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por Fernando Soares Rodrigues
 
Diante novamente da inflação anualizada superior a 10% combinada com a expectativa de retração econômica prevista inicialmente para 2,31% em 2016, após o recuo de mais de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015, a turbulência política na Câmara Federal e o processo de impeachment da Presidente Dilma tornam-se problemas importantes, mas um pouco menores. A necessária mudança de rumo na política econômica, com ou sem a Presidente Dilma seria o fator preponderante para o combate à inflação. Os economistas aconselham em geral maior rigor nas metas fiscais.
 
A inflação na visão de muitos analistas é o pior dos males da economia e do País porque corrói os salários, retira o poder de compra da população e agrava a recessão. Torna-se assim maior que a irresponsabilidade de muitos políticos que, por sua vez, impede as reformas econômicas necessárias para combatê-la com eficácia, mantendo um círculo vicioso e perverso para a população.
 
A volta da inflação de dois dígitos no Brasil só não preocupa mais porque muitos dos atuais gestores de recursos pertencem a uma nova geração que não conviveu com esse grande mal que assolou a economia brasileira até 1994 quando o Plano Real amorteceu a disparada dos preços.
 
No médio prazo, o governo está perdendo também esse combate. O boletim Focus do BC do último dia sete de dezembro previa inflação de 6,70% ao final de 2016, acima do teto da meta de 6,5% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). 2015 terminou com inflação superior a 10% e bem acima do teto da meta. 
 
Diante dessa expectativa, os principais analistas do mercado que participam da pesquisa semanal do boletim Focus (início de dezembro) previam taxa Selic no patamar de 14,25% ao ano, ao final de dezembro de 2016.
 
Expectativa de alta
Graças a uma série de desacertos na condução na política econômica, com destaque para o déficit fiscal expressivo em 2015 e a expectativa de continuidade em 2016 da política fiscal frouxa, restam poucas alternativas à equipe econômica.
 
Em novembro passado, a inflação oficial medida pelo IPCA bateu em 1,01%, elevou para 10,48% o acumulado nos doze meses anteriores e ascendeu a “luz vermelha” no
Banco Central (BC). Nova alta dos juros básicos da economia, a taxa Selic, voltou a ser cogitada com mais intensidade. Esse é o grande estímulo para a continuidade da maior procura pelos ativos de renda fixa.
 
Com a crise do mercado acionário agravada pelas fortes desvalorizações dos papéis da Petrobras e Vale, corretoras de valores procuram direcionar os investimentos de seus clientes para a renda fixa. Em algumas delas, os papéis e títulos públicos corrigidos pela Selic ou índice de inflação mais juros passaram a representar mais de 70% dos negócios.
 
Nem sempre com sucesso, a exemplo do que ocorreu em novembro passado, quando a inflação medida pelo IPCA derrubou a rentabilidade dos principais ativos, os investidores buscam a proteção na renda fixa: Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), fundos de investimentos financeiros, Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), e os títulos do Tesouro Direto. Todos tentam obter maior rentabilidade que os 7,94% anuais líquidos oferecidos pela caderneta de poupança (acumulado nos 12 meses anteriores a novembro passado).
 
Os rankings de rentabilidade divulgados pela grande imprensa nem sempre destacam com clareza que a rentabilidade dos fundos de investimentos, CDBs e títulos públicos é corroída pelas alíquotas elevadas do Imposto de Renda (de 22,5% em seis meses e caindo para 15% em dois anos). A rentabilidade extramente atraente de alguns títulos públicos – inflação mais juros de 6% ao ano, por exemplo, só é obtida por quem tem condições de resgatá-los no longo prazo. Quem resgata o título público no curto prazo, e às vezes, até no médio prazo, fica sujeito à marcação dos valores a mercado que reduz a rentabilidade.
 
O Ministério da Fazenda pretendia no início de dezembro passado retirar a isenção fiscal das aplicações em Letras do Crédito Imobiliário e Agrário.
 
Os debates sobre o processo de impeachment da Presidente Dilma, a destituição do cargo do presidente da Câmara, crise do banco BTG Pactual, expectativa de novos rebaixamentos na nota de crédito do Brasil, e rumores sobre a insolvência do governo provocaram resgates dos títulos públicos no final de 2015 e afetaram as cotações deles.
 
Não há garantia de que novos reajustes da taxa Selic venham conter a inflação. A fixação do salário mínimo com ganho real (acima da inflação) em janeiro e a correção dos preços dos “chamados preços administrados” impedem a queda da inflação, mesmo diante da retração econômica e do desemprego elevado.
 
