Tiradentes permanece vivo após 231 anos de sua morte
Tiradentes permanece vivo após 231 anos de sua morte
Tiradentes permanece vivo após 231 anos de sua morte

Mauro Werkema*                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              

Em 21 de abril de 1792, Tiradentes sobe ao cadafalso no Rio para seu enforcamento.  Em 2023, aos 231 anos de sua morte, o perfil humano e revolucionário de Tiradentes permanece com imensa e significativa atualidade na memória dos brasileiros. O alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, em uma só frase, demonstra sua permanência na histórica e na ideologia e que se aplica aos nossos dias: “Se todos quisessem, poderíamos fazer do Brasil uma grande nação”. Tiradentes, mártir e líder maior da conjuração de 1789, consolidou e ampliou sua reputação de herói popular. Pagava com a vida, aos 46 anos, por suas ideias republicanas, anti-colonialistas e libertárias. E a Inconfidência Mineira se consagra, na visão contemporânea dos historiadores, como movimento precursor da Independência de 1822 e da República de 1889. E, a partir de 1871, o Movimento Republicano, que se inicia no Brasil, reabilita Tiradentes e Inconfidentes e os escolhe como símbolos da República desejada.

Relembrar e celebrar a Inconfidência Mineira com respeito, dignidade e reconhecimento, como faz a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo neste 2023, em Ouro Preto e Tiradentes, encontra plenas justificativas pelo resgate histórico e pela homenagem à própria Minas Gerais.  Contestado pelo regime colonial, mas glorificado pela História, Tiradentes e os inconfidentes, poetas, padres, militares e comerciantes, pregaram a liberdade pelos caminhos de Minas e se tornaram referência nativista pela Independência Brasileira, ocorrida justamente 30 anos após a execução do seu líder e degredo africano para os inconfidentes.  Nos Autos da Devassa, na confissão de sua pregação, Tiradentes reafirmou suas convicções e sua conduta:  foi traído, mas “não traiu jamais”.

Vida e ação de Tiradentes e a Inconfidência Mineira continuam produzindo debates e estudos elucidativos, com atualização de pesquisas e análises históricas. E que ampliam a dimensão contemporânea da Inconfidência Mineira: “O Tiradentes”, de Lucas Figueiredo, e “Ser republicano no Brasil Colônia”, de Heloisa Starling, ambos de 2018, são dois exemplos de historiadores mineiros com trabalhos sobre Tiradentes e a Inconfidência. O primeiro, obra exaustiva, desvenda e amplia vida do alferes, suas andanças por Minas e sua pregação revolucionária. O segundo revela a primazia da Inconfidência Mineira no ideal republicano brasileiro e seus significados nos movimentos nativistas. Ambos expõem as mazelas do regime colonial português e os modos de vida em Minas no Século XVIII, especialmente em Vila Rica, sempre rebelde e resistente à opressão, em meio a um surto artístico e cultural despertado pelo Iluminismo libertário dos inconfidentes e um catolicismo tridentino severo e opressivo.

Apaixonado por Aleijadinho e o Barroco Mineiro, Germain Bazin, diretor conservador do Louvre, de Paris, diz que “a descoberta das minas enriquece Portugal, mas também traz o fermento que o fará perder a colônia”.  Já o filósofo Sérgio Rouanet, estudioso do Iluminismo, diz que importante são as ideias, circulantes em Vila Rica, que discutiam a Independência Americana de 1776 e a Revolução Francesa de 1789.  Numa reveladora coincidência histórica, a 14 de julho de 1789 caia a Bastilha em Paris e, um dia antes, eram presos os inconfidentes em Vila Rica, em uma significativa contemporaneidade. Com Tiradentes, aliados pelo mesmo ideal, foram presos Claudio Manoel da Costa, Tomas Antônio Gonzaga e Alvarenga Peixoto, que completam o drama lírico-romanesco da Inconfidência. Revela-se a contemporaneidade ideológica dos inconfidentes mineiros.

Ao relembrar o sacrifício de Tiradentes não há como deixar de pensar na trajetória de Minas Gerais.  Nasce da riqueza do seu subsolo, que povoa seu território, conforma sua sociedade e sua identidade, mas também   atrai    ciclos de espoliação econômica, do Ciclo do Ouro e ao Ciclo do Ferro, que distinguem sua História Social e Econômica. Hoje, como em 1789, é justo esperar melhores retribuições à exploração da nossa riqueza natural.   A Inconfidência Mineira e seu mártir maior, Tiradentes, nos convidam a refletir. Entre passado e futuro paira a riqueza do nosso solo.  Exaltar a Inconfidência, sua inspiração e ideário, diz respeito à alma mineira, desde a “Minas inaugural”, a Minas minerária de Rosa, e os valores, tradições, identidade, mas também as lutas dos mineiros por dias melhores.

*Jornalista e escritor – [email protected]

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