Clima Econômico da América Latina melhora no primeiro trimestre, mas Brasil caminha no sentido contrário
Clima Econômico da América Latina melhora no primeiro trimestre, mas Brasil caminha no sentido contrário
Clima Econômico da América Latina melhora no primeiro trimestre, mas Brasil caminha no sentido contrário

Indicador de Clima Econômico (ICE) subiu entre o 4º trimestre de 2022 e o 1º trimestre de 2023, com avanços em seis dos 10 principais países pesquisados. O Brasil caminhou no sentido contrário, com uma queda adicional do ICE puxada pelo Indicador da Situação Atual.

O Indicador de Clima Econômico (ICE) da América Latina subiu 6,9 pontos entre o 4º trimestre de 2022 e o 1º trimestre de 2023. Ainda que se mantenha baixo em termos históricos, o indicador atinge 73,4 pontos, o maior nível desde o 4º trimestre de 2021. O ICE tem se mantido na zona desfavorável do ciclo econômico desde o 3º trimestre de 2013, com algumas exceções – 4º trimestre de 2017, 1º trimestre de 2018 e 3º trimestre de 2021. Observa-se, porém, que em todos esses trimestres o indicador não se afastou muito do nível neutro de 100 pontos.

Os dois indicadores que compõem o ICE subiram no trimestre. O Indicador da Situação Atual (ISA) avançou 9,8 pontos e o Indicador de Expectativas (IE), 4,0 pontos. Nos dois casos, os indicadores permanecem na zona desfavorável: o ISA em 76,8 pontos, e o IE em 70,1 pontos. Assim como no 4º trimestre de 2022, o resultado do ISA superou o do IE, mas a diferença se ampliou para 6,7 pontos, a mais alta desde o 2º trimestre de 2012, quando havia sido de 15 pontos. Mas, ao contrário do que se observa hoje, naquela ocasião ambos os indicadores estavam na zona favorável do ciclo (em 116,4 e 101,4 pontos, respectivamente).

Os resultados do 1º trimestre de 2023 foram comparados aos do mesmo período dos anos 2020, 2021 e 2022. O ISA da América Latina em 2023 supera o dos três anos, como mostra o Quadro 1 do press release. Já o IE, que vinha em zona favorável em 2020 e 2021, hoje se encontra bem abaixo destes dois anos, e 18 pontos abaixo de 2022. O ICE registrou piora em relação aos resultados de 2020 e 2021 e melhora em relação a 2022.
Chama atenção nessa comparação, a deterioração das expectativas em relação aos primeiros trimestres dos anos anteriores e a melhora do Indicador da Situação Atual. Mesmo em períodos agudos da pandemia, a expectativa era favorável, como no início de 2021, o IE registrou 143,6 pontos. Quanto à melhora na situação atual, o resultado reflete a retomada do crescimento econômico na região em relação ao período recessivo da pandemia.
Clima econômico: Resultados dos países

Paraguai lidera a melhora do clima econômico da região. Entre o 4º trimestre de 2022 e o 1º trimestre de 2023, o país registrou aumento de 47,6 pontos no ICE influenciado principalmente pelo aumento de 83,3 pontos no ISA e 3,6 pontos no IE. Em 2022, o país sofreu uma forte seca e perdeu exportações para a Rússia em decorrência da Guerra na Ucrânia, o que ajuda a explicar a melhora nos indicadores.

O segundo destaque é o Peru, que apesar das turbulências políticas com a saída do Presidente eleito, tem mostrado um grau de resiliência positiva em termos políticos, segundo os respondentes. Outros países com melhoras do clima econômico foram o México, Equador, Argentina e Chile. Observa-se que, à exceção do Chile, que manteve o patamar do IE do 4º trimestre de 2022, todos os países que registraram avanço do ICE, também o fizeram em relação ao ISA e ao IE.

