A Lactalis, maior empresa do segmento do mundo, anuncia a compra do laticínio das mãos da CCPR e diz que manterá a marca e a gestão em BH

Após uma novela de mais de dois anos, a Itambé, uma das maiores empresas de laticínios do país, passou ao controle da companhia francesa Lactalis. A confirmação da compra, no último dia 09 de julho, coloca fim na disputa judicial da marca com a concorrente Vigor, que pertence ao laticínio mexicano Lala.

A venda de 100% do capital da empresa mineira pela Cooperativa Central dos Produtores Rurais (CCPR), envolve um acordo de fornecimento de leite durante 10 anos para a Lactalis. Com a aquisição da Itambé, o grupo francês se firma como a maior comprador de leite do Brasil, ultrapassando a suíça Nestlé.

De acordo com o presidente da Lactalis para a América Latina Patrick Sauvageot, em entrevista para o Estado de Minas, a marca mineira será mantida e a Lactalis estabelecerá um plano de crescimento da Itambé através de investimentos em ampliação da sua capacidade produtiva e dos mercados disputados no Brasil e diversificação de produtos. “Nossa ideia é dar continuidade à gestão que a Itambé está fazendo para o crescimento dela, mas apoiando com os recursos de um grupo que é o número um no setor no mundo, pode levar mais tecnologia, processos e inovação para a empresa”, afirmou ao jornal.

Previsões

Com a operação de compra da Itambé, a Lactalis lidera o segmento no país com faturamento de quase R$ 8 bilhões, processamento de 2,3 bilhões de litros de leite por ano, representando 9,4% da produção da indústria formal de lácteos. Hoje, com o título de terceira maior empresa no mercado nacional de refrigerados, a Itambé processa 1,1 bilhão de litros de leite por ano, fornece mais de 160 itens, entre leites, iogurtes, requeijão e doce de leite, em cinco fábricas, das quais quatro instaladas em Minas – Pará de Minas, Sete Lagoas, Guanhães e Uberlândia – e uma em Goiânia (GO). O laticínio mineiro emprega mais de 3.500 pessoas.

Entenda o impasse da aquisição

Encerrado oficialmente no dia 11 de julho, o conflito entre Lactalis e Lala teve início em 2017, a partir da venda da Vigor, antes controlada pela J&F Investimentos, para a mexicana Lala.  Na época, a Vigor e os 50% que a controladora tinha na Itambé foram entregues por R$ 5,7 bilhões. Então, a CCPR, que tinha preferência na recompra dessa parte no caso de venda da Vigor, retomou 100% do capital do laticínio mineiro.

Na sequência, a cooperativa mineira vendeu a totalidade da Itambé para a Lactalis. Todavia, começaram alguns questionamentos na Justiça pela Lala, que apontava a violação do acordo de acionistas por parte da CCPR, uma vez que o acordo proibia a venda da Itambé a um grupo concorrente. Os impasses geraram uma série de liminares na Justiça, que chegaram ao fim nesta semana com a transferência total da Itambé para a Lactalis

Em 2013, a Lactalis entrou no Brasil com a aquisição da Balkis e ampliou sua posição em 2015. Hoje, a empresa possui 5 mil colaboradores e 14 unidades fabris em oito estados. Entre seu portfólio de marcas estão: Batavo, Président, Elegê, Cotochés, Poços de Caldas, Parmalat, entre outras.

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