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Por: Fernando Soares Rodrigues

 

O crescente déficit nas contas públicas é o novo foco das preocupações dos investidores nesta virada de 2013 para 2014, diante de sua repercussão na rentabilidade dos ativos de renda fixa e variável. As dificuldades são grandes para o governo conter os gastos diante da precipitação da campanha eleitoral que vai requerer mais investimentos em infraestrutura e obras sociais do que as realizadas nos últimos meses. A solução então no primeiro momento é clássica: manter ou elevar o endividamento via colocação de títulos públicos, e depois tentar o inadmissível pela sociedade, a elevação da carga fiscal já exorbitante. Conter os gastos públicos certamente ficará para depois dos resultados das urnas como ocorreu nas últimas décadas.

Essa estratégia, denunciada neste final de 2013 por economistas e tributaristas notáveis, participantes do mercado e empresários pressiona a inflação já elevada em padrões internacionais de quase 6% no acumulado dos últimos doze meses e que ameaça ficar próxima desse percentual em 2014, conforme a pesquisa do Banco Central (BC) divulgada no primeiro boletim Focus de novembro passado. A expectativa em torno da realização da Copa Mundial de Futebol no Brasil compete com a grande preocupação com as ocorrências de manifestações públicas “absolutamente pacíficas” que são seguidas das depredações incontidas dos vândalos.

 

Êxitos do governo

O governo Dilma Rousseff comemora o mérito de ter impedido o descontrole da inflação por meio da política monetária, a escalada da valorização do dólar frente ao real e a previsão de crescimento anual de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Após os sucessivos reajustes nos últimos meses, os analistas estimam que a taxa Selic (juros básicos da economia) termine dezembro no patamar de 10% ao ano e que possa atingir 10,25% ao final de 2014. Esse percentual baliza a rentabilidade dos ativos financeiros e dos juros dos empréstimos.

 

Sob controle

Graças ao sucesso da venda de dólares no mercado futuro pelo governo brasileiro e ao adiamento pelos EUA da suspensão da compra mensal de US$ 85 bilhões em títulos públicos, o dólar terminou outubro com a cotação média de R$ 2,2026 correspondente à alta discreta acumulada no ano, de 7,81% depois de chegar a acumular 22% no acumulado de 12 meses. Os analistas estimam a cotação do dólar em R$ 2,25 para o término de dezembro de 2013 e em R$ 2,40 para o fim de 2014. Mesmo assim, muitos analistas aconselham a compra de dólares através dos cartões internacionais de débito para os turistas com viagem marcada para o exterior.

A moeda americana está sujeita a grandes oscilações diárias, o que requer acompanhamento de seu valor para se fazer qualquer transação. A aplicação de recursos no dólar por meio dos fundos cambial é uma operação de risco no médio prazo diante da estratégia do governo brasileiro de conter a sua escalada e da manutenção do volume da compra de títulos pelo governo americano até o início de 2014, para estimular a economia dos EUA. É preciso considerar que qualquer previsão sobre as oscilações do câmbio pode se tornar inválida de uma hora para outra. Não existem “entendidos” muito confiáveis no médio e longo prazo e nem previsões matemáticas seguras sobre a matéria.

O ouro negociado como ativo financeiro na BM&F/Bovespa terminou outubro passado no patamar de R$ 95,00 o grama correspondente à desvalorização de 13,2% no acumulado do ano, e sem perspectiva de alta diante do fraco desempenho do metal em Nova York, onde registrava desvalorização maior de 20,9% no mesmo período. O valor do metal pode reagir de uma hora para outra no exterior e influenciar a cotação no país.

O fraco desempenho da balança comercial (exportações menos importações) situa-se em plano inferior no rol das preocupações do governo e dos analistas, mesmo diante do crescente déficit anual nas contas correntes (todo o movimento com o exterior) superior a US$ 70 bilhões que será coberto com o ingresso de investimentos estrangeiros e empréstimos no mercado internacional. Importações de petróleo e combustíveis e os gastos previstos de quase US$ 20 bilhões este ano pelos brasileiros no exterior dificultam o alcance do superávit comercial pelo país.

