• Por Carlos Alberto Teixeira de Oliveira

Administrador, Economista e Bacharel em Ciências Contábeis. Presidente da ASSEMG-Associação dos Economistas de Minas Gerais.  Ex-Presidente do BDMG e ex-Secretário de Planejamento e Coordenação Geral de Minas Gerais; Presidente/Editor Geral de MercadoComum.

Em 2018 o PIB de Minas somou US$ 161,9 bilhões, manteve-se estagnado e repetiu o mesmo ritmo do Brasil

O PIB-Produto Interno Bruto de Minas Gerais, considerado o 3º maior entre os estados brasileiros, vem apresentado desempenho medíocre em boa parte do século XXI e, durante os últimos dezoito anos, em oito deles – (2002, 2003, 2004,2005, 2010, 2012, 2016 e 2018) é que o estado registra desempenho superior à média verificada em relação ao Brasil. Há uma particularidade nos anos em o crescimento econômico de Minas supera o brasileiro: nesses anos, em sua maioria, registrou-se uma significativa valorização dos preços das commodities e, em especial, do minério de ferro.

De 2001 a 2018, de acordo com dados do IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; do FMI-Fundo Monetário Internacional; da FJP-Fundação João Pinheiro e da MinasPart Desenvolvimento Minas Gerais contabilizou um crescimento médio anual de 2,01% e, portanto, inferior ao brasileiro de 2,32% e distante da média mundial, de 3,80%. No acumulado do período, enquanto a economia brasileira registrou uma expansão de 50,06% e a mundial 95,51% – a mineira cresceu apenas 41,56%.

No período de 2011 a 2018, a taxa de variação do PIB mineiro cresceu a uma média de apenas 0,15% ao ano e 0,96% no acumulado – contra 0,59% e 4,54% do Brasil, respectivamente. O crescimento da economia mundial no mesmo período atingiu uma média anual de 3,63% e acumulou expansão de 33,00%.

Dados preliminares apontam que a participação relativa de Minas Gerais no PIB nacional em 2018 foi de 8,67. A Renda Per Capita dos mineiros somou US$ 7.621,73 – equivalentes a 85,37% da nacional.

Em 2018, as estimativas da MinasPart Desenvolvimento projetam o PIB de Minas Gerais totalizando R$ 598,5 bilhões – equivalentes a US$ 161,9 bilhões O valor adicionado da agropecuária foi estimado em R$ 28,1 bilhões – 5,36%; o da indústria, em R$ 135,3 bilhões – 25,81%; e o dos serviços, em R$ 360,8 bilhões – 68,83%, totalizando R$ 524,3 bilhões de Valor Adicionado Básico em termos nominais.

 MINAS GERAIS X BRASIL X MUNDO– TAXA ANUAL DE CRESCIMENTO DO PIB – PRODUTO INTERNO BRUTO 2001/2018 – Em %

Durante o governo Antonio Anastasia/Alberto Pinto Coelho (2011 a 2014) a economia mineira contabilizou expansão média anual de 1,4% e acumulada de 5,7% – enquanto a brasileira experimentou crescimento médio anual de 2,4% e acumulado de 9,7%, respectivamente.

            No governo de Fernando Pimentel (2015 a 2018), o desempenho médio anual do PIB mineiro apresenta-se preliminarmente negativo em 1,1% e, no acumulado do período, registra retração de -4,4% – enquanto a economia brasileira contabiliza declínio médio anual 1,2% e resultado acumulado de -4,7%. O último dado considerado oficial sobre o PIB estadual – o que é elaborado pelo IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística refere-se ao ano de 2016 e foi divulgado em novembro passado. Portanto, os números relativos aos dois últimos anos do mandato de Fernando Pimentel não são definitivos e estão sujeitos a alteração.

