“Estamos utilizando conceitos de 1970 para construir negócios hoje”, afirma Pedro Telles
“Estamos utilizando conceitos de 1970 para construir negócios hoje”, afirma Pedro Telles
“Estamos utilizando conceitos de 1970 para construir negócios hoje”, afirma Pedro Telles

Com sistema B empresas têm o desafio e objetivo de solucionar problemas socioambientais.

Estamos chegando em um ecossistema que traz a necessidade do sistema B, conta Pedro Telles, Gerente de Programas na área de Desenvolvimento de Negócios do Sistema B Brasil, em workshop no II Fórum Capitalismo Consciente, promovido pelo Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB). “Estamos falando de mecanismo de mercado, de forças de negócios, que as estruturas estão pensando em como resolver”, diz o especialista.

Quando Freeman escreve um artigo sobre o crescimento de lucro das empresas, mostra como esse pensamento não é mais exercitado hoje. “A gente está utilizando conceitos de 1970 para construir negócios em 2020. A transformação que a gente está aqui pra propor é que a gente saia desse pensamento para todas as partes interessadas. Não é não gerar lucro para o acionista, é entregar um relatório olhando para o todo, para o mundo, sem aquele viés. É pensar em uma empresa que vai suprir as demandas da sociedade”, diz Telles.

Entre os elementos que qualificam uma empresa do século XXI estão o Propósito de Impacto Positivo, que é a geração de impacto socioambiental positivo no curso da atividade econômica lucrativa; Responsabilidade vinculada, que é a inclusão de instrumentos na governança para qualificar as decisões em prol do impacto social e ambiental, no curto e longo prazo, com o engajamento dos stakeholders; e o Compromisso com a Transparência, que é a mensuração, gestão e publicação do relatório de impacto.

De acordo com Telles, as empresas com sistema B são um modelo de organização que representa e busca promover impacto social e global. Hoje, no mundo, existem mais de 4 mil empresas B certificadas em mais de 75 países, de 150 setores e com um único objetivo. Estas mantêm métricas verificáveis e comparáveis de impacto social e ambiental, transparência e prestação de contas. Já no Brasil, são mais de 200 empresas certificadas com mais de 20 bilhões de reais em receita, alguns exemplos são a Natura, Avante, Vox e Mãe Terra. Além disso, mais de 7400 empresas já estão nesse processo em território nacional.

A avaliação de impacto dessas empresas se inicia com um questionário composto por cinco pilares principais: Governança (missão e engajamento; ética e transparência; e proteção da missão); Trabalhadores (segurança financeira; saúde, bem estar e segurança; desenvolvimento da carreira; engajamento e satisfação; participação societária; desenvolvimento da força de trabalho); Comunidade (diversidade, equidade e inclusão; impacto econômico; engajamento cívico e doação; gerenciamento da cadeia de suprimento; desenvolvimento da cadeia de valor; desenvolvimento econômico nacional; compromisso formal de doação); Meio Ambiente (gerenciamento ambiental; ar e clima; água; terra  e vida; produtos e serviços ambientais benéficos; produtos e serviços que conservam recursos); e Clientes (gestão de clientes; produtos ou serviços socialmente benéficos; atendimento a populações carentes). Esse modelo de impacto também protege as empresas de greenwashing.

“E só tem uma coisa que é obrigatória para toda empresa, é a proteção da missão, a gente pede para que as empresas insiram isso de maneira formal na governança organizacional, para que isso esteja no contrato social da empresa. Precisa escrever que tudo que aquela empresa faz, é pensando nas pessoas, no meio ambiente, no social… Essa pergunta é o coração da missão e do questionário”, conta Telles.

A certificação do sistema B é válida por três anos e a cada três anos muda o questionário. Apesar de o questionário ser pago, a certificação final é gratuita para as empresas que passam com esses requisitos. Ser uma empresa B traz melhoria na gestão e governança, diálogo com ESG, posicionamento, atração de talento e torna a empresa parte de uma comunidade de líderes. Isso tudo gera demandas sistêmicas com investidores, empresas, governos, academia e consumidores.

“É melhor começar a pensar nisso desde o nascimento da empresa, do que pensar nisso depois. A resposta funciona muito, o melhor é exatamente conhecer as outras empresas, saber de outras organizações que estão nesse meio”, finaliza Pedro Telles com a dica para quem está começando.

Fundado em 2013, o Instituto Capitalismo Consciente Brasil incentiva e ajuda empreendedores e líderes a aplicarem os princípios do capitalismo consciente em suas organizações alinhados às práticas ESG. Seu propósito é ajudar a transformar o jeito de fazer investimentos e negócios no Brasil com foco na redução das desigualdades. Com DNA de inspiração e educação, o Instituto realiza programas de formação e certificação de profissionais que desejem se aprofundar no tema Capitalismo Consciente e ESG, tendo alcançado em 2021 a marca de marca de 200 corporações associadas, e mais de 3 mil pessoas associados e engajadas pelo tema.

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