 

Em observação

O cenário econômico torna menos previsível o desempenho do mercado acionário brasileiro que foi abalado nas últimas semanas pela forte queda no lucro da Petrobras, expectativa desfavorável quanto ao pagamento elevado de tributos pela Vale e a derrocada do valor das empresas X de Eike Batista, liderada pela OGX. A Petrobras pretende colocar seus resultados nos eixos com a promessa da adoção de uma política realista de recomposição dos preços dos combustíveis. A medida foi aplaudida pelo mercado. No entanto, o governo sempre tenta adiar essa recomposição para não pressionar a inflação. É preciso então acompanhar a sua implementação.

O valor de mercado das seis empresas de capital aberto do grupo de Eike Batista, que atingiu R$ 98 bilhões em 4 de novembro de 2010, recuou para R$ 6,6 bilhões no final de outubro passado. O preço da OGX estava prestes a “virar pó” no final de outubro, segundo o jargão do mercado. O pior que é que os acionistas minoritários mais desavisados são os grandes perdedores. Os grandes bancos comerciais e o estatal BNDES tentam recuperar os prejuízos, depois de ajudarem o “ex-quase” futuro maior rico do mundo a captar recursos através de empresas que vendiam exclusivamente expectativas de sucesso no então moderno capitalismo brasileiro.

Revistas de economia internacional como a Forbes e The Economist, que não mediram palavras para exaltar as expectativas de sucesso do Brasil diante do exemplo de Eike Batista, agora publicam artigos excessivamente pessimistas sobre o desempenho da economia nacional. Muitos acham que elas foram excessivamente otimistas, e agora erram na ponta contrária. Atuam na mesma linha da competência virtual do ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Alan Greenspan, que foi incapaz de antever o estouro da bolha imobiliária dos EUA e da agência internacional de rating que elevou a classificação de risco do Lehman Brothers na véspera da declaração da insolvência do tradicional banco americano.

O quadro constante de incertezas na economia e o fraco desempenho do índice Bovespa que terminou outubro com queda de 10,9% não significa que o investidor não possa ganhar dinheiro no mercado brasileiro (pelo menos acima dos 10% ao ano brutos da taxa Selic). Os resultados dos principais bancos e de empresas abertas de diversos setores foram bons no terceiro trimestre. Com o acompanhamento constante do mercado e o aconselhamento de analistas é possível aplicar em ações com potencial de alta.

No acumulado do ano até outubro passado, algumas ações que integram o Ibovespa ou fora deste principal índice da bolsa brasileira registraram altas expressivas: GPC Part ON, 212,5; Kepler Weber ON, 135%; Braskem PNA, 54%; Cielo ON, 48% e Kroton ON, 46%.

 

Atenção ao fisco

Ao aplicar na renda fixa, o investidor deve ficar atento a todos os fatores que eliminam alguns percentuais na taxa bruta dos ativos financeiros. Muitas publicações ainda comparam os percentuais de rentabilidade bruta dos fundos de investimentos financeiros – DI (os que acompanham a alta dos juros) e renda fixa, CDBs (Certificados de Depósitos Bancários), títulos públicos etc, com a rentabilidade líquida das cadernetas de poupança, que foi de 0,59% em outubro e deve terminar o ano acima de 6% líquidos.

Fundos de investimentos com taxas de administração superiores a 1% e em prazo inferior a um ano dificilmente conseguem vencer a rentabilidade das cadernetas. Além da tributação regressiva do Imposto de Renda – de 22,5% em seis meses a 15% em dois anos – os fundos estão sujeitos de seis em seis meses à tributação denominada “come cotas”, caso eles vençam a inflação ou não no período.

Os CDBs só pagam a taxa cheia ou 100% dos CDIs (Certificados de Depósitos Interfinanceiros) nas aplicações mais elevadas, de R$ 200 mil a R$ 500 mil conforme o banco. O percentual bruto dos CDIs fica próximo da taxa Selic. Os pequenos investidores nos CDBs – quantias inferiores a R$ 50 mil – ficam sujeitos a percentuais menores dos CDIs que após a dedução do IR ficam próximas das cadernetas de poupança.

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