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A Administração e os desafios para um Brasil profissional

A profissão de Administrador completou 46 anos de regulamentação no dia 9 de setembro. Nesse tempo, passou por momentos de desconfianças quanto a sua utilidade, enfrentou dificuldades para se inserir no mercado, mas cresceu, consolidou-se e avança com vistas à profissionalização da gestão em todas as esferas do país. Nesta trajetória galgou conquistas, mas trouxe novos e importantes desafios.

À frente do Conselho Regional de Administração de Minas Gerais (CRA-MG) desde o início de 2011, o Adm. Pedro Rocha Fiuza acumula experiências que o fazem confiar na contínua valorização da profissão. Para Fiuza, um dos principais objetivos como presidente do CRA-MG é fazer com que a sociedade enxergue a importância dos profissionais da área para o desenvolvimento das organizações e do país, e, consequentemente, ampliando o mercado de trabalho para a profissão.

Com esse foco e metas claras, o CRA-MG tem buscado parcerias, tanto na esfera pública quanto privada, investido na fiscalização de empresas e concursos públicos, e desenvolvido outras ações de valorização da Administração.
Nesta entrevista, Fiuza fala sobre sua experiência como presidente do CRA-MG e explica as ideias e projetos que tem implantado em Minas Gerais. O Administrador revela ainda os principais desafios e barreiras para o pleno reconhecimento da profissão como imprescindível ao desenvolvimento das empresas e do país.

O senhor está prestes a completar um ano como presidente do CRA-MG. Como tem sido a experiência?

Desde o princípio, nossa gestão teve a intenção de continuar as melhorias alcançadas pela anterior, além de trazer inovação, crescimento e maior aproximação com o profissional de administração e instituições. Compartilhar a vida profissional e pessoal com a de presidente do CRA-MG, cargo honorífico, exige muito sacrifício e capacidade de delegação. Para tanto, conto com a contribuição dos colegas Conselheiros e de uma equipe de funcionários enxuta e altamente comprometida. O investimento no constante aprimoramento e crescimento desta equipe é que tem me permitido obter os bons resultados alcançados até o momento. Espero, neste sentido, constituir uma equipe autônoma, capaz de levar a frente a missão do sistema CFA/CRAs, sem depender diretamente da ação do presidente e de sua diretoria executiva, já que temos mandatos definidos.

O diálogo e a aproximação com a sociedade organizada e com os diversos órgãos do Poder Público também têm sido algo fundamental. Viajamos a vários municípios de todas as regiões de Minas Gerais e pudemos conhecer de perto os problemas e expectativas apresentadas em cada local. É de fundamental importância ouvir, compartilhar ideias, opiniões e extrair aquilo que pode ser benéfico não só para a profissão, mas para a sociedade.

Sempre digo que não espero que saiam defendendo a Administração, mas, sim, a sociedade. Afinal, a sobrevivência das organizações e o seu pleno desenvolvimento é que geram oportunidades, emprego, renda, qualidade de vida, desenvolvimento sustentável e responsabilidade social. E a Administração é a ciência que fornece habilidades para que profissionais contribuam para isso.

Assim, digo que a sensibilidade e humildade para falar, mas também ouvir, têm contribuído muito para uma gestão pautada pela participação de todos e também para superar os desafios, que são muitos.

E quais são as principais barreiras enfrentadas?

A falta de conhecimento da sociedade sobre as atribuições do Administrador e a ausência de alguns pontos importantes na legislação brasileira ainda dificultam um maior desenvolvimento da profissão.

Ouço muitos profissionais compararem a Administração a outras profissões mais antigas e tradicionais. Questionam por que para ser médico tem que ser bacharel em medicina, para atuar com advocacia é preciso ter a formação em Direito, mas para exercer atividades de Administrador não é necessária a graduação. Na verdade, é preciso. Temos a lei 4769/65 que estabelece as atividades privativas dos profissionais de Administração e as áreas de atuação, sendo elas: Administração Financeira, Administração de Materiais/Logística, Administração Mercadológica/Marketing, Administração da Produção, Administração e Seleção de Pessoal/Recursos Humanos/ Relações Industriais, Orçamento, Organização e Métodos e Administração Geral. Mas, muitos na sabem, não conhecem. As empresas, os gestores. Por isso, a importância de uma fiscalização ativa, mas, principalmente, de um trabalho de conscientização, o que deve começar pelos próprios estudantes e profissionais de Administração. Eles devem estar cientes da importância da habilitação profissional e de uma formação de qualidade. Denunciar o exercício ilegal. Participar da consecução dos objetivos de seu Conselho Profissional.

