Selic é mantida em 13,75% - Brasil continua campeão das taxas reais mais elevadas do mundo
Selic é mantida em 13,75% - Brasil continua campeão das taxas reais mais elevadas do mundo
Selic é mantida em 13,75% – Brasil continua campeão das taxas reais mais elevadas do mundo

Em reunião de política monetária realizada no dia 22 de março, o Copom manteve a sua taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano. A decisão, novamente unânime, veio em linha com a expectativa consensual dos participantes de mercados. 

O comunicado da decisão sofreu ajustes importantes, mas, ao contrário do que apostava uma parcela dos participantes de mercado, não trouxe sinais consistentes de que uma flexibilização da política monetária seria iminente. 

A comentar o entorno internacional, o Copom avaliou que o “ambiente externo se deteriorou”, manifestando preocupação com os “episódios envolvendo bancos nos EUA e na Europa” que “elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados e requerem monitoramento”. 

Na conjuntura doméstica, o comunicado trouxe avaliação de que a atividade vem desacelerando em linha com a expectativa do Copom, mas que a inflação continua em níveis incompatíveis com as metas. Ademais, a autoridade continuou a manifestar preocupação com a elevação das expectativas inflacionárias, sobretudo para prazos mais longos; e revelou que suas projeções para a inflação também se elevaram, para todos os horizontes de projeção. 

O Copom também continuou a “dar ênfase dar ao horizonte [de projeção] de seis trimestres à frente, referente ao terceiro trimestre de 2024, cuja projeção de inflação acumulada em doze meses situa-se em 3,8% (no cenário de referência, que leva em conta a trajetória para a Selic de acordo com a mediana das projeções de mercado)”. No cenário alternativo do Copom, em que a Selic é mantida estável em todo o horizonte de projeção, a inflação alcança 3,3% no terceiro trimestre de 2024 e converge para a meta de 3% ao final de 2024. 

No balanço de riscos do Copom, houve duas mudanças. Entre os fatores de riscos altistas para a inflação, o Copom continuou a incluir (1) a persistência de pressões inflacionárias globais e (2) a incerteza sobre o arcabouço fiscal, mas substituiu o risco de um “hiato do produto mais estreito (…), sobretudo no mercado de trabalho” pelo risco de “desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos”. 

Já entre os fatores de risco baixista para a inflação, o Copom continuou a incluir (1) um recuo mais forte nos preços das commodities e (2) uma desaceleração global mais acentuada, acrescentando que isso poderia ocorrer sobretudo “em função condições adversas no sistema financeiro global”; mas trocou o risco de “manutenção dos cortes de impostos” pelo risco de “uma desaceleração na concessão doméstica de crédito maior do que seria compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária”. 

O Copom também reafirmou que “a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual”, assinalando que, por um lado, “a recente reoneração dos combustíveis reduziu a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo”; mas que, por outro lado, “a alta volatilidade nos mercados financeiros e as expectativas de inflação desancoradas em relação às metas em horizontes mais longos demandam maior atenção na condução da política monetária”. 

No trecho prospectivo do comunicado, o Copom afirmou que “segue vigilante”, avaliando que a estratégia de manutenção da taxa básica de juros “por período prolongado” (e não mais “por período mais prolongado do que no cenário de referência”) será capaz de assegurar a convergência da inflação. A exclusão dessa citação ao cenário de referência amplia a liberdade do Copom ao longo das próximas reuniões, ao eliminar a referência direta à manutenção dos juros por um período mais prolongado que aquele considerado no cenário de referência (que leva em conta a trajetória para a Selic de acordo com a mediana das projeções de mercado). 

No entanto, vale destacar que o Copom manteve a sinalização de que “irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, novamente enfatizando “que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”. 

Em resumo, o comunicado de política monetária tende a reafirmar a curva projetada pelo mercado para a Selic, que prevê um ciclo de flexibilização monetária começando apenas no final deste ano. No entanto, avaliações feitas indicam que as chances de que o ciclo de redução da Selic seja antecipado parece superar a probabilidade de que ele só venha a ser implementado no ano que vem. Isso porque o desaquecimento econômico e os riscos de contração aguda do mercado de crédito poderão passar a ter maior peso nas decisões do Copom. 

Uma antecipação do ciclo de flexibilização está, em boa medida, condicionada a dois fatores: (i) que a definição do arcabouço fiscal ajude a moderar, e não a acentuar, as incertezas e a desconfiança na condução da política econômica; e (ii) que as metas de inflação para os próximos anos sejam recalibradas sem causar prejuízos à credibilidade do regime de metas e/ou dispersão adicional significativa das expectativas inflacionárias.

E? a seguinte a nota oficial do COPOM de 22marc?o2023

É a seguinte a nota oficial do COPOM de 22março2023:

“Desde a reunião anterior do Comitê de Política Monetária (Copom), o ambiente externo se deteriorou. Os episódios envolvendo bancos nos EUA e na Europa elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados e requerem monitoramento. Em paralelo, dados recentes de atividade e inflação globais se mantêm resilientes e a política monetária nas economias centrais segue avançando em trajetória contracionista.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores mais recentes de atividade econômica segue corroborando o cenário de desaceleração esperado pelo Copom. A inflação ao consumidor, assim como suas diversas medidas de inflação subjacente, segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação. As expectativas de inflação para 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus se elevaram desde a reunião anterior do Copom e encontram-se em torno de 6,0% e 4,1%, respectivamente.

Na mesma linha, as projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência* elevaram-se para 5,8% em 2023 e para 3,6% em 2024. As projeções para a inflação de preços administrados são de 10,2% em 2023 e 5,3% em 2024. O Comitê optou novamente por dar ênfase ao horizonte de seis trimestres à frente, referente ao terceiro trimestre de 2024, cuja projeção de inflação acumulada em doze meses situa-se em 3,8%. Em cenário alternativo, no qual a taxa Selic é mantida constante ao longo de todo o horizonte relevante, as projeções de inflação situam-se em 5,7% para 2023, 3,3% para o terceiro trimestre de 2024 e 3,0% para 2024. O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual.

O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; (ii) a incerteza sobre o arcabouço fiscal e seus impactos sobre as expectativas para a trajetória da dívida pública; e (iii) uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma queda adicional dos preços das commodities internacionais em moeda local; (ii) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada, em particular em função de condições adversas no sistema financeiro global; e (iii) uma desaceleração na concessão doméstica de crédito maior do que seria compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária.

Por um lado, a recente reoneração dos combustíveis reduziu a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo. Por outro lado, a conjuntura, marcada por alta volatilidade nos mercados financeiros e expectativas de inflação desancoradas em relação às metas em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária.  O Comitê avalia que a desancoragem das expectativas de longo prazo eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. Nesse cenário, o Copom reafirma que conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas.

Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% a.a. O Comitê entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e, em grau maior, de 2024. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

Considerando a incerteza ao redor de seus cenários, o Comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que mostrou deterioração adicional, especialmente em prazos mais longos. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado. 

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Bruno Serra Fernandes, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Sérgio Neves de Souza e Renato Dias de Brito Gomes. 

* No cenário de referência, a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de USD/BRL 5,25, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC). O preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passa a aumentar 2% ao ano posteriormente. Além disso, adota-se a hipótese de bandeira tarifária “amarela” em dezembro de 2023 e de 2024. O valor para o câmbio é obtido pelo procedimento usual de arredondar a cotação média da taxa de câmbio USD/BRL observada nos cinco dias úteis encerrados no último dia da semana anterior à da reunião do Copom.” (Fonte: LCA Consultores e Banco Central do Brasil)

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