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Fernando Soares Rodrigues
Jornalista especializado em economia e finanças

Os desafios neste início de ano continuam os mesmos dos últimos meses para os investidores que querem preservar
seu dinheiro da inflação ou obter remuneração mais elevada, mas com risco na bolsa de valores.

De acordo com as previsões do mercado (boletim Focus) até a primeira quinzena de janeiro, a taxa Selic – os juros básicos da economia -, deve terminar 2012 no patamar de 9,50% ao ano, e a inflação oficial medida pelo IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo acumular 5,30% ao final de dezembro. Esses percentuais dos dois balizadores
da rentabilidade nominal e real das aplicações financeiras são compatíveis também conforme a pesquisa semanal feita
pelo Banco Central (BC) com crescimento anual de 3,2% do PIB (Produto Interno Bruto), dólar ligeiramente abaixo dos R$ 1,80 em dezembro, e superávit comercial (diferença entre exportações e importações) na faixa de U$ 19 bilhões.

Dificilmente o país receberá em 2012 os US$ 65 bilhões em investimentos externos como ocorreu em 2011 e terá
menor folga para cobrir seu déficit em transações correntes (todo o movimento com o exterior) previsto para mais de
US$ 50 bilhões.

Durante o ano, o Ministério da Fazenda e o BC vão utilizar todo arsenal de medidas que dispõem para assegurar o crescimento do PIB maior do que o previsto sem pressionar a inflação nem alterar em valores muito expressivos a cotação do real frente ao dólar.

O governo Dilma Roussef deu sinais claros que admite inflação maior do que o desejável (acima do centro da meta anual de 4,5%, que já é elevada) para obter um crescimento pelo menos moderado do PIB e que não comprometa o nível de empregos.

Não há mágicas em economia, no entanto. Alguns especialistas consideram que o governo confia demais nos reflexos
da crise européia e do baixo crescimento do EUA para conter a inflação interna. A China, nosso principal parceiro comercial, cresceu 9% no ano passado, demonstrando que sente lentamente os efeitos do crescimento econômico mundial.

Pressões iniciais
As pressões inflacionárias são grandes, apesar de muitos economistas não conferirem a devida importância a esse
quadro. Muitos deles ficam satisfeitos em considerar que a inflação está sob controle e que não vai disparar. Mas a inflação oficial de 6,50% de 2011 numa economia altamente indexada tende a corroer o poder de compra das pessoas e
o consumo das famílias, fator decisivo no caso do Brasil para manter a expansão do PIB acima de 3% ao ano.

Nesse início de ano, poucos dão a devida importância ao impacto do reajuste nominal de 14,13% e real (descontada a inflação) de 9,2% do salário mínimo que começa a ser pago em fevereiro.

Os pensionistas do INSS que ganham acima de um salário mínimo (pulou de R$ 545,00 para R$ 622,00) ficaram no
prejuízo já que terão reajuste próximo de 6%.

Para conter a inflação oficial neste ano, o governo ainda conta com a “cooperação técnica” do IBGE que alterou os cálculos do IPCA, como realiza de cinco em cinco anos, e diminuiu o peso dos salários de empregados domésticos, cursos, artigos de leitura e papelaria, telefone fixo, ônibus intermunicipais, etc., o que reduzirá o índice em cerca de 0,5 ponto percentual. Mas são justamente esses serviços e artigos que pesam mais nos orçamentos da classe média tradicional e da classe média alta. E esse peso não é pouco. Muitos integrantes da classe média alta começam a olhar com desconfiança o cálculo oficial da inflação que reduz mais o seu poder de compra e a rentabilidade de seus ativos financeiros de renda fixa atrelados à inflação.

De fevereiro em diante, todos os custos da classe média começam a sofrer com maior intensidade a alta elevada do
salário mínimo. O acréscimo anual elevado em impostos como IPTU e das tarifas públicas devido à correção pela inflação
passada completam o cenário.

