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“A gente não programa o sonho. Toda experiência de criação é, portanto, uma novidade. O escritor diante do papel embranco deve ser sempre um estreante. É sempre uma aventura como se fosse pela primeira vez”.

Fernando Sabino

 

Por: Jayme Vita Roso

 

No dia 12 de outubro de 1923 (Dia da Criança) nascia, em Belo Horizonte, Fernando Tavares Sabino. Ou seja, comemoramos seu nonagésimo aniversário, neste ano. Seu passamento deu-se, também no mês de outubro, no dia 11, em 2004.

Sua vida foi entremeada de esporte (natação), de leituras das mais variadas, de iniciativas ousadas (aos 15 anos ajuda a fundar um jornalzinho chamado “A Enúbia” além de iniciar a colaboração regular com artigos, crônicas e contos nas revistas “Alterosas” e “Belo Horizonte”).

No percorrer de sua vida, de uma intensidade inacreditável, trabalhou no Rio de Janeiro em vários jornais, revistas e no Tribunal de Justiça. E assim foi sucessivamente passando até à assessoria de campanha política de Carlos Lacerda e, em companhia de Otto Lara Rezende, então diretor da Revista Manchete, antecipa a candidatura do general Juarez Távora, à Presidência da República, tendo recusado apoio a Juscelino. Fez diversas viagens pelo mundo afora, sobretudo à Europa, e tornou-se célebre sua permanência em Cuba, que resultou num livro “A Revolução dos Jovens Iluminados”. Um após, outro publica “A Mulher do Vizinho”, “O Encontro Marcado”, “O Homem Nu”, “Quadrante 1” e “Quadrante 2”, “Evangelho das Crianças”. Escreve vários roteiros de filmes, mini-documentários para televisão, reportagens radiofônicas e televisivas além de documentários com fundos educacionais e culturais.

Publicou um livro de grande repercussão em 1991: a biografia autorizada de Zélia Cardoso de Melo intitulada “Zélia, uma paixão”.

Envolveu-se em vários escândalos em sua vida privada. Isso criou um clima hostil ao genial escritor. Pouco a pouco, foi diminuindo sua produção, destacando-se mais a trilogia de novelas “de ação, fuga e suspense”, “Aqui estamos todos nus” (1993). Seguiu esse livro profano, o religioso intitulado “Com a graça de Deus” ou “uma leitura fiel do Evangelho inspirada no amor de Jesus”.

Sempre procurou preservar a criança dentro de si, tanto que, ao falecer, em 11 de outubro de 2004, na cidade do Rio de Janeiro, a seu pedido, o epitáfio é: “Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino”.

Sua bibliografia é extensa, com mais de 40 títulos publicado entre 1941 e 2004. Para termos uma ideia brevíssima da importância deste mineiro, na literatura nacional contemporânea, recordo que, em 2006, o “Encontro Marcado” atingiu a 82ª edição.

Embora não tenha sido tão elogiado, seu livro “Martini Seco” que pertence à obra “A Faca de Dois Gumes”, publicado pela Editora Record em 1985, este escriba o considera uma da principais criações do autor que, lançando e participando de uma série de obras conhecida como “Rosa dos Ventos” para Editora Ática, nos colocou, ainda nos coloca e nos colocará sempre em questão conosco mesmos pois disse, no frontispício, “Quem embarca nas palavras, viaja com a imaginação”.

Reproduzo o que ele mesmo disse a respeito da história “Martini Seco”: “Por mais incrível que você possa imaginar essa história está baseada, em parte, na realidade. Ela sucedeu com um amigo jornalista e delegado que recebeu as acusações mútuas entre a esposa e o marido. Depois veio um pouco de imaginação do escrito. Quando meu amigo me contou a história, ela me intrigou bastante e continuou me intrigando. Tanto é que primeiro o tema apareceu numa crônica do livro Homem Nu depois que fiz uma peça de teatro baseada na trama. Ainda tocado pela coisa, escrevi esta novela, e, mais recentemente, reescrevi a peça de teatro. Veja só como a coisa me pegou. Mas valeu a pena” (p. 5, Editora Ática, 1987).

Tendo gozado na adolescência a amizade de Hélio Pelegrino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos, não poderia deixar de, no acaso da sua vida, ser o que foi e o que representou para a época e para a nossa literatura contemporânea. Afinal, este privilégio foi marcante.

Recentemente, em discreta e lúcida apresentação, foi ele recordado no Espaço Cultural do Banco do Brasil, em Belo Horizonte (no período de 24/9 a 4/11). Emocionei-me, com as suas palavras, reproduzidas em painéis e com as fotografias de momentos decisivos de sua vida. Quanta memória: “Eu quis sugerir que, por baixo da realidade que se apresenta aos nossos olhos, existe outra que é a verdade. Esta verdade pretendo alcançar com o que escrevo. Uma verdade além da realidade que só se alcança através da imaginação, da fantasia e do sonhos” (de um dos painéis).

 

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