Encerro o ano convidando o leitor para uma reflexão sobre o que devemos esperar da mobilidade urbana em BH nos próximos anos. Se com a economia em crise o trânsito está ruim, imagine quando a economia voltar a crescer? O voto não unge políticos com conhecimento para fazer o que as cidades precisam. Digo isso para lembrar que nosso atual prefeito até outro dia era um simples dirigente de clube de futebol, completamente neófito no tema mobilidade urbana e trânsito.

Ter sido eleito não dá a ele conhecimento sobre esse ou qualquer outro tema. Para agravar Kalil escalou o mesmo time que há 30 anos cuida do assunto e que vem apresentando resultados pífios, desentendimento total do que é o desejo da população. Não se vê em secretários de governo que ocupam cargos estratégicos sensibilidade para resolver o assunto e o caos nas ruas da cidade tende a piorar se algo não for feito imediatamente.

O que preocupa não é a falta de dinheiro para fazer as intervenções que o trânsito precisa, mas a miopia de quem deveria agir com diligencia apresentando soluções, e que vem varrendo o assunto para debaixo do tapete de forma irresponsável. Os paradigmas precisam ser quebrados, a cidade precisa evoluir e as soluções não podem ser resumidas a BRT e ciclovias. BH merece mais, a cidade parou no tempo enquanto a frota de veículos alcança 2 milhões de unidades.

Atualmente são emplacados em média 150 veículos por dia. Quando a situação econômica do país melhorar, e isso é previsível a médio prazo, o número de carros pode aumentar deixando o transito ainda pior. Todos os esforços da BHTrans hoje são no sentido de restringir circulação e desestimular o uso do carro, ações implantadas de forma velada e inutilmente. Carros brotam nas ruas como mato em campo aberto e vale lembrar, não são conduzidos por ETs.

Há uma dicotomia entre o que a população deseja e o que o gestor do trânsito acha ser o certo. O resultado é um  trânsito que todo mundo conhece, arrastando, não mais apenas nos horários de pico, mas a qualquer hora do dia. Mobilidade virou assunto de saúde pública e de economia urbana. Perde-se tempo precioso que deveria ser gasto no trabalho e na produção parado em engarrafamentos cada vez maiores e sempre nos mesmos lugares.

Com efeito, causa espanto ouvir de professores e mestres das escolas de engenharia e arquitetura, especialmente da UFMG, formadores de mão de obra especializada e de opinião, a afirmativa de que obras não resolvem o problema. Se elas não resolvem, o que resolverá? BH precisa urgentemente de vias expressas, túneis, viadutos, trincheiras, rotas alternativas asfaltadas e sinalizadas e intervenções de engenharia que possam atualizar a infraestrutura viária, parada há 40 anos. O que a cidade não pode mais tolerar é a mediocridade no trato da coisa pública.

José Aparecido Ribeiro

*Jornalista e estudioso do tema mobilidade urbana – DRT 17.076-MG

 

 

 

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