Do retrato e filme do Brasil em 2022
Do retrato e filme do Brasil em 2022
Do retrato e filme do Brasil em 2022

Stefan Bogdan Barenboim Salej*

O orçamento da República Federativa do Brasil aprovado e desaprovado, discutido e pouco conhecido, para 2022 é o retrato de um Brasil redesenhado pelos nossos líderes políticos do momento. Ou seja, nós temos um orçamento que reflete crescente poder de uma casta política que se apropria de dinheiro público, o administra segundo seus interesses e sua visão do pais, seu desenvolvimento e suas necessidades.

É muito simples entender isso. Os deputados e senadores terão um orçamento secreto, ou seja um orçamento sem nenhum controle seja da sociedade, seja dos órgãos do governo como Tribunal de contas, Controladoria Geral da União, órgãos de controle dos ministérios, Tribunal Superior Eleitoral, ou seja, os representantes da cidadania, que soma entre orçamento secreto de R$ 16,5 bilhões, fundo eleitoral R$ 5,1 bilhões, fundo partidários de R$ 5,7 bilhões com adicional de R$ 1,1 bilhão, miseráveis R$ 2,.4 bilhões – aproximadamente US$ 5,5 bilhões. Todo este dinheiro será, basicamente, administrado por 594 parlamentares e seus parceiros nos partidos. Teoricamente, isso equivalente a um valor de US$ 9 milhões por parlamentar por ano, ou seja US$ 32 milhões no mandato de 4 anos, ou US$ 62 milhões por senador no mandato de 8 anos.

Se compararmos esses recursos com o dinheiro destinado a ajuda sob nome Auxilio Brasil de R$ 400 por família, num total de 17 milhões de famílias, famintas e em estado de pobreza que envergonha todos nós, totalizando R$ 68 bilhões, vemos bem o retrato do Brasil. É impressionante como se criticam os programas sociais, sejam de qual governo for, e como se tapa sol com a peneira, quando tratamos de gestão de recursos públicos pelos políticos. Nos dois programas tem exceções que mostram boa gestão e tem falhas a serem corrigidas, mas a desproporcionalidade e o modus operandi são bastante contraditórios.

E aí a estória não acabou. Para investimentos o governo e Congresso destinaram R$ 44 bilhões. Ou seja, no ano que vem o governo não será a locomotiva de desenvolvimento. A área de ciência e tecnologia terá R$ 756 milhões ou, aproximadamente, US$ 140 milhões. No ano de epidemia aliada ao dengue, Zica, paralisia infantil, Aids teremos R$ 4,7 bilhões e torcendo para que não sejamos atacados pela Bolívia, na área de defesa de um território que representa 2/3 da Europa, R$ 8,8 bilhões.

Em resumo, este orçamento e com expressão incorreta, mas que mais expressa o seu retrato, um samba de doido.

Juntando todos os dados econômicos, sempre muito bem analisados por Mercado Comum, temos uma situação econômica e fiscal, apavorante para próximos anos. Os pretendentes ao trono, todos assessorados por economistas com soluções da lavra da Zélia Cardoso de Mello com nomes diferentes, mas todos olhando retrovisor e não o futuro do Brasil, terão que enfrentar o eleitorado com mais do que promessas. E mais: não basta falar agradar o mercado, porque esse sempre ganha. Terão que achar através de um consenso político as soluções que, de fato, levam a melhoria de renda da maioria de população como força motriz de nosso desenvolvimento.

Todas as análises da conjuntura econômica de hoje, orçamento e um retrato dela, levam a crer que os políticos estão usufruindo da fraqueza do governo para quebrar o pais na crença que forças divinas vão salvar o Brasil. Eles com alguns empresários aliados vivem o filme do Baile da Ilha fiscal.

*Empresário, ex-Presidente da FIEMG – Federação das Indústrias de Minas Gerais.

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