Carlos Alberto Teixeira de Oliveira

Carlos Alberto Teixeira de Oliveira

Carlos Alberto Teixeira de Oliveira*

COMBINAÇÕES EXPLOSIVAS

JK: “Estão aplicando remédios adequados à velhice para resolver problemas de puberdade”
O Brasil deverá chegar, em 2023, com um PIB – Produto Interno Bruto em dólares norte-americanos correntes 14% abaixo do que foi atingido em 2010. A Renda Per Capita dos brasileiros, em dólares norte-americanos correntes, também deverá alcançar, em 2023, praticamente os mesmos níveis correspondentes aos do ano de 2008. Ou seja, a economia brasileira vem crescendo, de fato, a um ritmo de rabo de cavalo, para trás e para baixo. Adicione-se a isso, o desemprego próximo de dois dígitos e uma inflação ainda elevada que piora expressivamente a vida dos seus cidadãos, principalmente aqueles de menor renda.

De acordo com dados da última pesquisa PNAD Contínua do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística há no mercado de trabalho do país, atualmente, nada menos que 39,2 milhões de pessoas vivendo na informalidade. Para efeito de comparação, esse resultado significa duas vezes a população do Chile (19 milhões e quase a população da vizinha Argentina (45 milhões).

BRASIL – RAIO X DA INFORMALIDADE
Trimestre encerrado em junho de 2022
Número de trabalhadores acima de 14 anos sem emprego fixo
– Trabalhadores por conta própria (sem CNPJ)…………………19,2 milhões
– Empregados no setor privado sem carteira assinada…….. 13,0 milhões
– Empregados domésticos sem carteira assinada……………. 4,3 milhões
– Trabalhadores Familiares – Auxiliares………………………….. 1,7 milhão
– Empregados sem registro CNPJ …………………………………. 0,8 milhão
Fonte: IBGE

Trata-se de uma combinação explosiva e, à estagflação vigente, ainda não são verificadas propostas capazes de revertê-la de forma permanente. Aliás, hoje no País pouco se discute economia, quase sempre ficando o debate restrito às questões meramente de tesouraria e conjunturais – também politizadas e ideologizadas.

BRASIL – PIB – Produto Interno Bruto Per Capita – 2000/2021 –
Em US$ correntes
Data  US$
2000 3.773,51
2001 3.175,57
2002 2.846,52
2003 3.095,96
2004 3.660,29
2005 4.822,03
2006 5.918,54
2007 7.388,97
2008 8.864,17
2009 8.667,31
2010 11.338,41
2011 13.298,23
2012 12.422,41
2013 12.342,02
2014 12.169,72
2015 8.827,43
2016 8.774,44
2017 9.976,49
2018 9.190,69
2019 8.911,85
2020 6.838,06
2021 7.541,96
2022 8.888,81*
Fonte: Banco Central – Depec
*Projeção – Crescimento de 1,51% – Elaboração: MinasPart Desenvolvimento

 

BRASIL – PIB – Produto Interno Bruto – 2000/2022 –
Em US$ milhões correntes

Ano   US$  (milhões)
2000 655.707,37
2001 559.562,59
2002 508.101,18
2003 559.465,40
2004 669.339,54
2005 892.033,25
2006 1.107.131,33
2007 1.396.797,40
2008 1.693.147,00
2009 1.672.624,76
2010 2.209.750,92
2011 2.614.482,35
2012 2.463.548,92
2013 2.468.456,41
2014 2.454.846,01
2015 1.796.167,58
2016 1.800.134,38
2017 2.063.184,62
2018 1.916.212,79
2019 1.872.799,65
2020 1.447.998,21
2021 1.608.832,34
2022* 1.908.849,32
Fonte: BCB-Depec
*Projeção – Crescimento de 2,1% – Elaboração: MinasPart Desenvolvimento

Segundo o IpeaData, a Agropecuária que já chegou a representar 25,81% do total da economia brasileira em 1952 alcançou, em 2021, uma participação de 8,09% na formação do PIB- Produto Interno Bruto brasileiro. Desde que iniciou a série histórica em 1947, o menor nível ocorreu em 2010, quando atingiu 4,84%.

