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A mudança do posicionamento das autoridades em relação ao combate à inflação, após o agravamento da crise fiscal
na Europa e EUA eleva o grau de incertezas na economia brasileira neste final de ano. A disparada do valor do dólar
frente ao real em setembro ainda incorporou mais dificuldades no cenário econômico, o que obriga o Banco Central (BC)
a monitorar o mercado “on-line” para adotar medidas para influenciar o câmbio.

Ao final de setembro, analistas apostavam que o dólar continuaria a registrar grandes oscilações, após recuar do
patamar de quase R$ 2,00. A continuidade dos ingressos expressivos de recursos externos no País é o fator que
poderia conter a maior escalada do dólar. A grande oscilação da moeda americana frente ao real desde setembro não
foi prevista pelo governo e nem pelos analistas do setor, o que demonstra mais uma vez que qualquer previsão sobre
câmbio é tarefa das mais difíceis.

A expectativa de o Brasil terminar o ano com inflação cerca de dois pontos percentuais acima da meta de 4,5% e com
grandes pressões de alta pela frente, associada à forte oscilação do real frente ao dólar e crescimento econômico
menor do que o previsto são os fatores que incorporam maiores dificuldades às análises de investimentos.

Para tentar amortecer os efeitos corrosivos da inflação resta praticamente ao investidor a opção de aplicar o dinheiro em ativos pós-fixados e corrigidos pelo IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo como os títulos públicos do Tesouro Direto, papéis privados emitidos pelos bancos e
fundos de investimentos.

A caderneta de poupança, o refúgio natural das pequenas reservas, fica menos interessante diante do cenário de alta
da inflação já que a maior parte da composição de seu rendimento é fixo – 6% ao ano –, mais a variação da TR (Taxa
Referencial de Juros) que espelha com atraso as oscilações de papéis privados (CDBs – Certificados de Depósitos
Bancários).

O mercado acionário interno, que operava abalado pelas bolsas em baixa nos EUA e Europa, passou também a
incorporar as influências negativas da alta do dólar frente ao real que eleva na mesma proporção o impacto do
endividamento em moeda estrangeira das empresas e inflação sobre os custos de produção.

Virada do BC
A virada do posicionamento do governo se materializou com maior clareza em agosto, quando o Comitê de Política
Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic de 12,5% ao ano para 12% ao ano, mesmo diante do alcance de patamar
recorde de inflação naquele mês: o IPCA atingiu 7,23% no acumulado dos 12 meses anteriores.

A queda de 0,5 ponto percentual nos juros básicos da economia em agosto, apesar de pequena, manteve a
liderança mundial do Brasil em juro real. Essa taxa da ordem de 5,58% ao ano é calculada deduzindo-se da Selic de 12% ao ano a expectativa de inflação para os 12 meses seguintes.

Mas sinalizou para o mercado, a iniciativa que muitos analistas temiam. Para evitar crescimento econômico muito abaixo da média mundial, o governo optou por reduzir os juros básicos deixando a política de busca da meta inflacionária anual para segundo plano. O Copom formado por diretores do BC assimilou em sua maioria (cinco votos a favor e dois contra), o propósito do governo, apesar de a autoridade monetária ter independência institucional.

Volta ao passado
Economistas como ex-ministro Antônio Delfim Netto, um dos mais influentes durante o regime militar, se apressaram em apoiar e defender o posicionamento da equipe econômica do governo de origem petista de Dilma Roussef. O professor Delfim Netto apoiou a iniciativa de se conciliar taxa Selic menor com inflação maior e amortecimento da tendência de queda do crescimento econômico.

Os ministros Guido Mantega, da Fazenda, o presidente do BC, Alexandre Tombini e a própria presidente (economista)
Dilma Roussef estariam agindo correto, segundo Delfim Netto, ao evitarem assim (com redução de juros em tempo
de inflação alta) maior desaquecimento da economia diante da crise externa. Os efeitos da crise fiscal externa e o temor de desaquecimento da economia mundial se materializam no Brasil através da redução e encarecimento dos créditos externos, queda de preços de commodities e possível redução nas exportações, principalmente se a China crescer em ritmo menor que o atual (cerca de 9% ao ano).