Outra questão-chave é a qualidade do ensino da Administração no Brasil. Temos assistido a um crescimento exponencial do número de faculdades que são abertas todo ano, o que poderia ser considerado um grande avanço na democratização do ensino superior no país. No entanto, esse crescimento, muitas vezes, é realizado por instituições sem estrutura ou conhecimento suficientes para a disponibilização de cursos de alto nível. Isso gera uma mercantilização desenfreada da educação, voltada, simplesmente, para a tentativa de se criar mais uma fonte de renda. Vale ressaltar que esta realidade atinge também as outras profissões, e não somente a Administração.

De que forma o Conselho tem agido para enfrentar os desafios?
Buscar a valorização da profissão. Esse objetivo comum ao Sistema Conselho Federal de Administração e Conselhos Regionais de Administração é que guia nossas ações.

Em Minas, estamos visitando empresas dos mais variados segmentos, fiscalizando-as e obtendo retorno quanto à habilitação de profissionais que exercem atividades típicas da Administração. Levamos os Fóruns Mineiros de Administração a todas as regiões do estado, além dos eventos realizados na capital, lotando auditórios e promovendo a transmissão de conhecimento a partir de palestrantes experientes e capacitados. Temos, inclusive, um projeto em andamento para criar um movimento entre o CRA-MG, as instituições de ensino mineiras e entidades de classe para promover mais eventos e contribuir com o desenvolvimento do profissional de Administração.

Foram criadas também ações com o objetivo de propiciar uma aproximação do CRA com acadêmicos e profissionais. Um exemplo é o programa de rádio Minuto do Administrador, veiculado em Belo Horizonte e em alguns municípios do interior. Por meio dele, o profissional registrado pode participar e difundir técnicas e conhecimentos relacionados à área.

Em outra frente, o CRA-MG e o Sistema CFA/CRAs vêm trabalhando junto ao Ministério da Educação e Cultura (MEC) no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), que analisa as instituições de ensino superior, os cursos e o desempenho dos estudantes. O objetivo é tentar conscientizar os responsáveis pelo ensino da importância nacional que eles têm ao graduar profissionais que atenderão, mais do que a si mesmos, à sociedade.

O diálogo com os diversos setores da sociedade organizada está surtindo o efeito esperado?

Temos visitado várias entidades e nossas demandas e idéias estão sendo muito bem recebidas.

Estivemos recentemente em reunião na Assembléia Legislativa de Minas Gerais onde propusemos uma maior participação em discussões que envolvam projetos e propostas que tratem da profissão de Administrador. Enfatizamos a importância de maior abertura do legislativo à participação dos conselhos profissionais nos debates da Casa. É fundamental que o nosso ponto de vista seja considerado quando de proposições e votações de projetos que envolvam a profissão de Administrador. Também vistamos a Câmara de Dirigentes Lojistas de BH e a de Uberlândia. Em reunião com o presidente da CDL-BH, Bruno Selmi Dei Falci, demonstramos nossa preocupação quanto ao índice de mortalidade das empresas no país e a importância do Administrador para mudar esse quadro. No Triângulo, buscamos parcerias para ações voltadas aos empresários da região, como, por exemplo, a realização conjunta de eventos.

Discutimos projetos também com vereadores de Santos Dumont. Foi importante visitar o Poder Público local, como forma de compartilhar ideias que venham difundir uma melhor gestão para aquela cidade e para os municípios como um todo.
O diálogo com os diversos segmentos está sendo amplo e de suma importância. Temos de nos fazer presentes em todo o estado e expressar as demandas de interesse das áreas e dos profissionais de Administração.

