Em 2018, a conta de transações correntes contabilizou déficit de US$ 14,5 bilhões, superior ao observado no ano de 2017, quando houve déficit de US$ 7,2 bilhões. Este resultado reflete a queda de 16% da balança comercial no ano de 2018, em comparação ao ano de 2017, em decorrência da expansão das importações em ritmo acima ao das exportações no ano, como consequência da menor safra observada no ano de 2018, somado a uma melhora, ainda que comedida, da atividade econômica no Brasil, que proporcionou um maior avanço das importações de bens e serviços no ano. Deve-se observar, também, o montante de importações líquidas decorrente do programa Repetro, de quase US$ 4 bi no ano, o que contribuiu para a retração da balança comercial.

De acordo com relatório da Rosenberg & Associados, “na divulgação do dado mensal de dezembro, a conta de transações correntes teve déficit de US$ 815 milhões, inferior ao resultado observado em dez/17, quando registrou déficit de US$ 2,1 bi. Assim, o déficit acumulado em 12 meses caiu de US$ 15,7 bilhões até novembro para US$ 14,5 bi até dezembro (0,77% do PIB). O resultado reflete o superávit comercial de US$ 6,1 bilhões em dez/18, com crescimento interanual de 3% nas importações de bens e de 11% nas exportações de bens.

O Investimento Direto no País atingiu US$ 9,0 bilhões em dezembro, superior ao observado no mesmo mês do ano passado (US$ 3,1 bilhões). No ano de 2018, portanto, o IDP totalizou US$ 88,3 bilhões (4,70% do PIB), sendo este o maior percentual observado desde junho de 2001. Percebe-se que o IDP é mais do que suficiente para cobrir o déficit em Transações Correntes, corroborando a visão de que as contas externas estão em patamar confortável. Vale notar que grande parte deste aumento reflete a expansão de empréstimos intercompanhia.

O estoque de linhas com recompra totalizou US$ 12,3 bilhões ao final de dezembro de 2018.

Em 2018, as reservas internacionais aumentaram US$ 743 milhões. As operações de linhas com recompra contribuíram para reduzir o estoque das reservas em US$ 4,3 bilhões, enquanto as variações por preços e por paridades proporcionaram redução de US$ 2,2 bilhões, e as receitas de juros, incremento de US$ 6,4 bilhões. A receita de juros de reservas em 2018 foi a mais elevada desde 2008, quando atingira US$ 7,2 bilhões” .

ENDIVIDAMENTO EXTERNO

A posição da dívida externa bruta estimada para dezembro de 2018 totalizou US$ 316 bilhões. Atualmente, as reservas internacionais superam a dívida externa bruta (representam 118,5% da dívida externa bruta) e a dívida de curto prazo (representam 354% da dívida). Além disso, o serviço da dívida atualmente se encontra em patamar bastante reduzido, representando 46% das exportações de bens e serviços.

De acordo com a Rosenberg & Associados “os indicadores de endividamento externo mostram uma situação bastante confortável. Este é um importante colchão de segurança para o Brasil, especialmente em tempos de crise (as últimas sempre eram acompanhadas, ou causadas, pelo balanço de pagamentos)”.

PERSPECTIVAS

O relatório da Rosenberg & Associados acrescenta que “em 2019 espera-se a continuidade da acentuação dos déficits: tanto pela recuperação da atividade econômica como pelos patamares mais baixos dos preços das commodities internacionais, além do efeito do programa Repetro, que tende a ser pouco maior que o registrado em 2018.

Apesar desta piora, os patamares de déficit são ainda baixos, com menor pressão do lado real da economia sobre a taxa de câmbio. As oscilações do câmbio, portanto, continuam mais atreladas ao movimento global de dólar, bem como às preocupações com a sustentabilidade das contas fiscais (em boa medida, atrelada ao sucesso na aprovação de reformas, especialmente da previdência).

Quanto ao financiamento deste déficit, a perspectiva de entrada de IDP (antigo IED) em 2019 é ao redor de US$ 90 bilhões, patamar historicamente elevado. A realização de privatizações/concessões pode elevar ainda mais este dado, caso se concretizem ainda neste ano. Os ativos brasileiros estão com preços atrativos e ainda com boas perspectivas e maiores oportunidades de crescimento de longo prazo, impulsionando a captação de poupança externa.

Em suma, não se deve observar redução das reservas internacionais. A trajetória de ajuste das contas externas é saudável e não se esperam problemas no Balanço de Pagamentos, que segue bastante sólido. As Reservas Internacionais e o fato do Brasil ser credor líquido (dívida pública e privada menor que as reservas) é um fundamento relevante em momentos de crise, com pressão reduzida sobre o câmbio”.

 

 

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