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Por: Jorge Raggi

 

Estamos em época de mudança de paradigma do autocontrole para autogerência nas relações com o trabalho, a família, a sociedade e, o mais importante, nas relações internalizadas, dentro de cada um de nós, onde tudo é gerado e se projeta na sociedade. Não existe sustentações para avanço do autocontrole com o aumento da liberdade e da transparência. O autocontrole é um comportamento que desenvolvemos para sermos humanos, criarmos a consciência, o mundo do trabalho, a civilização. Suas bases são militares e religiosas. Cria hierarquias mais rígidas e competição. É muito esforço controlar as emoções, a nossa natureza animal e ser social.

Podemos constatar acompanhando o crescimento de uma criança. O autocontrole pode criar o guerreiro, o artista, o esportista, o santo. Pode estar em todas as atividades. No século XVIII, J. J. Rousseau levantou a questão: “O homem nasce livre e por toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos demais, não deixa de ser mais escravo do que eles. Como adveio tal mudança?”. Uma das respostas é o autocontrole excessivo que se projeta criando rígidos controles sociais engessando a vida.

Quando as condições permitem a vida se renova. A autogerência é uma flexibilização do autocontrole, é mais liberdade, menos engessamento do comportamento, mais adaptações à realidade presente. São dois caminhos de vida. Um busca mais o sucesso social, a competição, com o controle cada vez maior para atingir metas. E quem controla muito a si mesmo aprende a controlar as pessoas. Outro, a autogerência, introduz o conhecimento de si e da realidade no momento presente. Abre mais a percepção para o sentir, para as emoções e ações. É ainda visto como desorganizado, muita liberalidade. Mas pode ser um caminho de maior consciência do presente, com menos amarras com o passado e com o “vir – a – ser”, maior liberdade interna que se projeta na externa.

Quem dá liberdade a si, dá às pessoas. Esta mudança de paradigma, principalmente a partir dos anos de 1960, foi trabalhada na gestão empresarial por Douglas McGregor, 1960, Teoria X (controle) e a Y (adaptação seletiva), na psicologia organizacional por Albert Bandura, 1977, com a teoria da Autoeficácia. Maiores conhecimento da realidade presente (cognição) e do nosso comportamento pode desenvolver o Método Cognitivo – Comportamental, quando bem avaliado nos resultados, apoiando a autogerência. A grande capacidade de cognição que temos ao nascer é uma busca de milênios para toda uma vida: estar no conhecimento original, com percepção plena, no presente, sem engessamentos.

As descobertas das neurociências sinalizam que o Eu cerebral não tem uma unidade, uma sede, uma localização. Tem interações, plasticidade, adaptações. A realidade é: sou o cérebro – tão óbvio que é difícil perceber. A efetivação desta mudança de paradigma será comprovada com a linguagem. Por sermos divididos psiquicamente, mas de modo virtual, falamos meu braço, minha perna, como objetos que nos pertence – é um autocontrole. Com a autogerência seria o braço, a perna – sem o adjetivo possessivo: não é meu, uma posse, mas sou Eu.

Socialmente, as maiores liberdades com os regimes democráticos, o controle da natalidade, as crianças sem medos dos adultos, a vida sexual mais plena, a internet, a biologia comportamental, as informações de fontes diretas, criam condições de reduzir medos com o conhecimento de si mesmo. Talvez, em um futuro, no mundo do trabalho de cada um de nós, poderá haver o exercício de uma arte, mais trabalhos voluntários, para facilitar a criatividade e o autoconhecimento, reduzindo os níveis de violência interna e externa. Não existe a possibilidade de ser o que não é. Um autocontrole com mais liberdade caminha para a autogerência oxigenando nossa vida interna que se projeta no trabalho, na família e na sociedade.

 

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