De acordo com a LCA Consultores Econômicos, considerada a maior instituição de estudos e análises macroeconômicas do País, em 2019, o saldo de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) apresentou um crescimento nominal de 6,5%, o que representou uma aceleração em relação a taxa de 5,0% observada em 2018. Em termos reais o crescimento foi de 2,1% no ano passado e de 1,2% no ano anterior. O crédito livre foi o principal responsável por este resultado, tendo registrado variação nominal de 14,1%, com um bom desempenho tanto do crédito às famílias (+16,6%), quanto do crédito as empresas (11,2%). O crédito direcionado, por outro lado, teve queda de -2,5% no ano e comportamento distinto entre os dois tipos de clientela: enquanto o direcionado PF cresceu 6,6%, o PJ contraiu 13,6% ao longo de 2019.

A expressiva queda no estoque de crédito direcionado às empresas está relacionada a transição estrutural que vem ocorrendo no mercado de crédito brasileiro nos últimos anos, com redução da participação dos bancos públicos, em especial o BNDES. Este processo se intensificou ao longo de 2019 em um contexto de forte redução das taxas de juros cobradas no mercado doméstico, que tornaram mais atrativos não só os empréstimos oferecidos pelas instituições privadas, mas também as emissões de títulos no mercado de capitais como as debêntures. Segundo o Banco Central do Brasil (BC), os títulos de dívida – que fazem parte do crédito ampliado – apresentaram crescimento de 28,4% YoY em dez/19 e seu estoque já supera o saldo de crédito direcionado PJ dentro da estatística do SFN.

Os dados referentes a dezembro divulgados pelo BC não apresentaram nenhuma grande surpresa, mas podem ser considerados positivos por indicarem: i) quedas relevantes nas taxas de juros cobradas em operações com recursos livres (especialmente para pessoa física), ii) recuo da taxa de inadimplência no crédito livre PJ, iii) redução do spread bancário total.

As concessões de crédito livre terminaram 2019 com crescimento acumulado de 14,5%, uma aceleração frente ao observado em 2018 (12,5%). No último ano se destacaram as concessões para as famílias, principalmente as modalidades de Crédito Pessoal (+35%) e Aquisição de veículos (+20%). Os financiamentos imobiliários também ganharam folego nos últimos e nossa expectativa é de que apresentem contribuição relevante para a expansão das concessões ao longo de 2020. Já dentre as modalidades de concessões PJ, os destaques foram Capital de Giro (+32%), Desconto de duplicatas (+19%) e Antecipação de faturas de cartão (+19%), enquanto Adiantamento sobre contratos de câmbio (-1%) e Financiamento de exportações (-6%) apresentaram queda no acumulado do ano, fato relacionado a desaceleração do comércio global”.

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