*Por Stefan Salej

Cada um dos nossos últimos presidentes ao qual o mundo brindou com uma situação de crise nos deu as respostas acima, cujos resultados foram mais para desastre do que para solução. Ou seja, todos eles reagiram como caranguejos.  Não  conseguiram  entender nem a dimensão do país e nem da crise que tinham que administrar, e assim em cada crise ficamos um pouco mais para trás. Ou seja, uma das características até então era que, além de ter que administrar uma crise exógena, os nossos dirigentes adicionavam, além da incapacidade de gestão, elementos jabuticabas que pioravam a situação.

O que distingue a crise de covid-19  das outras é que temos uma crise de saúde pública. E com toda a desgraça que esta área representa no Brasil, a reação está sendo a mais profissional de todas as áreas do governo. Esta gestão, até este momento, ou seja antes de uma epidemia, uma onda maior, tem conseguido manter a calma e seriedade e oferecer à população soluções confiáveis. Esperamos que assim seja também durante o pico da crise que está sendo anunciada, porque  afinal das contas nem zica, nem dengue, nem TBC, nem saneamento e água limpa e mais outros assuntos foram resolvidos.

Eleitores elegem governo para governar e esperam que, especialmente, na hora da crise, dirijam o país. Agora, se o mundo inteiro e todo mundo diz que tem crise, e os nossos dirigentes falam em fantasia e agem assim, estamos vivendo uma distonia grave. E não apreendemos nada com recentes  eventos. Ou seja, em que se distingue este governo, que não veio com um elenco de medidas fora da área de saúde, dos governos anteriores, se todos agem do mesmo jeito nas crises: desdém, ignorância,  desprezo pela população.

Que o posto Ipiranga, neste momento, tenha como único plano, aproveitando-se de uma crise humanitária, chantagear o Congresso Nacional, exigindo as reformas que nem foram apresentadas pelo próprio governo, é mais do que um crime intelectual, é um crime de verdade porque, as consequências tanto em vidas humanas como empregos, destruição de tecido social e econômico serão maiores do que sequer se imagina. O fato é que o governo, neste momento, não tem receita para a crise que esta se desenrolando. E não é questão de recursos, já que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deu um lucro extraordinário e tem reservas de mais de R$ 100 bilhões para investir.

A conclusão a que se chega de uma forma triste é que não falta conhecimento técnico, falta mesmo é a responsabilidade política ou alguém esta esperando que a situação piore tanto que pode melhorar mais para alguns. Ou seja estão criando “war profiteers”, abutres que estão esperando a carniça ficar pronta.

Nesta história também fica a pergunta: por que esse tipo de discussão não foi levada ao Palácio do Planalto pelos lideres empresariais. Justiça seja feita, do lado presidencial não faltam contatos, mas será que falta diálogo? Os empresários têm uma agenda de sugestões só para melhorar as empresas deles ou para melhorar o país, evitar o desastre que se vislumbra e melhorar as empresas?  Nisto também cabe perguntar o que o Sistema S está fazendo para que a crise de saúde seja a menor possível. Ninguém ouviu o atual ocupante do cargo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) falar disso, e nem os outros colegas dele. É como se vivessem na Ilha da fantasia, na Flórida. Que chato, e agora tem que voltar para o Brasil.

*Empresário, ex-presidente da FIEMG – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais

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