Sem planejamento não sairemos do voo de galinha
Sem planejamento não sairemos do voo de galinha
Sem planejamento não sairemos do voo de galinha

Thomas Lanz*

Nas décadas de 1950/60, a Coréia do Sul era um dos países mais pobres do mundo, sobrevivendo de uma parca economia alicerçada na agricultura. Entretanto, conseguiu imprimir novos rumos, graças à vontade política de seus governantes, disposição ao sacrifício de seus habitantes e sobretudo a um planejamento metódico de médio / longo, prazos para o país. Nada mais do que 12 Planos Quinquenais se sucederam desde 1960, criando o arcabouço necessário para a Coréia do Sul se tornar uma potência econômica e tecnológica. Hoje o país é a 12ª economia do mundo e nos meados do século XXI será um país protagonista no cenário econômico mundial.

A visão do planejamento de médio / longo prazo permitiu este feito, pois o objetivo de se tornar um país industrializado e economicamente desenvolvido fez com que os planos, um após o outro, fossem coerentes entre si, independentemente das forças políticas, governantes e suficientemente resilientes para se adaptarem às mais diversas macros variáveis, como por exemplo: comércio exterior, guerras, desenvolvimentos tecnológicos, meio ambiente, etc.

O próprio título dos Planos, reflete as necessidades do país e objetivos a serem alcançados.

Em 1945, o Plano de nacionalização industrial já havia sido elaborado. Seguem-se os Planos de Exportação; Plano de controle de preços; Plano de Desenvolvimento Econômico e os quinquenais voltados à infraestrutura, melhoria do padrão de vida, modernização da economia, estímulo à economia verde, etc. O que marca o país é o forte poder do governo no estabelecimento e cumprimento dos planos assim como o fomento e a ligação com alguns grandes grupos industriais em mãos de algumas famílias empresárias. (Samsung, Hyundai, LG, etc).

Os planos sempre tiveram foram acompanhados pelo forte investimento na educação e pesquisa e foco na inovação tecnológica. E isso foi e tem sido muito importante para os resultados positivos.


Vamos passar a analisar o arcabouço do Planejamento francês, famoso pelos seus planos quinquenais. Estes continuam a vigorar mesmo na passagem de um governo a outro, independentemente da matiz, ideológica dos governantes que assumiram o governo.

Os planos são respeitados e seguidos. O fio condutor dos planos que se seguem a cada 5 anos é o crescimento econômico (pleno emprego) e a criação de uma ordem econômica estável que impeça o retorno a nacionalismos destrutivos que levaram, por exemplo, os países ao conflito da 2.ª Guerra Mundial. O bem-estar da população e a melhora da economia são ingredientes constantes dos planos.  A grande preocupação do governo em relação ao Planejamento são os contratos elaborados com as diversas regiões do País (espécie de estados). O planejamento pensa e é direcionado a todo o país e investimentos compartilhados entre governo central e regiões são muito bem vindos. A França desponta como forte economia mundial e protagonista no que tange o desenvolvimento científico e tecnológico.


O Brasil apresenta um grande contraste em relação a esses dois países no que se refere ao planejamento. Infelizmente a adoção de planos quinquenais ou similares lograram parcos êxitos no Brasil. Se fosse diferente, estaríamos provavelmente em um estágio muito mais avançado de desenvolvimento industrial e tecnológico, educacional e de bem-estar da população. Podemos elencar alguns marcos, vamos chamá-los de culturais, que atravancam o planejamento e sua linearidade temporal no Brasil.

Talvez o maior problema, sejam as divergências políticas. Estas impedem o planejamento de implementação de políticas efetivas. Sabemos que qualquer novo governo, busca apagar o que foi realizado e planejado pela gestão anterior, para carimbar o seu selo de prepotência e poder. Isso gera impasses e bloqueios nos processos de tomadas de decisão nas esferas federais, estaduais e municipais, respingando igualmente na esfera privada. A estabilidade institucional também é afetada neste tipo de situação, tendo impactos negativos na implantação de políticas de longo prazo.


Outro câncer que nos assola é a corrupção. 

Perdemos, atualmente, 5,0% de nosso Produto Interno Bruto (PIB,) para desvios de toda ordem, ou seja, praticamente o mesmo tanto que investimos em educação (6.1%). Recursos públicos são retirados de áreas vitais como educação, saúde e infraestrutura. Interesses particulares, públicos e políticos são favorecidos. 

Tivemos alguns planos de maior envergadura como o Plano de Metas de Juscelino Kubitschek (1956) talvez o mais exitoso plano brasileiro. Os PND, Planos Nacionais de Desenvolvimento, elaborados nos regimes militares começaram com alguma força minguando em efetividade durante os anos. No final da década de 80, observamos o esvaziamento do planejamento e das políticas governamentais relacionadas ao nosso país. No decorrer dos anos outras temáticas foram abordadas, mas no meu modo de ver pontuais, voltadas a corrigir graves problemas de ordem fiscal, monetária e política, nem sempre com o devido êxito.

Uma nova mentalidade terá se espalhar nas diferentes esferas do Brasil. Uma das ferramentas mais poderosas para colocar o crescimento nos trilhos deverá ser a transparência, integridade para que possamos ter um planejamento sério e ordenado.

*Presidente da Thomas Lanz Consultores

“Este artigo pode não refletir, necessariamente, a opinião desta publicação”

 

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