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A Cidade Administrativa, por sua dimensão e objetivo, só requer um elemento imaterial e indisponível para consolidar-se: o tempo

Queiram ou não os críticos da Cidade Administrativa, a execução daquele projeto pode ser definida como a obra do século em Minas Gerais. Embora outras capitais nos precederam nesta estratégia de concentração de serviços públicos, não houve edificação mais grandiosa e mais deslumbrante do que ela, que, de Centro Administrativo, ganhou uma qualificação mais adequada (a de Cidade Administrativa), desde que centralizar- se-á ali toda a administração direta estadual e outros órgãos da administração indireta, dispondo de estacionamento
com milhares de vagas e espaços previstos para tantos mais, excelente serviço de transportes internos, amplo e eficiente atendimento bancário com terminais eletrônicos em todos os andares, de bons restaurantes, outros de fast food, lojas de conveniência e sítios para convivência, completando com instalações confortáveis para os servidores, tudo pensado e remetido pela prancheta sempre iluminada de mestre Niemeyer, um dos poucos brasileiros que serão lembrados daqui a cem anos.
Não há, objetivamente, nada a desqualificar a iniciativa da edificação.

A localização, a construção esmerada, o acesso, a disposição dos edifícios, o entorno, o paisagismo, enfim, a concepção extraordinária do grande arquiteto foi uma benção para o desenvolvimento dos serviços públicos, principalmente no futuro. A obra ainda está por completar-se, obviamente, e o que carece para que se consolide é o desafiante problema da mobilidade urbana, que, se não se encontra teoricamente concluído, passos visíveis estão se dando para que esta espera angustiante não se prolongue. Quando o transporte público para aquele ponto da cidade se concretizar, estarão superados os flagelos por que padecem os servidores.

Afastado o questionamento da iniciativa, dar-se-á com a Cidade Administrativa o mesmo que se deu com Brasília, no início uma promessa tímida, abarrotada de maus augúrios, porém, hoje, uma glória da arquitetura brasileira, uma vitória para todos nós, no futuro sempre um orgulho, já declarada pela UNESCO como patrimônio da humanidade. A internacionalização do país começou com Brasília. E foi Malraux, aquele fidalgo contemporâneo da cultura mundial que proclamou para todo o planeta, ao defrontar-se com o Palácio do Planalto, que se encontrava diante do verdadeiro palácio que] se via após a Renascença.

Minas já dispõe há bom tempo de um palácio legislativo soberbo, à altura de sua tradição e dos deveres parlamentares, iniciativa que o povo aplaudiu e o governo de Minas, igualmente convicto da necessidade imperiosa, custeou.

A Cidade Administrativa, atualmente, só carece de um elemento, absolutamente imaterial: o tempo. É com o tempo que as melhorias serão proclamadas, é com o tempo que a Administração se empenhará na profissionalização do serviço público, é com o tempo que aquele harmonioso espetáculo visual se imporá como obra há muito indispensável. Juscelino cumpriu a Constituição e seu destino. A Cidade Administrativa,
contudo, edificou-se como obra de um governo, de um conjunto de cérebros e vozes respeitáveis que tenderam a
uma necessidade visível que era responder à saturação da veneranda Praça da Liberdade, onde aqueles belos e vetustos edifícios que deram origem à Capital já não mais conseguiam acolher os funcionários que, por cem anos, contemplando os cinamomos e as imperiais palmeiras, ali atuaram ao serviço de Minas.

Estamos vivendo tempos novos. Porém, a preservação do passado é obrigação de todos. A destinação dos imóveis oficiais lindeiros à praça se realizou a crédito de funções nobres e de incontestável interesse público. Os objetivos, assim, conciliaram-se, cedendo o Estado aquelas escadarias belgas e coberturas riquíssimas para a implantação de funções científicas e de ilustração. Aquelas paredes, contudo, guardaram lembranças inesquecíveis de seus hóspedes. Um dos episódios (repetidos naquelas dependências) precisa ser divulgado
para que a geração de hoje saiba das dificuldades por que passam os governantes. Nos idos de 1948, quando o ilustríssimo doutor Magalhães Pinto ocupava a Secretaria de Finanças (era a designação, à época), no governo do ínclito Milton Campos, todo final de mês preparava-se uma operação para que o secretário se deslocasse em
viagem ao Rio, pela antiga Panair, para cumprir compromisso relevante: estar presente à Rua da Alfândega, no escritório de um usurário, para recolher recursos para complementar o pagamento da folha de pessoal do
Estado. A testemunha, por mais de uma vez, transmitiu a cena em lágrimas.

Os novos tempos de Minas não são mais como aqueles. Já acordamos para o desenvolvimento e a internacionalização.

As demandas de hoje, que reclamam respostas rápidas e soluções eficientes, colocou também à nossa disposição variadas ferramentas tecnológicas. E estas, só se instalam em espaços adequados, onde são franqueadas aos usuários para se alcançarem trabalhos e metas propostas pela Administração.

A Cidade Administrativa, assim, passa a ser a meta síntese do governo de Minas, pois é lá que se pensa o Estado e é de lá que emanam as diretrizes para o nosso progresso e bem estar. Para sua consolidação é importante a participação de todos, inclusive dos críticos, desde que isentos de paixão partidária. Aquela edificação, a um tempo funcional e majestosa, com seu conteúdo humano é uma realidade irreversível
e a tarefa de se consolidá-la será de governos sucessivos.

Há milênios a assembléia ateniense se opôs ante o projeto de Péricles da construção de um templo da democracia, que tanto serviço prestou à República de Atenas. Tivesse aquele sábio se rendido, nem a antiga Grécia nem o mundo teriam hoje o Parthenon.

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