Perúgia - Espírito de uma história milenar na península itálica

Perúgia - Espírito de uma história milenar na península itálica

Paulo Queiroga

Perúgia – Espírito de uma história milenar na península itálica

Na edição anterior visitamos Orvieto, de onde comentamos as belezas da região da Úmbria, rica de história e de gente.

Hoje sorvemos um ambiente de pura magia em Perúgia, capital da Úmbria. A cidade, verdadeiro livro aberto para o conhecimento, remonta à antiguidade dos Etruscos, percorre pelos tempos da Idade Média e do Renascimento, até à unificação da Itália no século XIX e revela a poderosa herança cultural desta singular Itália que hoje conhecemos.

A civilização etrusca, segundo o historiador Heródoto da antiga Grécia, é a primeira cultura realmente urbana na península Itálica a se organizar em um grupo de 12 Cidades-Estado. Os Etruscos são também reconhecidos como uma das primeiras sociedades urbanas da Europa. No cenário dos tempos que, felizmente, o turismo sensível nos proporciona assistir, Perúgia é um grande palco desta história, daí a importância de conhecê-la.

Majestosamente protegida pela paisagem montanhosa e muralhas milenares, em cada pedra, cada muro, cada templo, praça, beco e ruela vemos o testemunho da saga da civilização que foi se plasmando naquela região tempo afora.

Não pense que Perúgia seja apenas mais uma cidade italiana turística, alegre e festiva, como qualquer outra, com monumentos, praças, catedrais, museus, bares e lojas de souvenirs. Claro, tem tudo disso ali, mas é muito mais do que isso. Perúgia é um mergulho profundo no passado, um estado de espírito permanente impregnado naquele ambiente a nos envolver e que precisa ser experimentado pelo viajante sensível.

Ao caminhar pelos becos milenares, ruelas estreitas e escuras, ruas subterrâneas emolduradas pela pedra bruta, todo este ambiente deixa pairar no ar uma estranha e fascinante mística. O visitante sente ali uma energia profunda, (e, confessando), nada leve, pelo contrário, carregada de um acúmulo de episódios do passado, que nos remete às lutas milenares que este centro urbano, hoje, com cerca de 350 mil habitantes, ajudou a protagonizar na história da península itálica. Aí reside o encanto de Perúgia.

Definitivamente, aquele turismo “bate-volta” de um dia não dá certo. Não é suficiente para conhecê-la. São necessários Pelo menos dois dias inteiros para viver o “clima” mágico desta cidade.

Além de passear pelas ruas e simplesmente sentar num café nas praças já se transformar em uma experiência inesquecível, algumas visitas aos monumentos são obrigatórias.

No centro histórico, o destaque da paisagem urbana é a Praça IV de Novembro, onde está o Palácio Comunal de Perúgia, a Galeria Nacional da Úmbria e, atualmente, funciona a Câmara Municipal.

Um verdadeiro monumento de quatro andares com arcadas e uma enorme torre central, construído no final do século XIII, o prédio passou por várias alterações e ampliações ao longo da História, mas não perdeu as características do estilo Gótico medieval. Além dos salões magnificamente decorados com afrescos, o prédio ostenta duas estátuas de bronze com o Grifo, um animal mítico com corpo de leão e cabeça e asas de àguia, símbolo de poder e da magia deste lugar.

A cidade subterrânea, a antiga fortaleza Rocca Paulina foi construída no século XVI pelo Para Paolo III para proteger a cidade. Ainda hoje, as ruas subterrâneas são usadas pelos moradores para cruzar de uma praça à outra.

A Galeria Nacional da Úmbria é um espetáculo de obras de arte, especialmente da Idade Média e Renascimento. Vale a pena uma visita sem pressa a este acervo testemunho da arte local.

Perúgia é conhecida também como a capital do chocolate na Itália, com o famoso chocolate Baci. A fábrica de chocolates Perugina fundada em 1907 é um exemplo deste sucesso e recebe atualmente 70 mil visitantes por dia numa espécie de paraíso para os chocólatras.

Perúgia não é somente um roteiro italiano imperdível; é um destino que fica para sempre na nossa memória.

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