As mesmas saídas
Quem dispõe de quantias menores entre R$ 500 e R$ 10 mil não tem muita opção. A “superada” caderneta de poupança,
conforme avaliação dos bancos, que não têm interesse nesse tipo de captação, continuará competitiva se o governo não mudar o cálculo de sua rentabilidade. Em 2011, a caderneta de poupança ofereceu ganho nominal de 7,5% e
real de 0,94%, conforme os cálculos da firma Economática.

Esses percentuais na realidade não são tão baixos assim, porque são líquidos. Os fundos de investimentos financeiros
de renda fixa e os CDBs- Certificados de Depósitos Bancários ofereceram no mesmo período taxas nominais maiores. A
rentabilidade real dos fundos, em certos casos, perdeu para a poupança devido à cobrança de taxas de administração
superiores a 1,5% ao ano pelos bancos, a sistemática de “come cotas” pelo Imposto de Renda de seis em seis meses,
além da tributação rotineira do ganho de capital. Nos CDBs, só os grandes aplicadores conseguiram taxa nominal próxima da Selic que terminou 2011 em 11% ao ano. Além disso, o ganho nos CDBs fica atraente praticamente nos prazos maiores (dois anos) da aplicação devido à tributação regressiva do IR de 22,5% em seis meses até 15% em dois anos.

Com os títulos públicos do Tesouro Direto, que podem ser negociados pela internet, mas desde que o investidor tenha
conta bancária e abra uma conta de movimentação em corretora de valores, ocorre o mesmo. Dependendo da taxa
dos títulos, a rentabilidade do Tesouro Direto decantada por analistas e jornalistas de economia só oferecem remuneração competitiva com a poupança nas aplicações por dois anos, porque também estão sujeitos à tributação regressiva do IR.

Para quem tem quantias mais elevada, o ideal ao diversificar as aplicações na renda fixa é consultar a rentabilidade
oferecida nos diversos bancos nos CDBs e fundos de investimentos, negociar as taxas de administração e recorrer a
analistas e consultores independentes para simular a rentabilidade real oferecida. Nas aplicações nos fundos abertos de
previdência complementar PGBL e VGBL, além das taxas de administração é preciso ficar atento nas taxas cobradas em
cada aplicação feita que podem chegar até a 5%. E lembrar que nos PGBL que oferecem a dedução de 12% na receita bruta na declaração do Imposto de Renda, a tributação é violenta em caso de saques no curto prazo. O IR incide sobre o total sacado e não somente sobre o ganho de capital.

Dólar é dólar
No ano passado, o dólar comercial subiu 12,15% e iniciou 2012 sem perspectivas de alta. O que interessa para o viajante e o investidor é que o dólar turismo aproximou-se dos R$ 2,00 no final de 2011 e recuou um pouco em seguida.

Realizar previsão segura sobre o câmbio é missão impossível. O patamar atual de R$ 1,80 com que o mercado trabalha para o dólar no final do ano pode ser alterado a qualquer momento. A certeza que se tem é que o governo não tem condições de permitir a valorização muito expressiva do real, porque senão os valores dos produtos importados
subiriam muito e pressionariam a inflação. Os produtos importados representam oficialmente cerca de 25% do total consumido pelos brasileiros. O total de carros importados ainda é menor, cerca de 6% do total produzido no país.

Aplicar em fundo cambial é uma operação de risco, que precisa ser monitorada todos os dias. Para quem vai viajar ao exterior, alguns aconselham uma espécie de “hedge”, ou seja, comprar o pacote turístico em reais com antecedência, e dólar em cartão internacional de débito pré-pago ou cheques de viagens no valor previsto dos gastos no exterior com os cartões de crédito. Se a pessoa gastar muito no exterior com os cartões de crédito sobre os quais incidem o IOF de 6%, basta cobrir sem risco com as reservas na moeda americana. Comprar dólar em espécie e guardar em casa não compensa.

