Crescimento econômico só traz felicidade se acompanhar propósito social
Crescimento econômico só traz felicidade se acompanhar propósito social
Crescimento econômico só traz felicidade se acompanhar propósito social

Juan Jensen*

Dinheiro traz felicidade? Essa é uma das perguntas que perpassa a teoria econômica em todo o mundo. Promover o desenvolvimento da economia de forma que as pessoas fiquem com a sensação de satisfação e bem-estar é um dos objetivos de governos, de algumas empresas e da sociedade civil. A questão é que produzir cidadãos felizes não é tão simples assim – e tampouco depende exclusivamente do crescimento econômico.

O bom andamento da economia é apenas um dos fatores que influenciam nossos sentimentos. Ter bastante dinheiro pode até facilitar várias coisas em nossas vidas, mas está claro que mesmo endinheirados podem se sentir tristes. O desenvolvimento econômico só traz felicidade, de fato, quando acompanhado de propósitos e valores sociais. Em suma: a satisfação pessoal depende da capacidade de transformar esse dinheiro em medidas que estimulam a liberdade e a percepção de avanço em cada um de nós.

A economia, claro, é parte integrante dessa engrenagem em que todas as peças precisam funcionar. O estudo World Happiness Report, elaborado pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da ONU, corrobora essa reflexão. O levantamento para determinar a felicidade de uma nação inclui fatores como PIB per capita e percepção da corrupção (inerentes ao desenvolvimento econômico), mas também questões mais subjetivas, como liberdade para fazer escolhas, generosidade, expectativa de vida e assistência social (aqui entendida como disponibilidade de rede de apoio).

Fosse o dinheiro a métrica mais importante, países bem mais desenvolvidos economicamente estariam nas primeiras posições. Mas o último estudo, realizado em 2022, mostra que Alemanha e Estados Unidos, por exemplo, ocupam a 14ª e 16ª posições. Parece bom, mas Islândia e Luxemburgo, que não possuem a mesma dimensão, estão em terceiro e em sexto no ranking.

Mas a economia, ou melhor, a percepção e distribuição de riquezas influencia a interpretação das pessoas sobre a própria felicidade. É uma lógica até simples: quando a situação é positiva, tendemos a olhar para o melhor cenário como algo a ser atingido em breve. O cenário brasileiro no World Happiness Report é um indicativo disso. Na última edição, o país esteve na 38ª colocação com 6,293 de média na avaliação. Mas em 2015, quando ainda se iniciava uma grave crise econômica, ocupávamos a 16ª colocação com 6,983.

O que os dados do principal estudo global sobre felicidade mostram é que o desenvolvimento econômico tem o poder de impactar positivamente a forma como as pessoas enxergam a vida e o que está no entorno. Mas ele, sozinho, não tem o poder de fazer uma pessoa feliz – ou pelo menos se sentir satisfeita consigo mesma. Pelo contrário, pode até agravar quadros mais graves de tristeza.

Isso ocorre porque a economia, na prática, é a transformação de recursos naturais e do esforço humano em bens e serviços que visam atender, vejam só, às próprias demandas. Em outras palavras: dedicamos muito tempo e energia para criar e produzir coisas cuja única finalidade é nos servir – e isso custa tempo de vida que dinheiro nenhum poderá comprar de volta. Quem nunca sentiu que se dedicou mais ao trabalho e perdeu situações preciosas com a família e/ou os amigos?

As gerações mais jovens já perceberam isso e entenderam que produtividade, vejam só, não depende apenas de sua capacidade produtiva, mas do bem-estar que sentem ao trabalhar naquilo que acreditam.

É neste ponto que o crescimento econômico vai ao encontro do propósito ou, para usar uma linguagem corporativa, da missão e dos valores que a organização pretende passar. A busca por indicadores econômicos positivos precisa estar atrelada a ações que permitam aos cidadãos aproveitarem a assistência social, ampliarem boas práticas de saúde e despertarem a generosidade em suas rotinas.

Quando se fala de um país, essas medidas recebem o nome de políticas públicas. Nas empresas, são processos. Em ambas, o crescimento da Economia deve ser utilizado como um meio para se chegar ao objetivo (a felicidade plena) e não o fim em si próprio, como se a grande quantidade de dinheiro no bolso pudesse resolver todos os problemas. É apenas um tópico que oferece os recursos necessários para que tais iniciativas possam ocorrer tranquilamente e sem problemas.

A busca pela felicidade é um importante indicador de avaliação de um país, estado, cidade ou região. Não à toa, em 2010 houve até movimentação no Congresso Federal para tentar incluir o tema na Constituição Federal. Afinal, pessoas felizes significam cidadãos satisfeitos com a atuação do poder público e da iniciativa privada – e dispostos a retribuir esse bem estar em suas próprias relações sociais.

**Juan Jensen, chairman da 4intelligence, startup especializada em soluções que apoiam a tomada de decisão por meio da análise de dados – e-mail: [email protected]

A 4intelligence é uma plataforma de advanced analytics, que nasceu com o propósito de tornar a construção de modelos preditivos uma tarefa ágil, tanto para cientistas de dados como analistas de negócio, para que todos consigam tomar decisões mais rápido, em larga escala e precisão.

A 4i também é associada a I2AI (International Association of Artificial Intelligence), maior associação de inteligência artificial do Brasil. Além disso, a companhia já recebeu 120 prêmios, entre eles pelo Banco Central, Secretaria da Economia, Agência Estado e Consensus Economics. Também concorreu com grandes financeiros do setor, como Bradesco, JP Morgan, Barclays, Santander, entre outras consultorias gigantes.

(Os artigos não expressam, necessariamente, a opinião desta publicação)

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