Administrador, Economista e Bacharel em Ciências Contábeis. Presidente da ASSEMG-Associação dos Economistas de Minas Gerais. Ex-Presidente do BDMG e ex-Secretário de Planejamento e Coordenação Geral de Minas Gerais; Vice-Presidente da ACMinas – Associação Comercial e Empresarial de Minas e Presidente/Editor Geral de MercadoComum.

No primeiro semestre de 2019 a economia Mineira ficou estagnada e o seu desempenho foi pior do que a brasileira durante o mesmo período.

De acordo com Relatório divulgado pela Fundação João Pinheiro – FJP, o PIB-Produto Interno Bruto de Minas Gerais no 1º semestre de 2019 apresentou variação nula em relação a igual período de 2018. Nesta base de comparação, houve desempenho positivo na Agropecuária (4,0%) e nos Serviços (0,2%). Na Indústria, houve variação negativa (-2,0%). No Brasil, o PIB exibiu variação positiva de 0,7%.

De acordo com a FJP, o PIB do Estado de Minas Gerais apresentou variação negativa de -0,7% na comparação do segundo trimestre de 2019 contra o primeiro trimestre de 2019, levando-se em consideração a série com ajuste sazonal. Na comparação com igual período de 2018, houve queda do PIB de -0,5% no segundo trimestre do ano.

O Produto Interno Bruto de Minas Gerais no primeiro semestre de 2019 totalizou R$ 301,80 bilhões – equivalente a 8,64% do PIB nacional, sendo R$ 264,0 bilhões referentes ao Valor Adicionado a preços básicos e R$ 37,8 bilhões aos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.

A Agropecuária contabilizou o montante de R$ 20,5 bilhões – a Indústria R$ 63,5 bilhões e os Serviços R$ 180,5 bilhões. No Brasil, o PIB do primeiro semestre totalizou R$ 3.493,90 bilhões.
De acordo com a fundação João Pinheiro, foram os seguintes os resultados apresentados:

1. RESULTADOS DO 2º TRIMESTRE DE 2019

a) Taxa trimestre contra trimestre imediatamente anterior (com ajuste sazonal)

O PIB mineiro apresentou variação negativa de -0,7% na comparação do segundo trimestre de 2019 contra o primeiro trimestre de 2019, levando-se em consideração a série com ajuste sazonal. A Indústria foi o setor mais afetado (-1,2%), seguido dos Serviços (-0,4%). A Agropecuária apresentou variação positiva de 5,9%. No Brasil, houve avanço do índice de volume do PIB de 0,4%.

Dentre os subsetores industriais, destaca-se a variação negativa da produção na Extrativa Mineral (-22,2%), embora também mereça registro a variação observada em Energia e Saneamento (-1,3%). Avançaram no trimestre a Construção Civil (2,0%) e a Indústrias de Transformação (0,3%).

Nos Serviços, proporcionaram resultado negativo as atividades de Transportes (-2,4%) e Administração Pública (-1,3%). O grupo de “Outros Serviços” apresentou variação nula. E a atividade de Comércio (1,2%) exibiu crescimento.

b) Taxa trimestral em comparação ao mesmo trimestre do ano anterior

Quando comparado a igual período do ano anterior, o PIB do Estado de Minas Gerais caiu -0,5% no segundo trimestre de 2019. No Brasil, foi observado aumento de 1,0% na mesma base de comparação.
Dentre as atividades que contribuem para a geração do Valor Adicionado, a Agropecuária registrou variação positiva de 3,7% em relação a igual período do ano anterior. Este resultado pode ser explicado, principalmente, pelo desempenho de alguns produtos relevantes da lavoura mineira que possuem safra relevante no segundo trimestre – algodão, cana-de-açúcar, banana, mandioca e a segunda safra do feijão.
A Indústria teve recuo de -4,2%. Resultado do desempenho negativo da indústria Extrativa Mineral (-42,6%), ainda por conta do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e seus desdobramentos, com destaque para a interrupção da produção em outras minas de extração .

Em contrapartida, os três demais subsetores da indústria apresentaram crescimento. A Construção Civil apresentou alta de 2,6% – este foi o quarto crescimento do setor após dezessete trimestres consecutivos de queda, na comparação com igual período do ano anterior. Energia e Saneamento evoluiu 2,5%, favorecido pela recomposição parcial no volume útil hidrológico dos reservatórios estaduais no início de 2019. A Indústria de Transformação cresceu 1,5%. O valor adicionado de Serviços aumentou 0,3%, na comparação com o mesmo período do ano anterior, com destaque para a atividade de Comércio (2,0%). No grupo de “Outros Serviços” houve pequena oscilação positiva (0,1%). A Administração Pública apresentou resultado nulo. Por outro lado, a atividade de Transportes (-3,6%) foi negativamente afetada pela queda da produção na indústria Extrativa Mineral.

