Primo Levi, imortal, revivido
Primo Levi, imortal, revivido
Primo Levi, imortal, revivido

Jayme Vita Roso*

Cinco anos antes do seu passamento, em 1982, o imortal Primo Levi (1919-1987) repetiu o que sempre vinha dizendo e publicando em sua opulenta produção literária, sobre o significado do Lager (Lager foram os campos de concentração e extermínio nazistas): como nasceram e como os povos faziam e fizeram dele uma jocosa interpretação. E muitos passaram pela tragédia vivida por ele (Holocausto). Aliás, Lenin expandiu fortemente os campos de concentração dos Czares na Sibéria (1919) e rebatizou como Gulags (1930).

Quero ressaltar um texto profético, extraído do seu livro que veio à tona em 1976 “É isto um homem?” (do Apêndice): “Em um Estado autoritário, a Verdade é uma só, proclamada do alto; os jornais são todos iguais, todos repetem esta única verdade; assim como as emissoras”.

Em um Estado autoritário é considerado lícito alterar a verdade, reescrever retrospectivamente a História, distorcer as notícias, suprimi-las da verdade, ajuntando-as com as falsas: à informação se substitui a propaganda.

De fato, num tal país, você não é um cidadão, detentor de direitos, mas um súdito, e, como tal, você sempre é devedor do Estado (e ao seu ditador que o torna impessoal), de lealdade fanática e de suprema obediência.

Lembra Primo Levi, com esses pensamentos, acima reproduzidos, muitos anos, antes, o que o genial Charles Chaplin artisticamente o fizera, com sua fina ironia, na produção cinematográfica “O Grande Ditador”.

E assim a História se repete!

Um pouco de história

Primo Levi, terminando seu período escolar, iniciada a Segunda Guerra Mundial, foi preso e encarcerado em Auschwitz. um dos poucos que sobreviveram a foram libertados em 1945. passou o resto de sua vida mostrando e denunciando a barbárie nazista, tendo livros sobre o tema como “É isto um homem?” (1947) e “A Trégua” (1963). Imortalizado com o seu mais conhecido livro “A tabela periódica” (1975), que se constitui de, na verdade, reflexões autobiográficas. sua morte foi, aparentemente, suicídio.

E meu espanto com o que Dara Horn ousou, em seu mais recente livro: “People Love Dead Jews: Reports from a Haunted Present” (As pessoas amam judeus mortos: relatos de um presente assombrado), em The New York Book Reviews (2022, p. 31-5).

Eu tenho a coragem de dizer que Primo Levi tem um profundo significado com sua aparente contrariedade. Quase um profeta, paradoxal, que aprendeu a ler a história não como uma tragédia, mas como um drama: Le chaim!

*Advogado e escritor. [email protected]

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