JK BRASÍLIA PELÉ
JK BRASÍLIA PELÉ
JK BRASÍLIA PELÉ

Silvestre Gorgulho fala sobre o livro “De Casaca e Chuteira – A Era dos Grandes Dribles na Política, Cultura e História”.

O livro “De Casaca e Chuteira – A Era dos Grandes Dribles na Política, Cultura e História – JK-BRASÍLIA-PELÉ” foi lançado no dia 22 de abril, no Memorial JK, em Brasília

MC – “De Casaca e Chuteira – A Era dos Grandes Dribles na Política, Cultura e História” – Que acontecimentos fazem o conteúdo do livro?

SG – São muitos e em todas as áreas da vida: política, esportes, economia, música, literatura e costumes. O livro tem 28 capítulos, 448 páginas, e aborda um tempo considerado Anos Dourados do Brasil. Brasília, Pelé e JK são os fios condutores dessa história maravilhosa, quando os brasileiros sentiram que poderiam realizar o impossível. Como disse Cacá Diegues, foi um privilégio viver essa época, porque tínhamos de correr atrás do Brasil. JK com sua energia e ousadia conseguiu substituir o ato do sofrimento pela pedagogia do prazer. O brasileiro passou a ter autoestima.

MC – Por que seu livro foi lançado em 2020, em São Paulo, e só agora em será em Brasília?

SG – Verdade. Em 2020 lancei em São Paulo e em 2022 em São Lourenço, Sul de Minas. Motivo simples: O livro só ficou pronto na segunda semana de outubro de 2020. O então governador João Doria, que fez a apresentação, queria lançar o livro no Museu do Futebol lá no Pacaembu, no dia 23 de outubro, quando o Pelé fez 80 anos. Aliás, por isso o selo que tem na capa desenhada por KÁCIO: Brasília 60 anos e Pelé 80 anos. Mas o que aconteceu? Plena Pandemia. O protocolo dizia que só poderia estar presente no Museu do Futebol 50 pessoas e tinha de se inscrever pela internet. Havia controle rígido na entrada. Não pude convidar nem minha família. O médico do Pelé proibiu que ele fosse. Pronto, apesar da grande divulgação, pouca gente participou do evento.

MC – Planeja uma segunda edição?

SG – Sim, vou ter que fazer uma segunda edição que será mais ampla ainda. Na verdade, eu já tinha desistido de lançar o livro aqui. Como a gráfica só tem 98 exemplares da primeira edição, que foi quase toda vendida no Mercado Livre, estava pensando em lançar em Brasília apenas a segunda edição. Mas vem aí uma segunda edição bem atualizada.

MC – E por que essa mudança?

SG – Não disse que a vida é o que acontece com a gente enquanto fazemos planos? Por dois motivos. Primeiro porque o Pelé não foi ao lançamento em São Paulo, mas me ligou dizendo que viria ao lançamento em Brasília tão logo acabasse a pandemia. E aí veio a doença dele. Foi muito triste. Nem queria mais lançar.

E o segundo motivo porque três grandes amigos pediram. Até insistiram. O Jack Corrêa, o Paulo Octávio e a Anna Christina Kubitschek. Eles me convenceram. Seria uma homenagem ao Rei Pelé, que faleceu há 4 meses. E, também, homenagem a JK nos 63 anos de Brasília.

MC – Interessante essa relação JK, Pelé, Brasília, Cultura e Política…

SG – Na vida, nada é por acaso. O livro foi nascendo aos poucos e acabei encontrando este formato. Imagina que Pelé, Brasília e JK nasceram para o mundo no mesmo ano de 1956. JK toma posse na Presidência em 31 de janeiro e Pelé faz seu primeiro jogo profissional pelo Santos em 7 de setembro, com apenas 15 anos, disputando a Taça Independência. E começa com gol. Foi o primeiro dos 1.285. Ambos marcaram época e entraram na vida de brasileiros, deixando um forte legado. O livro começou como uma espécie de almanaque. Era um trabalho para compor um projeto de Monumento a Pelé que Oscar Niemeyer fez para ser colocado em Santos, em frente ao Museu Pelé. Isso foi em 2010. Mas, em 10 anos houve uma evolução muito grande desse trabalho que acabou virando um livro.

MC – Política, música, literatura e esporte fizeram uma boa dobradinha?

SG – Muito boa. Nos Anos Dourados tudo isso se junta. Foi o desenvolvimento proposto por JK de 55 anos em cinco. Ganhamos a Bossa Nova, o Cinema Novo. O Brasil ganha a primeira Copa do Mundo, vibramos com Pelé, Garrincha, Maria Ester Bueno, Éder Jofre. Até nosso basquete foi campeão do mundo. Em 1956, três grandes autores lançam livros fundamentais: Fernando Sabino lança “Encontro Marcado”, Mário Palmério lança “Vila dos Confins” e João Guimarães Rosa revoluciona a literatura com “Grande Sertão: Veredas”.

MC – Como foi sua pesquisa?

SG – Foram mais de 10 anos de pesquisa. Li 45 livros e muitos discursos. Algumas entrevistas. Na última vez que Pelé visitou Três Corações, sua terra, fui junto. Além dos estudos, pesquisas e leituras conversei com Pelé, Oscar Niemeyer, Carlos Magalhães da Silveira, Maria Elisa Costa. Fui às cidades onde a família do Pelé morou e onde o Dondinho jogou e pesquisei todos os jornais locais, no caso Campos Gerais, Três Corações e São Lourenço, em Minas, e Bauru em São Paulo. Quanto mais eu pesquisava, mais eu entendia a importância de Pelé, JK e de Brasília no contexto da vida Política, Cultural e na História do Brasil.

MC – JK e Pelé na capa… busca passar algum simbolismo?