É oportuno recordar que na virada dos governos Ernesto Geisel para João Batista Figueiredo (o último militar presidente
da República), Delfim Netto conseguiu desestabilizar o então ministro da Fazenda, o professor Mário Henrique Simonsen, com a mesma estratégia. Ele assegurou que “comigo o País cresce”, ao contrário de Simonsen que propunha austeridade fiscal e monetária típica dos tempos de guerra para enfrentar a nova etapa crise mundial do petróleo na época. E deu no que deu. Acabou o governo altamente atribulado do general Figueiredo e veio a gestão mais instável ainda do presidente José Sarney quando a inflação chegou a 80% ao mês.

Comentava-se na época que o atual presidente do Senado e atual homem forte do governo Dilma preocupava-se mais
com o crescimento, que não ocorreu, do que com a inflação.

Agora com 83 anos, bem saudável e atuante como sempre, Delfim Netto é citado como um dos mentores da política
econômica que favorece os industriais paulistas.

Mais um exemplo
O forte acréscimo no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos veículos importados de algumas montadoras,
que já pagam 35% de imposto de importação, é outro exemplo de volta ao passado na política econômica. Esse IPI a
mais de cerca de 30% encarece os preços de alguns veículos importados e os praticados pelas montadoras nacionais que ficam livres da concorrência de produtos mais completos e
com maior tecnologia.

O susto do dólar
A aposta da equipe econômica e do BC de que a crise econômica se encarregaria de amortecer a inflação foi colocada em xeque em setembro, quando até o dia 21, o dólar valorizou 17,1% frente ao real e atingiu R$ 1,96, antes
de o governo intervir no mercado de câmbio ao vender US$ 2,7 bilhões de reservas no mercado futuro.

O dólar turismo, a cotação que afeta diretamente as pessoas, pulou de R$ 1,65 em julho para R$ 2,00 dia 22 de setembro. O custo das viagens externas e das compras do exterior subiram, assim, 20% imediatamente.

Alguns motivos são apontados para a desvalorização do real ou alta do dólar: piora do cenário externo com o aumento
da aversão a risco por parte dos grandes investidores, que aplicam cada vez mais nos títulos americanos, os mais
líquidos, mesmo com as suas taxas em baixa; a redução da Selic em agosto, considerada surpreendente pelo mercado;
e a intervenção do governo no mercado derivativo de câmbio ao impor alíquota de 1% do IOF – Imposto sobre Operações Financeiras justamente quando anteriormente, o preço do dólar ameaça ficar abaixo de R$ 1,50.

Tradicionalmente ocorre o impacto efetivo da alta do dólar sobre os preços dos produtos importados e até dos artigos
nacionais não diretamente afetados pela valorização da moeda americana. O comércio adota um costume perverso.
Eleva os preços em geral para acompanhar a moeda americana, e quando o seu valor recua frente ao real, demora
muito a cortar nos preços.

Diante da grande oscilação do câmbio comercial em setembro (de R$ 1,56 em 30 de junho para até R$ 1,96 dia
22 de setembro, antes da intervenção do BC no mercado), a consultoria Economática estimou em 54% a queda no
resultado medido pelo critério contábil do Ebtida de 240 empresas com ações na Bovespa (excluindo a Petrobras)
devido ao impacto no custo do endividamento delas em dólar. Esse acréscimo nos custos reduz o resultado dessas
empresas e todas tentam repassar aos consumidores o acréscimo dos custos.

Os analistas passam a recomendar a compra de ações de grandes empresas menos endividadas em moedas estrangeiras e com capacidade de repassar a alta de seus custos como as de energia, saneamento e telecomunicações. Apesar de registrar preços baixos, ações dos principais bancos continuam sendo
analisadas com cautela, já que é difícil calcular o impacto sobre eles da restrição de crédito internacional.
Pânico nas previsões As principais consultorias autônomas e as ligadas a bancos e setores acadêmicos entraram em pânico no final de setembro.