BRASIL – PARTICIPAÇÃO DA AGROPECUÁRIA NO PIB PRODUTO INTERNO BRUTO – 1947/2021 – Em %

BRASIL - PARTICIPAÇÃO DA AGROPECUÁRIA NO PIB PRODUTO INTERNO BRUTO - 1947/2021 – Em %

Relativamente à Indústria Total, que já chegou a ter uma participação de 47,97% em 1985, o setor teve, em 2021, uma participação de 22,15% do PIB. Esta significativa perda tem a sua justificativa: a Indústria de Transformação, que já chegou a representar 34,66% do PIB (maior índice da série histórica iniciada em 1947) viu a sua participação reduzir-se para menos de 1/3, alcançado tão-somente 11,33% em 2021 – resultado este considerado o segundo pior desempenho da série histórica.

BRASIL – PARTICIPAÇÃO DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO NO PIB PRODUTO INTERNO BRUTO – 1947/2021 – Em %

BRASIL - PARTICIPAÇÃO DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO NO PIB PRODUTO INTERNO BRUTO - 1947/2021 – Em %

Já o Setor de Serviços contribuiu, em 2021, com 69,75% da formação do PIB brasileiro – inferior ao recorde obtido em 2017, de 73,54%.

Entende-se que a contribuição mais efetiva e precípua dos setores agrícola e industrial ao progresso do Estado e do País e ao bem-estar da população é a produção, a custos decrescentes, de produtos de melhor qualidade. Nesta assertiva, produtividade e inovação tecnológica são palavras-chave.

Cabe destacar que o mercado interno, de um lado, pode beneficiar-se da exposição da economia ao exterior e da adoção da competitividade internacional como paradigma de referência e, com isso, absorver a melhoria de qualidade, o desenvolvimento de novos produtos e a redução dos curtos de produção. Ressalte-se, neste ponto, que a busca de eficiência, da eficácia e do aumento de produtividade potencializam as possibilidades de renda do País.

De outro, a expansão do mercado interno criaria e manteria escalas viáveis de produção, aumentando-se a competitividade internacional e ampliando a atratividade do País aos investimentos estrangeiros.

O fator de produção Trabalho, dadas as novas condições tecnológicas que tendem a se acentuar no futuro, assume o primeiro plano na composição dos recursos produtivos.

A satisfação das necessidades sociais básicas – educação, saúde, saneamento, entre outras – é condição indispensável à qualificação do trabalho exigida pelos novos ambientes tecnológicos. Mais do que nunca, os chamados investimentos sociais devem também ser considerados em sua perspectiva econômica.

O debate econômico não pode mais continuar restrito apenas às questões meramente conjunturais e urge despolitizar e desideologizar os seus principais temas diante da imperiosa necessidade de se reconciliar com o crescimento econômico vigoroso, contínuo, consistente e sustentável, buscando a transformação do País em Nação Desenvolvida, próspera e justa – elegendo-os como a Meta Número 1 e prioridade absoluta de toda a agenda governamental.

Economia brasileira: País registra um dos piores desempenhos da sua história

Economia brasileira: País registra um dos piores desempenhos da sua história

De acordo como Relatório Focus do Banco Central de 22 de agosto último, a expectativa do mercado financeiro é que a economia brasileira poderá registrar um crescimento de 2,02% neste ano. Caso a projeção venha a se confirmar, durante os quatro anos do governo Jair Bolsonaro o país poderá contabilizar uma expansão acumulada do PIB – Produto Interno Bruto de 3,84% – resultado significativamente inferior à previsão de expansão da economia mundial do período, – de 9,20%, segundo o FMI – Fundo Monetário Internacional. Cabe salientar que a população brasileira crescerá 2,66% no mesmo período, o que significa afirmar que a Renda Per Capita dos brasileiros será elevada em apenas 1,15% nestes quatro últimos anos.

A previsão do PIB mundial do FMI para este ano é de 0,80 ponto percentual maior do que o número divulgado em abril último, mas a estimativa para 2023 é 0,3 ponto percentual menor do que a anterior – levando-se em conta que a instituição acredita que no próximo ano os impactos econômicos da guerra da Ucrânia serão mais sentidos na economia mundial. O Relatório avalia, de outro lado, que os vários choques globais afetarão negativamente a economia dos países em desenvolvimento neste ano e no próximo.