Brasil está no grupo que registrou queda nos três indicadores no 1º trimestre de 2023. O ICE recuou 11,0 pontos e foi para 73,5 pontos. O ISA caiu 21,7 pontos atingindo 70,6 pontos, enquanto o IE teve redução de menor magnitude: — 0,4 ponto para 76,5 pontos. Diferente do resultado agregado para a América Latina, o nível do IE supera o do ISA em 5,9 pontos. O cenário para o Brasil descrito pela Sondagem é de uma estabilidade nas expectativas e de uma piora acentuada (acima de 20 pontos) na avaliação da situação atual.
Acompanham o Brasil na queda do ICE, Uruguai, Colômbia e Bolívia. Algumas diferenças são destacadas. No Brasil, todos os três indicadores estão na zona desfavorável. Uruguai e Colômbia, porém apresentam avaliação da situação atual favorável.
Previsões para o crescimento do PIB em 2023

As previsões dos especialistas foram realizadas para o crescimento do PIB em 2023 feitas no 4º trimestre de 2022 e no 1º trimestre de 2023. Nesta sondagem, o crescimento para 2023 foi revisto para cima no Paraguai, México e Argentina. Destaca-se o Paraguai, onde a projeção do PIB passou de 3,9% para 4,6%, a maior taxa de crescimento na região. No México, a variação do PIB aumentou de 1,4% para 1,7% e na Argentina, de 1,1% para 1,2%.
Em todos os outros países, a nova previsão reduziu a taxa de crescimento, sendo a maior diferença para o Chile, que passou de uma queda esperada de 0,7% para 1,8%. Em seguida está a Colômbia, com revisão de 1,6% para 1,0%. As diferenças percentuais para o restante dos países foram de apenas 0,1 ponto percentual (Bolívia), 0,2 ponto (Peru, Uruguai, Equador) e 0,3 ponto (Brasil). No Brasil a projeção passou de 1,4% para 1,1%.
As projeções mostram um desempenho pouco favorável, com a maior incidência de taxas de crescimento abaixo de 3%, o que preocupa para uma região em desenvolvimento e com limitações na infraestrutura física e nos indicadores de desenvolvimento social. No agregado da América Latina, dadas as pequenas variações nas projeções, a taxa de crescimento do PIB passou de 1,5% para 1,4%.

No conjunto dos países analisados, 61,3% responderam que revisaram as projeções e 62,6% que a revisão foi de redução no crescimento. No caso do Brasil, 50% dos entrevistados responderam que mudaram a previsão.

No Brasil, novas medidas de estímulo (57,1%), seguido de melhor ambiente político (28,6%) e com igual percentual (14,3%) estão os itens — diminuição de medidas relativas à mobilidade, melhoras das condições macroeconômicas internas e melhora das condições macroeconômicas externas.

Na Argentina, 50% destacaram a melhora do ambiente político e 50%, outras medidas, onde os informantes especificaram despesas públicas relacionadas às eleições. Outro caso em que o percentual de outras é elevado é o da Colômbia (100%), que está relacionado ao aumento das exportações para a Venezuela, a partir da normalização das relações comerciais entre os países. No Paraguai, foram as condições climáticas, que como já mencionamos foram fonte de perdas em 2022.

Para a América Latina, o maior percentual se refere à melhoria do ambiente político (48,4%), seguido das condições macroeconômicas internacionais (37,5%). O resultado da melhora do ambiente político foi influenciado pelo México (100% dos especialistas assinalaram esse item para revisarem para cima a projeção do PIB do país) e o Peru (100%).

No caso do Brasil, todos os informantes (100%) destacaram: piora nas condições macroeconômicas internas, nas condições macroeconômicas internacionais, no ambiente político e na situação fiscal. Não se identifica tal unanimidade de respostas em outros países.
No item outros, com percentuais elevados destaca-se na Argentina as eleições em 2023 como um dos fatores negativos para o desempenho do PIB; no Paraguai, um crescimento abaixo do esperado do setor agrícola.

Para a América Latina, os principais itens assinalados (acima de 50%) para explicarem a revisão para baixo no crescimento do PIB foram: piora das condições internacionais (74,7%), do ambiente político (66,5%), nas condições macroeconômicas internas (58%) e na situação fiscal (55,2%).

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