Os riscos de roubo são grandes e existe o perigo das cédulas falsas.
Por mais que os analistas passem a idéia que não há muito espaço para a alta do dólar frente ao real, pessoas de grandes posses são muito conservadoras no Brasil.

Elas gostam de manter reservas elevadas na moeda americana, considerando sempre que “dólar é dólar”, pois por mais que se fale mal dos EUA em segmentos intelectualizados no Brasil, aquele país é a maior economia do mundo, tem o maior poderio militar e além disso, é o maior credor da China que tem atualmente o maior interesse em preservar o “Tio Sam” ou perderá seus US$ 3,5 trilhões em reservas e os fortes investimentos naquele em território americano.

A rentabilidade do ouro é formada em grande parte pela oscilação do real frente ao dólar, e a parte mais expressiva
pela oscilação do metal nas principais bolsas de mercadorias mundiais.

No ano passado, o metal registrou valorização de 16,4% no Brasil, mas não rompeu no exterior a barreira dos US$ 2 mil
a onça-troy (31,1 gramas).

As previsões sobre a rentabilidade das aplicações em ouro como ativo financeiro são sujeitas a revisões constantes.

Aplicar em ouro como ativo financeiro ou em fundos atrelados à sua rentabilidade continua difícil. Quem se dispuser a
correr o risco neste tipo de aplicação deve optar por corretoras idôneas e manter o metal custodiado na Bovespa-BM&F.
É possível realizar aplicações via internet.

Ganhos com risco
As crises orçamentárias na Europa que ajudaram o índice das 68 ações mais negociadas na Bovespa/BM&F a recuar
18,11% em 2011 ainda persistem e podem se agravar. Os analistas de corretoras estão divididos quanto à possibilidade
e o “timing” de recuperação do mercado brasileiro.

As projeções mais otimistas apontam que o Ibovespa pode alcançar a faixa de 80 mil pontos no segundo semestre. Existem alguns mais pessimistas como os da Fator Corretora que não consideram possível que o índice da bolsa paulista
supere os 60 mil pontos.

O que ocorreu com algumas ações no ano passado pode se repetir. Vinte e uma ações entre as que compõem o índice
da bolsa paulista terminaram 2011 com valorização.

Ficaram entre elas, ações de empresas tradicionais pagadoras de bons de dividendos como as do setor elétrico e as que apresentaram bons resultados financeiros graças ao mercado interno.

Entre as mais rentáveis que compõem o índice Bovespa ficaram Cielo ON – 53,3%; Redecard ON – 49,2%; Klabin S.A.
PN – 42,5%; Eletropaulo PN – 41,1%; Telefônica PN – 40,1%; Tim Part S.A. ON – 39,0%; AmBev PN – 38,1%; Cemig PN – 37,2%; BRF Foods ON – 36,3%; e Souza Cruz ON – 34,1%.

Diversos analistas apontam as ações dos principais bancos como boas oportunidades para este ano, pois mesmo que
reduzam um pouco suas operações de crédito, Bradesco, Itaú Unibanco e Banco do Brasil vão repetir os excelentes
resultados dos últimos exercícios.

Vale, Petrobras e ações do setor elétrico tendem a repetir também os bons resultados dos últimos semestres. Entre as
ações de “segunda linha nobre”, algumas corretoras apontam chances de valorização em Eternit ON, Marcopolo PN
e Randon PN.

Qualquer escolha deve ser precedida de avaliação completa da empresa com ajuda de analistas de confiança. É preciso
definir ainda se a ação apresenta possibilidade de alta ou recuperação, independente do seu desempenho passado.

Não basta, portanto, escolher uma ação que está desvalorizada e achar que ele pode subir. O mais importante é definir o
seu potencial de alta e se arriscar. Quem não gosta de correr risco na bolsa é melhor colocar o dinheiro na caderneta de
poupança ou nos demais produtos de renda fixa.

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