Para o FMI – Fundo Monetário Internacional, em conformidade com o documento intitulado “World Economic Outlook Update”, divulgado no dia 26 de julho, a economia mundial deverá apresentar uma expansão de 3,20% em 2022 e 2,90% em 2023.

As projeções do FMI para a economia brasileira em 2022 são para um crescimento do PIB brasileiro de 1,70% em 2022 e 1,10% em 2023 – contrastando com os números apresentados pelo Relatório Focus do Banco Central, de 22 de agosto último, com projeções de 2,02% e 0,39% para 2022 e 2023, respectivamente.

RELATÓRIO FOCUS DO BANCO CENTRAL
22.08.2022

RELATÓRIO FOCUS DO BANCO CENTRAL

EVOLUÇÃO DO PIB – PRODUTO INTERNO BRUTO
MUNDIAL X BRASIL-
GOVERNO BOLSONARO – 2019/2022 – Em %
Ano                MUNDO      BRASIL       DIFERENÇA em p.p.(Brasil – Mundo)
2019               2,87          1,22               -1,65
2020              -3,06          -3,88              -0,82
2021               6,11            4,62              -1,49
2022*             3,20            2,02              -1,18
Média             2,28            1,00              -1,28
Tx. Acumul.   9,20             3,84               5,36
Em vermelho significa variação inferior à média mundial
*Projeções: Mundo (FMI); Brasil (Focus)
Fonte: Mundo/FMI – Brasil IBGE – Elaboração MinasPart Desenvolvimento

Raquitismo Econômico
Levando-se em conta dez anos seguidos e já considerando as projeções do FMI para a economia global nos anos de 2022 e 2023 e, também utilizando-se os dados do Relatório Focus do Banco Central, o desempenho da economia brasileira poderá ser considerado um dos piores da história econômica do país– indicando um crescimento acumulado no período de 2014 a 2023 de apenas 0,79% – contra uma expansão de 33,52% da economia global. Ou seja, o país cresce, literalmente, como autêntico rabo de cavalo: sempre para trás e para baixo!

EVOLUÇÃO DO PIB – PRODUTO INTERNO BRUTO
MUNDIAL X BRASIL- 2014 a 2023 –
Variação Anual Efetiva e Projetada – Em %
Ano                MUNDO         BRASIL         DIFERENÇA em p.p.(Brasil – Mundo)
2014              3,52                0,50               -3,02
2015              3,42                -3,55              -6,97
2016               3,25               -3,28              -6,53
2017               3,75                1,32              -2,43
2018               3,61                1,78              -1,83
2019               2,87                1,22              -1,65
2020              -3,06               -3,88             -0,82
2021               6,11                 4,62             -1,49
2022*             3,20                 2,02             -1,18
2023*             2,90                 0,39             -2,51
Média Anual  2,96                 0,11             -2,85
Tx. Acumul.   33,52               0,79             -32,73
Em vermelho significa variação inferior à média mundial
*Projeções: Mundo/FMI – Brasil/Relatório Focus Banco Central
Fonte:/FMI –World Economic Outlook – July 2022 e Relatório Focus do Banco Central
– Elaboração MinasPart Desenvolvimento

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*Administrador, Economista e Bacharel em Ciências Contábeis. Presidente da ASSEMG-Associação dos Economistas de Minas Gerais.  Ex-Presidente do BDMG-Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais e ex-Secretário de Planejamento e Coordenação Geral do Governo de Minas Gerais; Ex-Presidente do IBEF Nacional – Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças e da ABDE-Associação Brasileira de Desenvolvimento; Coordenador Geral do Fórum JK de Desenvolvimento Econômico: Autor de vários livros, como a coletânea intitulada Juscelino Kubitschek: Profeta do Desenvolvimento. Presidente da MinasPart Desenvolvimento Empresarial e Econômico, Ltda. Vice-Presidente da ACMinas – Associação Comercial e Empresarial de Minas. Presidente/Editor Geral de MercadoComum.

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