Captação líquida dos fundos estruturados em direitos creditórios tiveram captação recorde em maio de R$ 37,7 bilhões, maior resultado desde janeiro de 2011

Ainda pequeno em volume de recursos quando comparado com outros tipos de investimentos, os Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC) vêm apresentando desempenho expressivo. De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), em maio deste ano a captação líquida dessa classe foi de R$ 37,7 bilhões, revertendo o resultado negativo observado no mesmo mês de 2018. Essa foi a melhor performance desde janeiro de 2011.

O cenário macroeconômico, com a taxa básica de juros no menor patamar da história, dificultando os ganhos em produtos de renda fixa, somado ao fato da maior busca por crédito pelas empresas, tem levado muitos investidores a buscarem alternativas mais agressivas de retornos financeiros. “Muitos fundos FIDC conseguem captar a 200% do CDI, o que é uma taxa bem alta quando se compara a outros investimentos”, afirma Rafael Pizzardo, sócio-diretor da Fromtis.

De acordo com o especialista da Fromtis, que atua diretamente no mercado de Direitos Creditórios Multi Cedentes e Multi Sacados, com 70% dos recebíveis no mercado brasileiro passando pela infraestrutura tecnológica da companhia, é esperado que até o fim do ano haja um crescimento nesse tipo de fundo da ordem de 20% quando comparado com o ano passado. Dados da Anbima mostram que o patrimônio líquido dos FIDCs somaram até o fim de maio R$ 704 bilhões, 33% acima do acumulado no mesmo período de 2018.

Pizzardo afirma ainda que em cenários de movimentos ainda fracos da economia brasileira, com a Selic baixa, é natural que haja uma busca pelo mercado de securitização. “Sendo o principal veículo nesse aspecto no Brasil, os FIDCs e a tecnologia financeira vêm ganhando importância crescente no País. Desde o seu surgimento pelo Conselho Monetário Nacional, em 2001, muitas mudanças estruturais e de regulação ocorreram”, afirma. “O fortalecimento do seu caráter de segurança também deixou muitos investidores mais tranquilos. Mas ainda há muito a ser feito para expandir o volume de recursos alocados nesta categoria”, explica.

Os players de mercado e o próprio órgão regulador, na figura da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entendem que é preciso criar mecanismos para simplificar determinadas exigências, principalmente na ponta do custodiante e da administradora. A autarquia deve pautar para o segundo semestre deste ano a audiência pública que vai revisar as regras dos FIDCs para discutir com mais profundidade esse tema. A expectativa é que o crescimento seja acelerado a partir de 2020, com a flexibilização da regulamentação do segmento.

Um dos objetivos da CVM é aproximar o varejo para algumas estruturas específicas dessa categoria de fundos. “É importante destacar que esse trabalho dos órgãos reguladores vem para melhorar a dinâmica dos produtos e dar acesso do público em geral aos FIDCs. Isso abre portas não apenas para gerar um mercado melhor, mas para crescer a indústria sustentavelmente”, ressalta Pizzardo.

O sócio-diretor da Fromtis aponta ainda que a evolução do mercado de securitização, o amadurecimento dos players que atuam nas diferentes pontas – seja na parte custodiante, na administração ou na gestão -, somado à tecnologia financeira e à participação ativa do órgão regulador, são elementos primordiais para o fortalecimento da indústria de FIDCs. “Seguindo o otimismo, devemos observar uma expansão dos ativos captados, dos fundos emitidos e de novos players surgindo na gestão de recursos e na indústria fiduciária”, complementa.

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