos numa estagnação das exportações. A economia mineira responde por quase 15% das exportações brasileiras e a União Europeia compra quase 23% das nossas exportações. Se esse continente vai mal, a economia mineira é afetada e não temos grandes expectativas em relação à Europa em 2013. A China e demais países da Ásia responderam até novembro de 2012 por 46,7% de nossas exportações. Considerando esse quadro, e o fato dos preços de nossas principais commodities (minério, café e açúcar) apresentarem declínio nos seus índices de preços, acreditamos que teremos um aumento na demanda chinesa por nossas commodities, mas em termos de preço essa variação será pequena. No resultado geral, o mais provável é as exportações ficarem estáveis no período 2012/2013, próximo de US$ 32 bilhões.

Com o mercado interno aquecido aumenta o interesse de empresas estrangeiras no Brasil. As indústrias mineiras já sentem a maior concorrência? Há meios de competir com o que vem de fora?

De acordo com a Sondagem Industrial, a concorrência acirrada é o terceiro maior problema enfrentado pelo empresário mineiro. A absorção de produtos importados na economia está crescendo cada vez mais. Para competir com esses produtos, precisamos primeiramente reduzir os custos de produção e elevar a produtividade constantemente. Maior qualidade de mão de obra, mais investimentos em educação e infraestrutura adequada são essenciais para isso. Outro fator importante é preparar nossas empresas para receber investimentos externos, que em geral vem através dos instrumentos do mercado de capitais, como private equity, venture capital, fusões etc. Notamos que há muitas empresas no mundo querendo investir no Brasil, não montando uma empresa aqui, mas investindo em uma já existente, pois é mais simples e seguro. Portanto, precisamos investir em alta governança e gestão, qualidade de planejamento e contabilmente transparente.

Além de medidas no campo econômico, os governos e parlamentos podem ajudar na retomada da atividade industrial com alguma norma ou nova legislação?

Com certeza. Precisamos trazer à tona as discussões sobre as reformas trabalhista, tributária, previdenciária, entre outras. Precisamos cobrar redução de custos tributários ligados à produção, eficiência e rapidez nos programas de parceria público-privadas e concessões, mudanças no Estado para abrir maior espaço para investimentos. Os entraves externos à competitividade sempre passam de alguma forma pelo executivo e legislativo. Precisamos estar atentos para cobrar essas medidas. A Agenda de Convergência trabalhada pela Fiemg, entidades de classe do Estado, Governo do Estado e deputados e senadores de Minas vai nessa direção. Desde o início de 2012 estamos trabalhando com toda a bancada legislativa de Minas no Congresso Nacional para defender e lutar por projetos econômicos, sociais e de infraestrutura considerados mais relevantes. Dentre eles, por exemplo, a duplicação da Rodovia Fernão Dias é um exemplo de mobilização das instituições citadas para todos juntos pressionarem pela aceleração e viabilização deste projeto.

Algumas discussões no âmbito político e jurídico afetam diretamente importantes empresas em Minas Gerais. O aumento dos royalties da mineração pode trazer benefícios ao Estado de Minas Gerais e à sua economia?

Acredito que o aumento dos royalties da mineração pode trazer benefícios ao Estado de Minas Gerais e sua população se essa receita tributária adicional for capaz de trazer externalidades positivas para a economia do que aquelas que ela gera com uma indústria de mineração menos tributada. Portanto, precisamos estudar melhor essa questão, levando em conta qual será a destinação segura e estável de uma suposta maior arrecadação tributária, decorrente dos royalties. Exemplificando: se o aumento de royalties sobre a mineração servir para a elevação de receitas e despesas de custeio no setor público, então somos veementemente contra tal proposta, pois não contribuirá para o crescimento econômico, até pelo contrário, contribuirá apenas para retirar competitividade de um dos únicos setores da indústria brasileira ainda competitivos.

E quanto às mudanças no setor elétrico, a energia mais barata para as empresas pode fomentar o crescimento da atividade industrial?

Sem dúvida alguma. Como já salientado, a indústria, numa série de setores, é alto consumidor de energia. A redução deste encargo reduzirá o custo de se produzir no Brasil, portanto, elevará a competitividade da indústria nacional.

 

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