MINAS GERAIS X BRASIL X MUNDO– TAXA ANUAL E  ACUMULADA DE CRESCIMENTO DO PIB – PRODUTO  INTERNO BRUTO2011/2018 – Em %

Em decorrência do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho e da paralização de parte das atividades da empresa em solo mineiro haverá implicações de forma negativa sobre o PIB de Minas Gerais. Segundo cálculos da área econômica da FIEMG-Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais divulgados recentemente há uma perspectiva de redução de até 3,5% do valor estimado do PIB mineiro para 2019. Cabe destacar, no entanto, que esse impacto poderá ser suavizado se ocorrer uma maior valorização do dólar norte-americano e no preço do minério de ferro no mercado internacional, o que vem de fato ocorrendo: apenas durante o 1º semestre deste, o minério de ferro já registrou valorização de 63%.

Fonte: Valor 29.06.2019            A produção de minério de ferro da Vale em Minas Gerais (2017) totalizou 195 milhões de toneladas e representou 53,21% do total produzido pela empresa.

            O plano da Vale de descomissionar as barragens de rejeitos construídas pelo método de alteamento a montante e a consequente paralisação das operações nas minas em áreas de influência dessas barragens, todas localizadas em MG, poderá trazer um impacto imenso na economia estadual e de municípios mineradores, seja nas exportações, na arrecadação dos royalties da mineração ou no recolhimento de outros impostos.

            De acordo com a mineradora, a produção deve sofrer uma redução da ordem de 40 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano e estima que o volume que deixará de ser produzido representa em torno de 10% da sua produção anual.

            No ano passado, conforme dados do Ministério da Economia, as exportações de minério de ferro de Minas Gerais totalizaram US$ 7,290 bilhões – verificando-se uma retração de 16% na comparação com o ano anterior. Foram contabilizadas 145,3 milhões de toneladas em 2018 contra 175,9 milhões de toneladas no ano de 2017. A diferença de aproximadamente 30 milhões de toneladas de minério de ferro a menos significou uma perda de US$ 1,390 bilhão nas exportações. Caso o preço do minério de ferro ficasse estável em 2019, a redução das exportações poderia significar uma redução de US$ 2,0 bilhões –

            Dados da Fundação João Pinheiro relativamente ao desempenho do PIB mineiro demonstram, claramente, o processo de desindustrialização que vem ocorrendo em nível estadual: no período de 2002 a 2018 a indústria de transformação estadual cresceu apenas 1,1% no acumulado – cabendo destacar que o PIB total de Minas expandiu 36,6% durante o mesmo período.

Fonte: IBGE/O Tempo – 17.11.2018

.Dados preliminares apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) gerado na economia de Minas Gerais em 2018 foi 1,2% superior ao de 2017, em termos reais. O resultado, se confirmado, pode ser considerado ligeiramente superior ao crescimento de 1,1% da economia brasileira no mesmo período. Tanto para o estado quanto para o país, os dados indicam que a recuperação iniciada no primeiro trimestre de 2017 perdeu fôlego ao longo do ano passado, ameaçando retroceder ou estagnar.

Os dados, conforme já explicitados, são preliminares e foram apresentados no estudo Indicadores FJPPIB Trimestral de Minas Gerais – 4º Trimestre/2018 , publicado pela Fundação João Pinheiro (FJP) no dia 28 de março, no site da instituição. Os dados definitivos só serão conhecidos em novembro de 2020 quando o IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgar o relatório intitulado Contas Regionais – que compõe o Relatório das Contas Nacionais*.

 PIB anual – Nas atividades do setor de serviços, o crescimento acumulado do Valor Adicionado (VA) em 2018 foi de 1,3% em Minas Gerais. Entre essas atividades, houve expansão de 2,4% no índice de volume do VA de comércio e de 1,2% no agregado de “outros serviços”. Por outro lado, houve retração de 1,2% no produto real dos serviços de transporte, armazenamento e correio, e de 0,4% na administração pública. No Brasil, o crescimento real do agregado de todas as atividades de serviços também foi de 1,3% em 2018.

