Festa da Luz transformou Belo Horizonte numa obra de arte viva
Festa da Luz transformou Belo Horizonte numa obra de arte viva
Festa da Luz transformou Belo Horizonte numa obra de arte viva

Rachel Capucio*

Nos quatro dias em que o circuito de arte pública iluminou o baixo centro, a festa tomou conta da timeline de BH com milhares de postagens e menções diárias.

“A vida vai ressurgir copulando só afetos”. Numa das esquinas mais conhecidas de beagá – encontro da Sapucaí com o Viaduto Santa Tereza -, o letreiro vermelho luminoso com a poesia da escritora Conceição Evaristo simboliza o clima de sonho e esperança que a primeira edição da Festa da Luz trouxe para Belo Horizonte no último fim de semana de outubro. Com o baixo centro iluminado, ocupado por obras de 25 artistas de todas as regiões do país, o festival transformou a região num cenário onírico, mostrando que é possível vivenciar a cidade de outras formas e apontando para futuros possíveis depois de quase dois anos de pandemia.

Nos quatro dias em que aconteceu, a ocupação luminosa da Festa da Luz tomou conta da timeline de BH. Foram mais de 10 mil postagens diárias com a #festadaluz. Isso sem contar os milhares de conteúdos postados nas redes sociais sobre cada uma das obras que transformou e foi transformada pelos prédios, ruas, esquinas e, especialmente, pelas pessoas que moram ou passaram pela capital mineira.

Sem dúvidas, a obra Somewhere, criada pelo VJ 1mpar em parceria com a produtora Tássia Junqueira, que irradiou luz no Viaduto Santa Tereza com as cores do arco-íris, foi a imagem que mais circulou e iluminou as cabeças e corações des belorizontines. A Festa da Luz é sobre diversidade, afeto, amor e respeito. Pra pensar: afinal, qual é a cidade que nós queremos? E o que permanece é o desejo de que o viaduto siga colorido hoje e sempre.

Logo ali, tínhamos também a tag do artista Goma no topo da Serraria Souza Pinto! A instalação, um pixo projetado em luz neon futurista, costurou a história de um edifício que é patrimônio tombado, e que também é a história de nosso povo – permeada por conflitos sociais, mas também por vida e celebrações-, com a trajetória de João Goma, importante artista de rua de BH.

“Estamos de olho”, “BH é terra indígena” são mensagens que iluminaram o edifício Chagas Dória na Sapucaí. A obra de laser dos artistas Denilson Baniwa e Homem Gaiola parecia vir de outro mundo e nos convidava a pensar sobre o nosso próprio. Na outra ponta do Viaduto, no Sula, avistávamos poesias coloridas que desciam do céu para encantar quem passava: era a instalação Leituras Poéticas des arquitetes Bel e João Diniz.

E o que dizer das 15 obras de video mapping que trouxeram vida para o concreto cinza de prédios icônicos de BH? Arte, política, poesia, psicodelia, formas que dançam, corpos que sentem prazer e resistem: cada projeção mapeada acendeu de uma forma diferente a imaginação de quem assistia às imagens sentade nos arcos do viaduto ou no chão da praça da estação. Isso, sem mencionar a invasão luminosa do coletivo Projetemos que trouxe sua indignação projetada para o centro da cidade!

E não podíamos terminar esse texto sem exaltar o circuito de iluminação cênica que conectou cada uma destas obras e acontecimentos, e foi criado pelas arquitetas Laila Gonçalves e Andréia Barbosa Gomes, do escritório Duas Ideias. O túnel do metrô virou cenário futurista colorido e parada para se gravar fotos e vídeos. A escadaria que leva à Sapucaí, já tomada por grafites e pixos, também ganhou luzes. E, lá no alto, a obra autoral das duas arquitetas, um letreiro neon, também resumiu um sentimento compartilhado de quando a cidade é palco de ações coletivas: BH é Nóis.

Continuidade

“Foram pelo menos 8 anos entre a ideia de realizar a Festa da Luz de Belo Horizonte e a sua concretização. Estamos emocionados com a forma como a cidade abraçou a proposta. Foram noites de esperança e integração completa entre arte, ruas e pessoas. No ano que vem, vislumbramos uma edição maior, com shows e mais artes interativas. Para isso, esperamos contar com o apoio de outras marcas sensíveis além da Becks e Cemig que nos apoiaram na primeira edição, com o fomento da Lei Estadual de Incentivo à Cultura”, celebra Matheus Rocha, da Associação Cultural Casinha, co-produtora  do festival junto com a híbrido.cc e a Pública Agência de Arte.

Festa da Luz

A Festa da Luz foi idealizada pela Associação Cultural Casinha e pela Híbrido Comunicação e Cultura e é uma coprodução das duas com a Pública, produtora do Cura. O Sula, novo restaurante, bar e espaço cultural, comandado pela Híbrido e localizado no Edifício Sulamérica, foi o espaço oficial da Festa da Luz. A primeira edição da Festa da Luz tem patrocínio da Cemig e da Becks por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais.

*Advogada, especialista em Cultura

Informações, fotos e vídeos da cobertura:

www.instagram.com/festadaluz.art https://drive.google.com/drive/folders/1fEvY5jB47scnn5lXsrRrl6LifMQYNaMe?usp=sharing

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