Augusto Schmoisman
Augusto Schmoisman
Augusto Schmoisman

Estamos gerando mais informações do que nunca, mas o conhecimento só tem utilidade se você refletir sobre ele. O que vemos hoje é que a imensa velocidade com que as inovações científicas e tecnológicas acontecem pode exceder a capacidade do ser humano e das nossas estruturas sociais de assimilar e se adaptar a elas. Os seres humanos vêm se adequando gradualmente às mudanças, é verdade, mas também é fato que muitos não conseguem acompanhar toda essa aceleração.

Isso acontece porque as pessoas estão acostumadas a um crescimento linear. Toda a vida, antes da tecnologia, era possível medir um pouco o futuro com base no seu passado, na sua experiência. Mas, atualmente, estamos vivendo um crescimento exponencial, que acontece tão rapidamente que parece se tornar matematicamente “incontrolável” e um futuro imprevisível.

Essa mudança exponencial está fazendo com que o mundo comece a funcionar de forma diferente em muitas áreas ao mesmo tempo e isso está acontecendo mais rápido do que fomos capazes de nos remodelar. Falo de nós mesmos, nossos líderes, nossas instituições, sociedades e nossas escolhas éticas. Órgãos legislativos e conselhos municipais estão lutando para se manter modernizados, as empresas de tecnologia estão impacientes com padrões desatualizados e as pessoas inseguras. E quando a velocidade da mudança é tão rápida, a única maneira de manter a capacidade de trabalhar é se dedicando aos estudos para se atualizar por toda a vida.

Isso acontece porque nossas estruturas sociais não conseguem acompanhar a rapidez das transformações, parece que tentamos, constantemente, recuperar o tempo perdido. O que estamos vivenciando são ciclos de inovação mais curtos e que possibilitam cada vez menos tempo para aprender e se adaptar. A inovação consiste em etapas de experimentação, aprendizagem, aplicação de conhecimento e avaliação do sucesso ou fracasso. Quando o resultado é o fracasso, esse é apenas um dos motivos para reiniciar o ciclo.

Para exemplificar, assim como um microchip da Intel com a lei Moore de 1971 em comparação com o processador Intel de 6ª geração de 2017. A diferença na evolução entre os dois é 3.500 vezes maior desempenho, 90.000 vezes mais eficiente em termos de energia e custo 60.000 vezes mais barato. Se quiséssemos trazer essa mesma evolução exponencial com os carros, que cresceram em evolução linear, para um Volkswagen 1971, os números seriam uma velocidade de 480.000 km por hora, eles consumiriam 4 litros a cada 3.200.000 km e o carro custaria 3 centavos. Os mesmos engenheiros da Intel estimaram que, se a milhagem do gás tivesse melhorado exponencialmente, de acordo com a lei de Moore, você só abasteceria o carro uma vez na vida. Dá para entender a dimensão da mudança?

A principal diferença é que, na mudança linear, o passado é um bom “previsor” do que acontecerá no futuro. Quando você duplica algo por 50 anos, é possível ver números realmente grandes e, eventualmente, começa a enxergar resultados que nunca imaginou antes. Isso afirma que, estamos apenas percorrendo a segunda parte do caminho, onde a duplicação é tão grande e rápida que começamos a ver coisas que são fundamentalmente diferentes em potência e capacidade.

Muito do nosso sucesso e satisfação futura depende da compreensão, mesmo de uma forma não técnica, da dinâmica das mudanças científicas e tecnológicas que estão ocorrendo hoje para tomar as decisões que moldam o nosso amanhã. É importante entender o presente para poder imaginar o que virá. Mas, estar ciente que essa compreensão é só o começo. Devemos desenvolver nossas habilidades, conhecimento e atitudes frente às mudanças.

*Especialista em defesa cibernética corporativa, militar, aeroespacial e CEO da Citadel Brasil

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