Inimá Souza*

A clausura imposta pelo vírus elevou, expressivamente, o consumo de vinho, e os números confirmam. O queijo, sua recorrente companhia, também se beneficia da quarentena com crescimento no consumo, sobretudo, em determinados segmentos sociais. Ambos, juntinhos, formam um par perfeito – e, sobre isto, já escrevi aqui -, mas, com critérios, senão adeus harmonia.

Os encantadores queijos de veios azuis, maturados (Gorgonzola, Roquerfort, Stilton), andam de braço com espumantes Brut e Extra Brut ou com um vinho branco doce natural, Late Harvest (Colheita Tardia), por exemplo; e, elevando o nível, Tokaji, Sauternes, vários alemães e os fortificados doces, como, Porto e Madeira.

Queijos de massa dura (Grana Padano, Parmesão, Minas Curado, Gruyère), exigem um pouco de atenção: os mais salgados, vinho branco doce natural – mencionados acima -, e fortificados doces; menos salgados, vinhos tintos secos encorpados, Tannat, Cabernet Sauvignon, Carmenère, e para gastar um pouco mais,  Amarone, Rioja, Brunello di Montalcino.

A lista dos queijos de massa semidura inclui Minas Padrão, Minas Meia-cura, Gouda, Canastra, Emmenthal, Maasdam, Cobocó, Edam, Azeitão, Provolone. Seus vinhos podem ser espumantes Brut, Extra Brut; brancos com bom corpo e passagem por madeira, Chardonnay, Gewurztraminer, Sauvignon Blanc, Viognier; e um elenco de tintos de médio corpo: Cabernet Sauvignon, Merlot, Carmenère, Malbec, Syrah, esses, aqui do Novo Mundo, e, do Velho Mundo, Dão, Rioja, Bordeaux, Valpolicella, Chianti e outros.

Queijos de massa mole, baixa maturação – entre os tantos, Prato, Brie, Camembert, Reino, Serra da Estrela, Saint-Paulin, Chabichou e alguns queijos de leite de cabra -, além dos espumantes já citados, vinhos brancos e roses com boa estrutura. O Sauvignon Blanc tem lugar especial nessa relação. Tintos, aqueles de médio corpo, incluindo uma gama de brasileiros.

Aqueles de massa fresca, ou queijos frescos (Queijo Minas Frescal, Mussarela de Búfala, Ricota, Cottage e Cream-cheese), também os polivalentes espumantes, Vinhos Verdes brancos de Portugal, alguns brancos de média estrutura (Chenin Blanc, Torrontés, Gewurztraminer, Chardonnay), rosés brasileiros e outros latinos.

Bem ajustados – inclusive, quanto às características regionais de ambos -, vinho e queijo, queijo e vinho, não apenas mutuamente se realçam como trazem para a mesa a certeza de plena satisfação.

SUL DE MINAS

Na paisagem vitícola brasileira o Sul de Minas é roteiro merecedor de destaque. Além da produção de vinhos finos de inquestionável qualidade, seu enoturismo inclui desde paisagens urbanas históricas até vales e encostas cortadas por estradinhas de bucolismo encantador, que atravessam vinhedos onde predominam as uvas Syrah, Cabernet Franc, Chardonnay, Sauvignon Blanc, e várias outras. A Região concentra diversas vinícolas com projeção nacional.

Encurtado o mundo, devido a Pandemia, os roteiros do enoturismo regionais e nacionais passaram à condição de melhor opção para essas rotas de conhecimento e prazer. E o Sul de Minas é um deles.

VINHO BRASILEIRO – 2020, A SAFRA DAS SAFRAS

Cantada em prosa e verso, a safra de 2020, para vinhos brasileiros, está sendo considerada a melhor de todos os tempos por produtores e órgãos representantes do setor. Em conversa com alguns, pude perceber o entusiasmo.

A expectativa, pois, é de excelentes vinhos, a começar com os espumantes – cuja tradição de qualidade é amplamente reconhecida -, e certamente já chegando ao mercado (ao menos os produzidos pelo método Charmat), juntamente com os brancos e os rosés.

Logo, estarão aí os tintos jovens, e mais para frente, os de médio corpo, seguindo-se os encorpados; numa sequência que nos permitirá apreciar todo o resultado dessa safra histórica, que consagra um vasto elenco de uvas – e seus vinhos, entre as quais, Cabernet Franc, Malbec, Merlot, Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional, Marselan, syrah, Ancellotta, Tannat, Riesling, Chenin e Gewurztraminer.

Tim, tim.

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