c) Taxa acumulada nos últimos quatro trimestres (em relação ao mesmo período do ano anterior)
O PIB mineiro acumulado nos quatro trimestres terminados em junho de 2019 cresceu 0,6% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. O resultado do Valor Adicionado neste tipo de comparação decorreu dos seguintes desempenhos setoriais: Agropecuária (7,1%), Indústria (-0,8%) e Serviços (0,5%). No Brasil, o PIB acumulado nos quatro trimestres elevou 1,0%.
Dentre os subsetores industriais, Energia e Saneamento (2,2%), Construção Civil (1,6%) e Indústria de Transformação (0,6%) apresentaram crescimento. Já a Extrativa Mineral sofreu contração de -12,8%.
Em relação às atividades de Serviços, destaca-se positivamente o Comércio (1,4%). No grupo de “Outros Serviços” não houve variação. E as atividades de Transportes e Administração Pública apresentaram variações negativas de, respectivamente, -1,2% e -0,1%.

2. RESULTADOS DO 1º SEMESTRE DE 2019

a) Taxa acumulada ao longo do ano (em relação ao mesmo período do ano anterior)
O PIB mineiro no 1º semestre de 2019 apresentou variação nula em relação a igual período de 2018. Nesta base de comparação, houve desempenho positivo na Agropecuária (4,0%) e nos Serviços (0,2%). Na Indústria, houve variação negativa (-2,0%). No Brasil, o PIB exibiu variação positiva (0,7%).
Dentre os subsetores industriais, a Extrativa Mineral apresentou forte queda (-29,3 %) no primeiro semestre do ano. Nos demais subsetores houve crescimento: Indústrias de Transformação (1,2%), Construção Civil (2,1%) e Energia e Saneamento (7,3%).

Nos Serviços, houve avanços nas atividades de Comércio (1,2%) e Administração Pública (0,2%). As atividades de Transporte (-2,4%) e o grupo de “Outros Serviços” (-0,3%) recuaram.

PIB e Valor Adicionado: Valores correntes – Minas Gerais e Brasil – 1º trim. 2018 – 2º trim. 2019

Outras considerações sobre o PIB-Produto Interno Bruto de Minas Gerais

O PIB-Produto Interno Bruto de Minas Gerais, considerado o 3º maior entre os estados brasileiros, vem apresentado desempenho medíocre em boa parte do século XXI e, durante estes dezoito anos, em dez deles – (2002, 2003, 2004,2005, 2010, 2016 e 2018 -) é que o estado registra desempenho superior à média verificada em relação ao Brasil. Os números relativos aos anos de 2017 e 2018 ainda estão sujeitos a revisão.

Há uma particularidade nos anos em o crescimento econômico de Minas supera o brasileiro: nesses anos, em sua maioria, registrou-se uma significativa valorização dos preços das commodities e, em especial, do minério de ferro.

De 2001 a 2018, de acordo com dados do IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; do FMI-Fundo Monetário Internacional; da FJP-Fundação João Pinheiro e da MinasPart Desenvolvimento Minas Gerais contabilizou um crescimento médio anual de 2,01% e, portanto, inferior ao brasileiro de 2,32% e distante da média mundial, de 3,80%. No acumulado do período, enquanto a economia brasileira registrou uma expansão de 50,06% e a mundial 95,51% – a mineira cresceu apenas 41,56%.

No período de 2011 a 2018, a taxa de variação do PIB mineiro cresceu a uma média de apenas 0,15% ao ano e 0,96% no acumulado – contra 0,59% e 4,54% do Brasil, respectivamente. O crescimento da economia mundial no mesmo período atingiu uma média anual de 3,63% e acumulou expansão de 33,00%.

A expansão do PIB-Produto Interno Bruto mineiro de 2001 a 2018 (ainda sujeitos de confirmação os resultados dos anos de 2017 e 2018) aponta uma taxa média anual de 2,01%, contra 2,32% em relação ao Brasil e de 3,80% mundial. No acumulado do mesmo período, a economia mineira registra crescimento de 41,56%, a brasileira 50,06% e a mundial 95,51%.

Dados ainda preliminares do IBGE – apontam que a participação relativa de Minas Gerais no PIB nacional em 2018 foi de 8,67%. Assim, naquele ano a Renda Per Capita dos mineiros somou US$ 7.621,73 – equivalentes a 85,37% da nacional.

Em 2018, as estimativas da MinasPart Desenvolvimento projetam o PIB de Minas Gerais totalizando R$ 598,5 bilhões – equivalentes a US$ 161,9 bilhões O valor adicionado da agropecuária foi estimado em R$ 28,1 bilhões – 5,36% do total; o da indústria, em R$ 135,3 bilhões – 25,80% do total; e o dos serviços, em R$ 360,8 bilhões – 68,84%, totalizando R$ 524,3 bilhões de Valor Adicionado Básico em termos nominais.

