As cidades que possuem atividades minerárias ativas e o estado de Minas Gerais correm risco de colapso com a interrupção das operações 

A diretoria da Associação de Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (AMIG) e os prefeitos das cidades de Nova Lima, Congonhas, Brumadinho, Itabirito, São Gonçalo do Rio Abaixo e Sarzedo estiveram reunidos com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, No dia 28 de fevereiro último, com o objetivo principal de deliberarem sobre a importância da atividade minerária nos municípios que possuem barragens da mineradora Vale S.A, cuja paralisação afetará fortemente a economia de Minas Gerais. As operações nos municípios correm o risco de serem suspensas em virtude do descomissionamento das barragens em diversas regiões do estado. Os prefeitos pediram a intervenção do governador junto à mineradora para que não se confirmem as informações extraoficiais sobre a paralisação das atividades.

A AMIG solicitou ao governador que o estado lidere, juntamente com a Associação, um movimento de diálogo institucional em defesa da atividade e de toda a cadeia produtiva da mineração, protegendo empregos e a economia do estado, inclusive da capital. Este movimento de defesa deve envolver a participação do Ministério Público, do Judiciário, do Legislativo, de órgãos ambientais, do Governo Federal, com o objetivo de garantir a segurança absoluta da atividade no estado. O presidente da AMIG e prefeito de Nova Lima, Vitor Penido de Barros, ressalta que se não forem adotadas iniciativas para manter a cadeia produtiva, diversas pessoas serão impactadas com a paralisação da Vale. “As cidades que possuem atividades minerárias ativas, correm risco de colapso com a interrupção das operações, especialmente, Nova Lima, Brumadinho, Ouro Preto, Congonhas e São Gonçalo do Rio Abaixo”, destaca o presidente da AMIG.  De acordo com o consultor de Relações Institucionais da AMIG, Waldir Salvador, a Associação alertou o governador que os reflexos econômicos não se restringem à Vale, mas também a outras mineradoras e fornecedoras de insumos, inclusive com as restrições em relação ao licenciamento ambiental.

Muitas cidades já estão tendo prejuízos, sendo que algumas, inclusive, não têm ligação direta com as barragens da Vale, como é o caso de Sarzedo. “A tragédia de Brumadinho não é o espelho de tudo o que acontece no estado e não podemos, por causa do acidente criminalizar a atividade. O segmento de mineração é importante e tem que ser próspero para gerar divisas, como empregos e renda. O que não podemos mais admitir é que aconteçam tragédias como as de Mariana e Brumadinho. Mas atividade mineradora deve continuar pujante para que o estado não perca a sua competitividade e representatividade econômica, o que é difícil de recuperar a curto prazo, até para diversificar sua matriz econômica que ainda é muito concentrada na mineração, siderurgia etc”, defende o consultor da AMIG.

A AMIG solicitou ao governador a reedição do Conselho Estadual de Geologia e Mineração, que funcionaria novamente como um órgão de assessoramento ao estado nos assuntos relativos à mineração de forma a acompanhar, diligenciar e fomentar a atividade em Minas Gerais. Zema disse que irá analisar a proposta e mobilizar o governo para a criação de uma estratégia específica para cuidar desse assunto, sem afirmar se será formatado como um conselho ou uma secretaria extraordinária.

Sem intenção de deixar o estado

No mesmo dia, na parte da tarde, a diretoria da AMIG e os prefeitos reuniram-se com o diretor executivo, Luiz Eduardo Osório, e o diretor de sustentabilidade Regional da Vale, Sergio Leite, para pedir explicações sobre a declaração de que mineradora irá paralisar as atividades em algumas minas de minério de ferro no estado. Os representantes da Vale disseram que a mineradora não tem a intenção de deixar Minas Gerais e que vai continuar investindo no estado. A AMIG pediu ainda que as barragens sejam transformadas em fontes de negócios para a geração de emprego e renda para os municípios.

Waldir Salvador disse que o encontro foi um momento de cobrar da Vale uma nova forma de se relacionar com os municípios, muito mais clara, ética, permanente, com o compartilhamento de informações em relação aos reais impactos da atividade nos municípios, visto que os prefeitos são cobrados pelas suas comunidades. “Os municípios querem da Vale um tratamento de igualdade, recebendo todas as informações necessárias sobre cada atividade desenvolvida. É preciso se inaugurar uma nova forma de se minerar no país, principalmente nas cidades, porque é nelas que as coisas acontecem. Queremos isso de forma técnica, institucional e aberta e para continuar defendendo o segmento pela importância que ele tem, precisamos de informação, principalmente em relação a essa possível diminuição temporária da produção no estado, do desmonte e do descomissionamento dessas barragens”, enfatiza Waldir. O consultor da AMIG acrescentou ainda que foi enfatizado para os representantes da mineradora, a importância do aproveitamento econômico das barragens, já que essas estruturas guardam uma grande quantidade de fino de minério de ferro de alto teor e que pode trazer retorno para as cidades e para o estado, gerando, inclusive, novos empregos.

Os prefeitos apresentaram grande preocupação com o possível desemprego de funcionários diretos da Vale, bem como dos terceirizados que prestam serviço à empresa. De acordo com a AMIG, o impacto na empregabilidade englobará 65 mil postos de trabalho, diretos e indiretos. Uma nova reunião foi agendada para a primeira quinzena de março entre a mineradora, a diretoria da AMIG e prefeitos, para conhecer em detalhes as condições de todas as barragens e o que vai acontecer de fato com a diminuição da produção no estado e uma possível negociação de uma transição para esse período

 

 

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