Leonel Brizola - Centenário do nascimento do ex-governador do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro
Leonel Brizola - Centenário do nascimento do ex-governador do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro
24.05.1989 – Leonel Brizola e Carlos Alberto Teixeira de Oliveira, durante encontro no BDMG

Considerado um líder da esquerda e um dos políticos mais relevantes da história brasileira, Leonel de Moura Brizola era engenheiro civil e completaria 100 anos de vida no dia 22 de janeiro último. Estudiosos do brizolismo afirmam que ele foi o único brasileiro capaz de ter sido governador de dois estados, o Rio Grande do Sul – sua terra natal, e o Rio de Janeiro.

Político aguerrido, em 25 de agosto de 1961 Brizola liderou a histórica campanha da Legalidade, que defendia a posse constitucional do vice-presidente João Goulart após a renúncia do presidente Jânio Quadros. Os militares eram contra e um golpe era iminente. A insurgência política de Brizola a partir do Rio Grande do Sul foi decisiva para garantir a posse de Jango. Em 1962, Brizola iniciou sua vida política no Rio – trajetória logo depois interrompida pela resistência ao golpe militar de 1964.

24.05.1989 - Leonel Brizola, Carlos Alberto Teixeira de Oliveira e Paulo Haddad no Ciclo de Conferências “A Sucessão Presidencial e os Desafios do Desenvolvimento”
24.05.1989 – Leonel Brizola, Carlos Alberto Teixeira de Oliveira e Paulo Haddad no Ciclo de Conferências “A Sucessão Presidencial e os Desafios do Desenvolvimento”

Leonel Brizola é tido como herdeiro político de Getúlio Vargas e João Goulart. Foi governador do Rio Grande do Sul, onde iniciou sua carreira política, e do Rio de Janeiro, onde fixou residência em meados da década de 1960.

Simpatizante do presidente Getúlio Vargas, Brizola ingressou no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em agosto de 1945, integrando o primeiro núcleo gaúcho do novo partido. Foi eleito deputado estadual, quando participou da elaboração da Constituição gaúcha. Em 1950, Brizola se casou com Neuza Goulart, irmã do então deputado estadual João Goulart. O padrinho do casamento foi o próprio Getúlio Vargas, que naquele mesmo ano foi eleito presidente da República. No pleito, Brizola foi reeleito deputado estadual.

Em 1958, elegeu-se governador do Rio Grande do Sul, com mais de 55% dos votos válidos. Em 1962 mudou-se para o Rio de Janeiro e, pela primeira vez, Brizola foi eleito deputado federal pelo antigo Estado da Guanabara. Como parlamentar, fez discursos veementes defendendo a implantação da reforma agrária e a distribuição de renda no Brasil

Brizola teve participação importante no Comício das Reformas, conhecido como Comício da Central, organizado na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, em março de 1964. Na ocasião, Jango anunciou a decisão de implementar as chamadas reformas de base. Entre os oradores que precederam o discurso de Jango, Brizola foi o mais aplaudido. Ele exortou o presidente a “abandonar a política de conciliação” e instalar “uma Assembleia Constituinte com vistas à criação de um Congresso popular, composto de camponeses, operários, sargentos, oficiais nacionalistas e homens autenticamente populares”.

Mas a situação política no país só piorava rumo ao conservadorismo das forças de direita. Até que, no final de março de 1964, os militares comandaram um golpe que derrubou o governo do Presidente Jango e instalou no país uma ditadura militar. Brizola, diretamente ligado ao presidente deposto, perdeu seus direitos políticos e se exilou no Uruguai. Em 1977, a ditadura brasileira pediu sua expulsão do país vizinho e foi deportado para os Estados Unidos, onde desenvolveu boas relações com Jimmy Carter. No ano seguinte, foi para Portugal se juntar a outros exilados até voltar para o Brasil em 1979, permitido pela Lei da Anistia. No mesmo ano, foi um dos fundadores do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e retomou sua vida política no Brasil.

Em 1984, apoiou a campanha das Diretas Já, um projeto derrotado do então deputado Dante de Oliveira. Cinco anos mais tarde, participou da primeira eleição direta à presidência da República no Brasil desde o golpe militar.

Em 1989, na primeira eleição direta à presidência da República após a redemocratização, Brizola disputou e ficou em 3º lugar. Na época, no segundo turno, apoiou o ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, derrotado por Fernando Collor, que, anos depois, veria o seu sonho de chegar ao Palácio do Planalto se tornar realidade.

Em 1990, pela segunda vez, Brizola conquistou o governo do Rio de Janeiro.

Com posições firmes em defesa dos produtores nacionais e sempre defendendo restrições ao capital estrangeiro no país, Brizola disputou novamente a presidência da República em 1994, mas sua participação foi decepcionante, obtendo apenas 3,2% dos votos válidos.

Em 1998, como vice de Lula, perdeu para o tucano Fernando Henrique Cardoso, que se reelegeu. Em 2000, tentou a prefeitura do Rio de Janeiro. Conseguiu pouco mais de 9% dos votos. Em 2002, candidatou-se a uma cadeira no Senado, mas outra vez não se elegeu.

Em dezembro de 2003, já com Lula como presidente, Leonel Brizola rompeu com a base aliada e começou a fazer críticas constantes à administração federal. Morreu aos 82 anos, em junho de 2004, de infarto decorrente de complicações infecciosas, no Rio de Janeiro.

Frases:

“A educação é o único caminho para emancipar o homem. Desenvolvimento sem educação é criação de riquezas apenas para alguns privilegiados.”

“A vida é uma sucessão de revisões”

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