Dados da Fundação João Pinheiro relativamente ao desempenho do PIB mineiro demonstram, claramente, o processo de desindustrialização que vem ocorrendo em nível estadual: no período de 2002 a 2018 a indústria de transformação estadual cresceu apenas 1,1% no acumulado – cabendo destacar que o PIB total de Minas expandiu 36,6% durante o mesmo período.

Estatísticas também ainda consideradas preliminares apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) gerado na economia de Minas Gerais em 2018 foi 1,2% superior ao de 2017, em termos reais. O resultado, se confirmado, pode ser ligeiramente superior ao crescimento de 1,1% da economia brasileira no mesmo período. Tanto para o estado quanto para o país, os dados indicam que a recuperação iniciada no primeiro trimestre de 2017 perdeu fôlego ao longo do ano passado, ameaçando retroceder, estagnar ou apresentar crescimento lento ainda em 2019.

Os dados, conforme já explicitados, são preliminares e foram apresentados no estudo Indicadores FJPPIB Trimestral de Minas Gerais – 4º Trimestre/2018 , publicado pela Fundação João Pinheiro (FJP) no dia 28 de março, no site da instituição. Os dados definitivos só serão conhecidos em novembro de 2020 quando o IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgar o relatório intitulado Contas Regionais – que compõe o Relatório das Contas Nacionais*.

Durante o governo Antonio Anastasia/Alberto Pinto Coelho (2011 a 2014) a economia mineira contabilizou expansão média anual de 1,4% e acumulada de 5,7% – enquanto a brasileira experimentou crescimento médio anual de 2,4% e acumulado de 9,7%, respectivamente.

            No governo de Fernando Pimentel (2015 a 2018), o desempenho médio anual do PIB mineiro apresentou-se preliminarmente negativo em 1,1% e, no acumulado do período, registra retração de -4,4% – enquanto a economia brasileira contabiliza declínio médio anual 1,2% e resultado acumulado de -4,7%. O último dado considerado oficial sobre o PIB estadual – o que é elaborado pelo IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística refere-se ao ano de 2016 e foi divulgado em novembro passado. Portanto, os números relativos aos dois últimos anos do mandato de Fernando Pimentel não são definitivos e estão sujeitos a alteração, esperando uma nova divulgação, relativamente aos macroindicadores econômicos de 2017, em novembro deste ano.

No período de 2011 a 2018, a taxa de variação do PIB mineiro cresceu a uma média de apenas 0,15% ao ano e 0,96% no acumulado – contra 0,59% e 4,54% do Brasil, respectivamente. O crescimento da economia mundial no mesmo período atingiu uma média anual de 3,63% e acumulou expansão de 33,00%.

MINAS GERAIS CAI PARA O 3º LUGAR NAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS E MANTÉM A LIDERANÇA NO SALDO COMERCIAL

A corrente de comércio exterior (exportações + importações) de Minas Gerais representou 7,9% do total nacional e atingiu, em 2018, o montante de US$ 33,04 bilhões – praticamente quase o mesmo valor do ano anterior (US$ 32,70 bilhões). O saldo foi positivo em US$ 14,89 bilhões – o que permitiu a Minas manter-se na liderança nacional – porém, muito próxima do Pará, com US$ 14,43 bilhões.

Estima-se que a corrente de comércio exterior mineira tenha significado 19,9% do PIB estadual – bem inferior à média brasileira em relação ao PIB nacional, de 22,2% em 2018.  Para os padrões internacionais o Brasil é considerado um dos países mais fechados do mundo e, assim, Minas não foge à regra, sendo mais fechado ainda, o que pouco colabora para a sua expansão econômica e desenvolvimento.

De outro lado, as exportações mineiras são pouco diversificadas e concentradas em commodities – o que impede ao Estado obter receita tributária sobre as mesmas, em função da não-incidência de impostos nem o ressarcimento decorrente dessa isenção, como consequência da Lei Kandir. Esta é uma questão crucial que precisa ser bem entendida pelos governantes estaduais.

As exportações mineiras representaram 10% do total nacional e totalizaram US$ 23,97 bilhões – registrando uma queda de 5,45% e, com esse resultado, o Estado perdeu a vice-liderança no ranking nacional para o Rio de Janeiro. Em relação às importações houve uma expansão de 23,58% e as mesmas totalizaram US$ 9,07 bilhões e representaram 5% do total nacional.

Relativamente às exportações, as vendas ao exterior mantiveram-se concentradas em commodities minerais e agrícolas. Os principais produtos exportados foram minério de ferro, café, ferroligas, soja, celulose, açúcar de cana de açúcar, ouro e carne bovina e representaram cerca de 70% do total. A redução das exportações mineiras em 2018 foi motivada pelo fraco desempenho do minério de ferro e do café. Ambos produtos são os mais importantes da pauta da exportação estadual e, juntos, equivalem a 43% do total.

As exportações de minério de ferro em 2018 somaram US$ 7,29 bilhões – contabilizando uma retração de 16% em relação ao ano anterior. As exportações de café totalizaram US$ 3,21 bilhões – queda de 6,6%.

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