            O setor agropecuário também contribuiu positivamente para o desempenho econômico de Minas Gerais. Na comparação com o volume real do VA de 2017, o resultado acumulado em 2018 foi 5,7% superior, influenciado principalmente pelo aumento da produção de café, soja e leite. No Brasil, o VA agropecuário apresentou apenas uma pequena oscilação positiva, de 0,1%.

            Na indústria, o VA estimado para 2018 em Minas Gerais foi -0,3% menor em termos reais, na comparação com 2017. Esse resultado ocorreu apesar da variação positiva entre as atividades manufatureiras, responsáveis pela geração de cerca de 55% do total do VA industrial no estado. O acréscimo de 0,9% no volume de VA da indústria de transformação também não foi suficiente para compensar as retrações estimadas em 4,1% nas utilidades públicas (água e eletricidade, principalmente); 2,0% nas indústrias extrativas; e 0,4% na construção (Tabela 1). No período, o VA industrial brasileiro teve expansão real de 2,3%.

Variações trimestrais – No quarto trimestre de 2018, o PIB de Minas Gerais apresentou uma pequena variação positiva, de 0,2% em termos reais, na comparação com o trimestre imediatamente anterior na série com ajuste sazonal.

            Houve retração de 2,8% no setor agropecuário em Minas Gerais, contra oscilação positiva de 0,2% em nível nacional. Das lavouras com parte expressiva da produção estadual concentrada no quarto trimestre, houve perda significativa de colheita com a banana e o tomate; relativa estabilidade na colheita de cana-de-açúcar, e pequeno ganho na terceira safra de batata-inglesa.

            O Valor Adicionado da indústria estadual contraiu 0,9% (-0,3% no país), refletindo a queda de 4,6% na produção e distribuição de eletricidade, água e saneamento Nas atividades da indústria de transformação, houve crescimento de 1,7% em Minas Gerais; na indústria extrativa, de 0,4%; e na construção, de 0,3%.

No setor de serviços, também houve variação negativa, de 0,3% no estado, contra oscilação positiva, de 0,2%, no país. Houve decréscimo no volume de VA dos transportes (-1,6%), dos “outros serviços” (-0,5%) e da administração pública (-0,3). Nas atividades do comércio houve crescimento de 0,5% no período considerado.

Valores Correntes -Com a conclusão dos aperfeiçoamentos metodológicos no cálculo do PIB trimestral de Minas Gerais, que passou a ser plenamente integrado ao Sistema de Contas Regionais na referência 2010, tornou-se possível a divulgação dos valores correntes setoriais do valor adicionado bruto (agropecuária, indústria e serviços) e do PIB mineiro a partir do novo ano de referência (2010).

Em 2018, a estimativa preliminar da Fundação João Pinheiro para o PIB de Minas Gerais totalizou R$ 598,5 bilhões – equivalente a US$ 161,9 bilhões e a uma participação relativa no PIB nacional de 8,7%. O valor adicionado da agropecuária foi estimado em R$ 28,1 bilhões; o da indústria, em R$ 135,3 bilhões; e o dos serviços, em R$ 360,8 bilhões, totalizando R$ 524,3 bilhões de Valor Adicionado Básico em termos nominais.

*O PIB trimestral de Minas Gerais é calculado pela FJP com metodologia própria e os resultados são preliminares e, naturalmente, sujeitos a revisão. Os cálculos são sempre revistos com dois ajustes principais: 1) atualização da estrutura de ponderação das atividades econômicas no valor adicionado da economia do Estado; e 2) substituição de projeções ou valores preliminares nas séries de dados primários utilizados no cômputo do PIB trimestral por valores consolidados.

 Os procedimentos de revisão são semelhantes aos adotados pelo IBGE no que diz respeito às Contas Nacionais Trimestrais, e os resultados definitivos são divulgados usualmente com defasagem de dois anos. Em novembro de 2016, a FJP, em parceria com o IBGE, divulgou a retropolação na nova metodologia (referência 2010) em razão de alterações nas Contas Nacionais com impactos nas Contas Regionais (em virtude das novas recomendações internacionais).

 

 

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