Então, a interiorização é uma preocupação do CRA-MG…

Sem dúvida. Hoje temos repre-sentações em quase 60 municípios, em todas as regiões do estado. Coordenadores regionais e represen-tantes possuem autonomia para bus-car as parcerias, estreitar os laços com as instituições de ensino locais e a atender os profissionais da respectiva região.
Consolidamos o projeto CRA-MG na Estrada. Por meio dele, levamos os Fóruns Mineiros de Administração a todas as regiões de Minas.

A fiscalização no estado também tem pautado nossas ações. Queremos estar presentes em todas as regiões e buscar o avanço das ações de fiscalização em cada vez mais empresas e instituições.
O senhor falou em fiscalização. Ela é uma das principais atribuições de um Conselho Profissional. Como o CRA-MG tem avançado nessa questão?

No ano passado, somente em Minas Gerais, foram constituídos quase 60 mil novos empreendimentos. É um número que revela uma dificuldade natural em relação à fiscalização, mas, ao mesmo tempo, a necessidade de constante investimento nessa área do CRA-MG. E é o que temos feito.

Neste ano, contratamos novos fiscais, adquirimos novos veículos e estamos literalmente na estrada visitando empresas em todas as regiões do estado. Somente no primeiro semestre de 2011, foram realizadas 445 visitas de fiscalização. Mas, não temos dúvidas: há muito o que ser feito ainda.

Quais são os planos para 2012?

Em dezembro deste ano, será divulgado o resultado da Pesquisa Nacional sobre o Perfil, Formação, Atuação e Oportunidades de Trabalho do Administrador, realizada pelo Sistema CFA/CRAs. A partir dela, será possível fazer um diagnóstico da situação existente, reanalisar cenários e identificar tendências para a profissão do Administrador no país. Ela irá traçar um raio x da profissão. Profissionais, coordenadores e professores do curso de Administração poderão participar pelo site do CFA e contribuir com informações relevantes à pesquisa.

Além disso, temos nos reunidos constantemente em Grupos de Estudo Temáticos em Minas para discutir os planos para os próximos meses. Discutimos, por exemplo, a proposta de nova redação de norma que dispõe sobre a competência do Administrador para efetuar trabalhos de auditoria e a formatação de cursos nas áreas de perícia, mediação e arbitragem.

Vamos buscar ainda a aprovação do Projeto de Emenda à Constituição que prevê a criação da Carreira de Administrador Municipal no âmbito dos Poderes Executivos Municipais. É imprescindível que tenhamos em qualquer estrutura administrativa profissionais aptos a desempenharem a missão de formulação e implementação das políticas públicas, e contribuírem para o desenvolvimentos de nossas cidades. Quanto mais competente for a administração pública municipal mais condições terá de argüir para si uma melhor distribuição da arrecadação de tributos, hoje quase que totalmente centralizada na União.

Ampliar parcerias com entidades representativas do estado é outro projeto do CRA-MG para o próximo ano. A ação vai nos permitir conhecer melhor as necessidades do mercado e, assim, orientar a atuação do profissional da Administração.
No campo da fiscalização, a ampliação do quadro de fiscais é uma prioridade do CRA-MG.

Devemos dar um foco maior também às micro empresas e empresas de pequeno porte, que constituem a maior parte das organizações do país e onde a falta de profissionalismo ainda é razão para o insucesso empresarial. Neste sentido, a atuação do profissional da administração pode contribuir em muito para reversão deste quadro.

Temos investido muito em tecnologia da informação de forma a abrir canais de comunicação mais modernos e eficientes com os profissionais de administração, permitindo uma maior participação destes com idéias e demandas. O conselho só é forte porque já temos uma grande quantidade de administradores registrados no Estado, mas poderá fazer ainda muito mais com uma maior participação. Para tanto, estamos de portas abertas e esperamos que todos os profissionais de administração que ainda não fazem parte do conselho, que se informem, critiquem, sugiram e juntem forças para que possamos disseminar os princípios da ciência da administração na construção de um país gigante e de uma sociedade mais justa e feliz.

Por fim, queremos estar em constante comunicação com os órgãos representativos das demais profissões regulamentadas, como forma de buscar competências de cada uma, em suas respectivas áreas de atuação, para buscar soluções para os grandes problemas do mundo moderno e globalizado.

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