As suas tradicionais previsões sobre taxa de câmbio, PIB – Produto Interno Bruto, inflação e taxa Selic para o final deste ano e 2012 passavam por revisões diárias. A maior incógnita é o câmbio. Havia um consenso que o
dólar recuaria após testar quase os R$ 2,00 e se estabilizaria na faixa de R$ 1,70 a R$ 1,80. A se configurar esse
cenário, a compra de dólares como investimento não seria aconselhável. A previsão do PIB estava mais próxima dos
3% do que dos 3,5% estimados antes da disparada do dólar.

A inflação ficaria mais próxima dos 7% no acumulado do ano em dezembro, conforme estimativa de Nathan Branche,
diretor da Consultoria Tendências. O dólar mais alto permite que o ouro negociado como ativo financeiro na BM&FBovespa retrate com a devida intensidade a valorização registrada pelo metal no mercado internacional
que chegou a superar os R$ 1.800,00 a onça-troy (31,1 gramas). A procura por ouro como investimento é crescente
na bolsa paulista, apesar das dificuldades que o pequeno e médio investidor encontram nos bancos e corretoras para
aplicar no metal como ativo financeiro.

Destaques empresariais
Usiminas: Enquanto se discutia o futuro do controle acionário da empresa, o presidente da siderúrgica, Wilson Brumer, disse durante apresentação de resultados para analistas mineiros na Apimec-MG, que produzir carvão e minério é melhor (mais rentável) do que aço. O setor siderúrgico tem de se reinventar.

Acho que o atual quadro de baixa rentabilidade do setor nacional veio para ficar, acrescentou.
No mundo, a capacidade ociosa de produção de aço é de 500 milhões de toneladas correspondente a 14 vezes a produção anual brasileira que foi de 32,8 milhões de toneladas no ano passado. Para piorar a situação, o Brasil importou no ano passado, 5,898 milhões de toneladas diretas de aço e 4,201
milhões de toneladas de aço indiretamente, correspondente praticamente à produção do sistema Usiminas: usinas de

Ipatinga e Cubatão.
Recuperação: Independente de mudanças em parte de seu controle acionário, a Usiminas pretende adotar medidas
para conquistar novas posições no mercado de aço e reduzir despesas administrativas em montante superior a R$ 100
milhões por ano. A sua principal ação reflete na bolsa o fraco desempenho financeiro da empresa no primeiro semestre e as dúvidas sobre seu controle acionário. Usiminas PNA ao fechar cotada a R$ 11,79 por unidade, em 22 de setembro
passado, registrava valorização de 2,3% no ano, perda de 35,4% nos doze meses anteriores. No primeiro semestre
deste ano, o lucro líquido da Usiminas despencou para R$ 173 milhões frente aos R$ 790 milhões registrados em
idêntico período do ano passado.

Em toda Minas: Ao pagar R$ 2,8 bilhões para suceder o Bradesco no banco postal – postos de serviços bancários
em cinco mil agências dos Correios em municípios sem outro banco, o Banco do Brasil, que possui 422 agências
em Minas, vai chegar no princípio do próximo ano, aos 853
municípios mineiros.

O BB cumpre também funções mais amplas do que a de um banco privado em outros países. Na Argentina assumiu
o controle do banco da Patagônia com 145 agências, onde presta atendimento a brasileiros que visitam o País vizinho e
a 200 empresas brasileiras instaladas no solo portenho. Na costa leste dos EUA, o Banco do Brasil vai instalar 20 agências a partir da compra do Eurobank que tem três agências no estado americano da Flórida. O motivo alegado é o mesmo: prestar atendimento a cerca de um milhão de brasileiros que vivem nos EUA. Essas informações foram dadas a analistas mineiros pelo gerente de relações com investidores do BB, Gilberto Lourenço, ao comentar os resultados do primeiro semestre do banco.

O bom desempenho financeiro do BB não conseguiu até setembro estimular a valorização de sua ação. Banco do
Brasil ON fechou cotada a R$ 24,15 por unidade, em 22 de setembro, e passou a acumular perdas de 6% no ano e de
16,5% nos doze meses anteriores.

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