José Aparecido Ribeiro*

Ao assumir a presidência da Associação Brasileira de Jornalistas Especializados em Turismo – Abrajet-MG, faço com a consciência de que o turismo vive a mais severa de todas as crises em virtude da pandemia do Coronavírus. Foi de longe o setor mais afetado pelo inesperado cataclismo global. A indústria sem chaminés que movimentava R$ 170 bilhões anuais só no Brasil, e era responsável por 9% do PIB, de repente viu a profecia de Raul Seixas se confirmar – A terra de fato parou.

Da noite para o dia as viagens foram resumidas aos deslocamentos de retorno para casa. Turistas, executivos e viajantes passaram a navegar pelo mundo virtual através da webinar. O mundo desacelerou e com ele o turismo que movimentava pessoas e gerava milhões de empregos. Diante deste novo cenário de incertezas o turismo também se vê obrigado a uma reinvenção.

A dimensão da catástrofe vale lembrar, nem sempre respeita a ordem dos fatos. Não é por acaso que se dá tanto valor às más notícias. O jornalista de turismo não está alheio a este cenário de manipulações e terror midiático. As notícias sobre a pandemia seguem uma lógica própria cuja motivação está longe de ser a saúde e o bem estar da população. A cobertura jornalística tem se mostrado afastada da ética e isso nos entristece.

Em um país onde a imprensa deixou de produzir noticia e passou a vender opiniões, o jornalista tem o dever de refletir e rever conceitos. Ele recebeu da sociedade a missão de validador e portador da notícia, ocupando lugar privilegiado. É neste novo contexto que o profissional de imprensa especializada passa a atuar como agente transformador, produzindo com ética o conteúdo que além de informar, possa melhorar e trazer esperança para as pessoas, sem faltar com a verdade que é o seu norte.

O turismo não é uma ilha, movimenta 152 setores da economia, e não por acaso carrega a nobre missão de promover oportunidades e diminuir desigualdades. A sociedade clama por respostas para os que da noite para o dia perderam tudo com a pandemia. Devemos lembrar que mesmo diante de tantas transformações, nada substituiu a experiência presencial. Não há tecnologia suficiente, e acredito que não haverá instrumental tecnológico capaz de transportar pessoas provocando nelas o que só a experiência in loco possibilita.

O que fazer então diante do “novo normal” e com aqueles que têm no turismo a sua única fonte de sobrevivência? Para cada um, uma resposta, e para cada resposta uma abordagem jornalística que deve ser fiel aos fatos. Atuando desde 1988 no setor, sou testemunha de grandes transformações, da evolução que o turismo experimentou nos últimos 35 anos. Vi o fax símile substituir o telex. Este que por sua vez foi substituído pelo e-mail e hoje pelo whatsapp e streamings.

Lembro-me dos tempos em que as passagens áreas eram emitidas por bilhetes escritos à mão em papel carbono e em lojas físicas. Hoje nada disso existe, mas as viagens continuam e a busca das pessoas segue sendo o desejo de viajar. Apesar das mudanças, gestores do turismo seguem com o desafio do maior de todos os recursos, o humano. Cada vez que uma operação ocorre nesta espetacular cadeia produtiva, milhares de trabalhadores são acionados para realizar sonhos e proporcionar experiências.

Neste cenário o jornalista de turismo tem a missão de tornar público que tão ou mais importante do que o produto e a infraestrutura turística é quem faz essa máquina funcionar em sincronia: As pessoas, elas fazem toda diferença. No que depender da Abrajet-MG o turismo terá um aliado presente, otimista e entusiasmado na promoção do destino, na defesa dos profissionais que fazem desta indústria sem chaminés promessa de oportunidades.

Hoje ela é a segunda indústria que mais gera riquezas, concorrendo com a indústria de defesa. Mas no futuro ela deverá ser a primeira e a mais importante. É nisso que acreditamos!

*Jornalista e presidente da Associação Brasileira de Jornalistas Especializados em Turismo de MG – Abrajet-MG  – (E mail: [email protected] – WhatsApp: 31-99953-7945)

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