Na realidade, o Plano Real fez muito para conter a inflação, mas a indexação de diversas tarifas, preços e serviços à inflação passada só acabou para uma parte expressiva dos vencimentos dos funcionários públicos, principalmente do poder executivo. A indexação formal e informal da economia continua em larga escala e perpetuando a inflação elevada.
 
Câmbio
Mesmo com a previsão de uma alta moderada do dólar para a R$ 4,20 no mesmo período (final de 2016), o superávit da balança comercial (exportações menos importações) subiria para US$ 31,4 bilhões ao final de dezembro próximo, segundo o boletim Focus, constituindo-se em um dos poucos pontos positivos do desempenho da economia no período. Ao final de 2015, a previsão era de superávit comercial também expressivo de US$ 15 bilhões graças à correção do câmbio no período.
 
Alguns analistas acreditam que o dólar pode alcançar os R$ 4,50 ainda no início de 2016 devido à crise política, perda do grau de investimento pelo País, etc. Se configurarem essas previsões menos otimistas, aplicar em dólar em espécie ou através dos fundos cambiais não será um mau negócio. Para quem tem viagem marcada ao exterior, não há dúvida. É melhor não se arriscar e comprar o quanto antes a moeda estrangeira em espécie ou através dos cartões de débito internacional.
 
Até novembro de 2015, numa espécie de prévia do ano, os fundos cambiais renderam cerca de 41% no acumulado dos 12 meses anteriores. Já o dólar em espécie registrou valorização de 51,3% nos doze meses anteriores a novembro passado, onerando em demasia as empresas que têm elevada dívida em dólar.
 
Risco das ações
As pessoas físicas saíram em larga escala do mercado acionário em 2015 devido às fortes quedas de ações com destaque na formação do índice Bovespa como Petrobras e Vale. Os preços da tonelada do minério de ferro e do barril do petróleo ficaram no período, coincidentemente, abaixo dos US$ 40,00 e reduzindo as expectativas de lucro das duas grandes companhias brasileiras.
 
E o pior para essas companhias está por vir diante da previsão para breve dos julgamentos dos processos judiciais contra a estatal petroleira nos EUA e também contra a Vale. A mineradora que também utilizava a barragem de rejeitos de Mariana não teria informado a seus investidores internacionais sobre a extensão de sua responsabilidade na maior tragédia ambiental do Brasil. Os processos contra a Petrobras estão relacionando ao “petrolão” apurado na operação Lava Jato (corrupção desenfreada na estatal) e à má gestão na sua administração.
 
A ação preferencial nominativa da Vale chegou a recuar 48,6% no acumulado de 2015 até oito de novembro passado.
 
Mesmo sem pretender arcar com os prejuízos causados pela Samarco, onde detém 50% de participação, a Vale pode deixar de receber de sua controlada dividendos da ordem de US$ 800 milhões neste ano no próximo. E no mercado internacional, o preço do minério de ferro, principal produto de exportação da Vale continua com perspectiva de baixa.
 
Ações de companhias dos setores varejista, construção civil, telecomunicações, metalúrgico e aviação lideraram as quedas na Bovespa em 2015 até o final de novembro, segundo ranking elaborado pela corretora Solidus. São elas: PDG Realty ON, -95,7%; Contax UNT N2, -92,3%; Magazine Luíza ON, -83,3%; Gerdau Met. ON, -83,2%; Viavarejo UNT N2,-81,0%; Rossi Residencial ON, -77,9%; e Gol PN, -77,3%.
 
Acumularam altas expressivas em 2015 até novembro, principalmente ações de companhias exportadoras dos setores de papel e celulose, segundo o mesmo ranking da corretora Solidus. São elas: Prumo ON, 139,5%; Fibria ON, 76,8%; Suzano Papel PNA, 73,2%; Klabin  S/A UNT N2, 69,4%; Braskem PNA, 54,3%; Souza Cruz ON, 49,1% (em processo de fechamento de capital); Magnesita SA. ON, 43,5%; e Klabin S/A PN, 42,5%.
 
No curto e médio prazo, muitos investidores com características especulativas conseguem vencer a inflação elevada e a taxa Selic exorbitante (14,25% ao ano), com ajuda de analistas e acompanhamento do mercado. Não se deve arriscar em bolsa mais que 10% a 20% do capital disponível para investimento, segundo o antigo conselho de analistas experientes.
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