SG – A capa tem o traço irretocável e a genialidade do Kácio Pacheco. Já é uma História. JK com o uniforme da Seleção Brasileira e Pelé de casaca. Uma simbologia do sucesso, da dedicação, do patriotismo e do trabalho. A simbologia do dever cumprido. Ambos, JK e Pelé, cumpriram muito bem sua missão. Cada um no seu campo. Eles são a chave para entender o Brasil de hoje. Não há como compreender a interiorização da economia, a força do Centro-Oeste, o desenvolvimento do sertão brasileiro sem estudar a vida e a obra de JK. O Brasil é um antes de JK e outro depois. Da mesma forma, no futebol. O Brasil é um antes de Pelé e outro depois de Pelé. Com Brasília, o Brasil colheu um novo País.

MC – Brasília significou mesmo tudo isso?

SG – Significou muito mais. Tive um professor na Universidade de Minesota, nos Estados Unidos, Edward Shu, economista, brasilianista e que foi vice-presidente do Banco Mundial. Shu me dizia, em 1982: “Silvestre, os brasileiros precisam entender a importância geopolítica de Brasília. Nos meus estudos eu sinto que se Brasília não fosse construída e se a capital do Brasil não migrasse para o centro do Brasil, a Amazônia não seria mais brasileira”.

MC – Não tinha pensado nisso…

SG – Toda a região, antes de Brasília, vivia da agricultura de subsistência e da mineração. As políticas públicas eram apenas para o litoral. Veja a mudança: hoje, por causa de Brasília, 60% do agronegócio brasileiro está concentrado no Centro-Oeste. Imagina que na década de 60 e 70, o Cerrado não produzia sequer um grão de soja. Hoje, o Centro-Oeste é responsável por 51% da produção nacional. A soja avançou sobre novas fronteiras e levou junto a cultura do milho, do algodão, do trigo, das frutas, do gado. A produção de milho nessa época era inferior a 5%. Atualmente representa 54,36% da safra nacional. Brasília abriu o caminho para os recordes do agronegócio num Brasil antes vazio e desconectado do litoral. Detalhe: a tecnologia agropecuária tropical, chamada de Revolução Verde dos anos 70 e 80, fez a força do AGRO que só existe porque a Embrapa existe. E a Embrapa nasceu porque Brasília existe.

MC – Quanto tempo demorou para finalizar o livro?

SG – Foram exatos 10 anos e 3 meses. Comecei a escrever o livro em 23 de outubro de 2010, quando Pelé fez 70 anos. Tudo, como já disse, por causa de um projeto que Oscar Niemeyer fez a meu pedido do Monumento PELÉ. E também por causa da relação de meu pai com Dondinho, o pai do Pelé, que jogou na minha cidade natal São Lourenço, no Sul de Minas. Maria Lúcia, a irmã do Pelé, nasceu lá. E o apelido Pelé também. Na família, o apelido do Rei é Dico. O nome Pelé nasceu em São Lourenço.

MC – O conteúdo é colocado de forma bem didática…

SG – Sim, didática e prazerosa. É bom saber como foi a construção de Brasília com fatos e fotos. Foi uma saga. Brasília nasceu filmada e fotografada. Única cidade do mundo que nasceu com um jornal e o Correio é o único jornal do mundo que nasceu com uma cidade. É bom saber como foi a implantação da indústria automobilística e como foi a ocupação do Cerrado. Importante: este livro mostra, com exemplos e fatos, que nosso país já foi mais íntegro, mais promissor, mais ingênuo e muito menos perverso. Os Anos Dourados foram o auge de nossa autoestima.

MC – Qual a relevância do personagem Pelé para os dias de hoje. E para as novas gerações?

SG – Pelé é um ícone. Não é a toa que seu PELÉ entrou no dicionário. Em 1956, Pelé colocou a bola no campo de um jogo extremamente coletivo para encantar o mundo, como Rei do Futebol. Pelé foi campeão do Mundo cinco vezes: três vezes com a seleção brasileira e duas vezes com o Santos. Foram 1.285 gols filmados, fotografados e registrados durante a carreira. O livro traz tudo isso, em um adendo no final, jogo por jogo. Gol por gol. Pelé fez o cessar-fogo de duas guerras apenas para poder mostrar sua arte. Juiz é “expulso” de campo por ter tido a petulância de expulsar Pelé e, assim, possibilitar sua volta ao jogo. E, ainda, contrariando as regras, depois de ter sido substituído no primeiro tempo, Pelé, mesmo com dores, é obrigado a voltar no segundo tempo para evitar conflitos no estádio. Pelé é uma lenda eterna. O tempo passa, os anos avançam e o mito permanece. Súditos e não súditos, amantes ou não do futebol, têm sempre na ponta da língua a expressão mais nobre, mais lúdica e mais singela para relembrar uma lindíssima história. Verdadeira lenda que sempre recomeça: era uma vez um menino pobre, de uma família pobre, em um país pobre, que tinha o dom de fazer mágicas. De uma bolinha de meia fez sete bolas de ouro.

MC – Qual a conclusão que a gente pode tirar?

SG – Só posso dizer que JK tinha sempre em mente uma frase de seu conterrâneo Guimarães Rosa, que nasceu ali na sua região onde começa o Cerrado. “Quem elegeu a busca não pode recusar a travessia”. Juscelino elegeu 30 metas para seu governo e mais uma, a meta síntese: construção de Brasília. Foi ousado, determinado, magnânimo e fez uma grande revolução social, econômica e política. Talvez, a maior revolução do Brasil como nação. E sem pegar em armas. Sem dar um tiro. Como JK, cada um de nós – sobretudo os governantes – precisamos focar na busca escolhida e não recusar a travessia.

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