Selic é elevada para 11,75% e Copom indica outro ajuste de 100 pontos na próxima reunião
Selic é elevada para 11,75% e Copom indica outro ajuste de 100 pontos na próxima reunião
Selic é elevada para 11,75% e Copom indica outro ajuste de 100 pontos na próxima reunião

Em reunião de política monetária realizada no dia 16 de março último o Copom elevou a sua taxa básica de juros, a Selic, em 100 pontos-base, para 11,75% ao ano. A decisão, novamente unânime, veio em linha com a expectativa predominante nos mercados.

O comunicado da decisão sofreu mudanças importantes – principalmente em função dos choques provocados pelo conflito russo-ucraniano. Segundo o Copom, o ambiente externo “se deteriorou substancialmente”, com o conflito levando “a um aperto significativo das condições financeiras e aumento da incerteza em torno do cenário econômico mundial”. Ainda segundo o comunicado, o “conflito tem o potencial de exacerbar as pressões inflacionárias que já vinham se acumulando tanto em economias emergentes quanto avançadas (sic)”.

Com isso, a projeção para a inflação 2022 apresentada no cenário de referência do Copom elevou-se substancialmente, de 5,4% para 7,1%; e a projeção para 2023 passou de 3,2% para 3,4%. Esse cenário considera Selic a 12,75% no final deste ano e a 8,75% no final de 2023, com o câmbio partindo de R$ 5,05 por dólar norte-americando e evoluindo segundo a paridade de poder de compra (PPC).

No entanto, diante da “volatilidade recente e do impacto sobre as projeções de inflação de sua hipótese usual para o preço do petróleo em US$” – que considera “valores em torno da média dos preços do petróleo vigentes na semana anterior à reunião do Copom e 2% de variação ao ano a partir de então” -, a autoridade apresentou um cenário alternativo para suas projeções de inflação. Nesse cenário alternativo, que o Copom considera “de maior probabilidade”, adota-se “a premissa na qual o preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura de mercado até o fim de 2022, terminando o ano em US$100/barril e passando a aumentar dois por cento ao ano a partir de janeiro de 2023”.

As projeções de inflação nesse cenário alternativo são de 6,3% para 2022 e 3,1% para 2023, sendo que as demais premissas adotadas são as mesmas do cenário de referência.

No trecho prospectivo do comunicado, o Copom sinalizou que considera “apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista”. Ademais, a autoridade afirmou que “as atuais projeções indicam que o ciclo de juros nos cenários avaliados é suficiente para a convergência da inflação para patamar em torno da meta ao longo do horizonte relevante” e que é necessária “serenidade” para avaliar a “extensão e duração dos atuais choques de oferta em diversas commodities”. Porém, caso esses choques “se provem mais persistentes ou maiores que o antecipado, o Comitê estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário”.

Por fim, o comunicado indicou que, para “a próxima reunião, o Comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude” – ou seja de 100 pontos-base -, reafirmando que “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas”.

O mercado já trabalha com projeção para a taxa básica de juros que pressupõe mais dois aumentos da Selic, um de 75 pontos base em 04 de maio, outro de 50 pontos-base em 15 de junho. Isso levaria a Selic para 13% ao ano. O conteúdo do comunicado de política monetária sugere que o ajuste remanescente poderá ser um pouco mais rápido (com a Selic subindo outros 100 pontos-base já em maio), alcançando um patamar que poderá ser suficiente para a convergência da inflação à meta, tendo em conta a maior probabilidade que o Copom atribui ao cenário alternativo.

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