Livro aborda os 300 anos da criação da Capitania das Minas
Livro aborda os 300 anos da criação  da Capitania das Minas
Livro aborda os 300 anos da criação da Capitania das Minas

O surgimento de Minas Gerais, desde a ocupação pioneira do território interior do Brasil-Colônia pela corrida pelo ouro, nos anos finais do século VII,   o tumultuado domínio territorial, sua   formação e evolução em três séculos, contados desde a criação da Capitania das Minas do Ouro, ocorrida por ato do Governo Colonial português em   2 de dezembro de 1720, é tema do livro “História e Formação de Minas Gerais, Origens e Trajetória, do jornalista Mauro Werkema,   já nas livrarias. Surge a Capitania para conter a sublevação dos mineiros, em Ribeirão do Carmo (Mariana) e Vila Rica (Ouro Preto) contra a cobrança do quinto do ouro e a criação das casas de fundição. Vila Rica torna-se, com a Capitania, a capital.

A data assinala o surgimento de Minas Gerais no mapa institucional e político da Colônia Portuguesa e enseja uma reflexão sobre os 300 anos de sua trajetória histórica,   as lutas pelo seu domínio territorial, a afirmação como povo e sociedade, a organização social e urbana e a conformação de uma distinta identidade regional com os traços inaugurais que distinguem a cultura e a personalidade dos mineiros. Com 384 páginas, o livro resulta de estudos e pesquisas do autor e de uma longa experiência profissional nas áreas da História e Cultura Mineiras.

Convivem em Minas tradição e modernidade em uma exemplar diversidade cultural e natural gerada pela singularidade de sua formação. Da “Minas minerária”, na expressão de Guimarães Rosa, que nos legou o Ciclo do Ouro e seus tesouros artísticos e o esplendor cultural do Século XVIII, aos seus ciclos de exploração, do ouro ao ferro, Minas deve sua origem, seu nome e sua formação. Mas os ciclos econômicos e a riqueza do seu solo, na visão crítica da historiografia contemporânea, apontam para a espoliação econômica, que deveria ter permitido ao Estado um melhor estágio de desenvolvimento.

Na Colônia, no Império e na República, os mineiros atuaram decisivamente na formação da nacionalidade brasileira. Sempre rebelde, será com os inconfidentes de 1789 pioneira no sentimento nativista. Contribuiu para a Independência de 1822 e para a formação das leis instituidoras do Império, com Bernardo Pereira de Vasconcelos, e para o ajuste institucional com a Revolução Liberal de 1842 de Teófilo Otoni. Inspirou o movimento republicano, vitorioso em 1889, que buscou em Tiradentes e nos poetas inconfidentes inspiração e modelo. Em Ouro Preto e cidades históricas, uma caravana de modernistas vindos da Semana de Arte Moderna de 1922, sob a liderança de Mário de Andrade, em   famosa excursão de 1924,   descobriu uma autêntica cultura brasileira, com Aleijadinho e Athayde e muitos outros, e nela fundamentaram a política de preservação do patrimônio cultural brasileiro, com o IPHAN, em 1937. Deste “caldo de cultura” surge a mineiridade, “mistura de mineirismo cultural e mineirice política”, no dizer de Afonso Arinos.

Terra de equilíbrio e da temperança, mas também de enraizado traço libertário, desde o conflito emboaba de 1708/09 às constantes rebeliões contra o jugo português explorador da Colônia e impedidor do seu desenvolvimento, passou da “Minas inaugural”, do minerador, para o agropecuarista, expandindo suas fronteiras para os sertões. Rever os 300 anos impõe ler o que o passado nos ensina e aponta quanto aos valores que ensejam a emancipação econômica. Minas é rica, de solo e subsolo, de recursos humanos, de lições e experiências históricas e de vida. Valores que convocam para um novo tempo com a superação do impasse brasileiro nesta segunda década do século XXI, diz o autor.

Anúncio